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‘A família está surpresa e arrasada’, lamenta pai de Mauro Cid sobre nova prisão preventiva

22 de março, 2024 / Por: Agência O Globo

Ao Globo, general Lourena Cid afirmou desconhecer detalhes sobre áudio em que filho critica o STF e a PF

‘A família está surpresa e arrasada’, lamenta pai de Mauro Cid sobre nova prisão preventiva
General Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid — Foto: Reprodução/ YouTube

O general da reserva do Exército Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, afirmou desconhecer detalhes do áudio em que o filho fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e à Polícia Federal. Após depor à Corte nesta sexta-feira, ele teve nova prisão preventiva decretada por descumprir as medidas cautelares imposta pelo magistrado e obstrução de justiça.

— A família está surpresa e arrasada com tudo isso, porque sabemos como foi difícil o período em que ele esteve preso — lamentou o general, em entrevista ao GLOBO, ao lado da mulher.

O casal mora no Rio e deverá vir ra Brasília nos próximos dias a fim de prestar apoio à nora e às netas. Após a prisão de Cid, nesta manhã, o imóvel delas, no Setor Militar, foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Entre os itens, celulares e computadores foram levados pela PF.

Antes de ser preso, Cid prestou depoimento ao desembargador Airton Vieira, que trabalha no gabinete de Moraes por cerca de 30 minutos. Em seguida, foi encaminhado ao Instituto Nacional de Criminalística (INC) da Polícia Federal.

Cid foi chamado à Corte após a divulgação de áudios, pela revista Veja, em que critica a forma como a PF e Moraes conduziram os seus depoimentos. Nas mensagens, Mauro Cid diz que foi pressionado a falar sobre fatos que não teriam acontecido ou dos quais ele não teria conhecimento. A PF avalia rescindir a delação, como mostrou a colunista Bela Megale.

Em nota, a defesa de Cid afirmou que as gravações “parecem ser clandestinas” e que as falas foram feitas em um contexto de “desabafo”, no qual “relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional” que o tenente-coronel está vivendo.

Investigado nos inquéritos que apuram suspeitas de tentativa de golpe de Estado, falsificação de carteira de vacinação e desvio de joias do acervo presidencial, Cid passou quatro meses preso preventivamente em 2023 antes de optar pela delação.

Quando Moraes revogou a prisão preventiva de Cid, em setembro do ano passado, as medidas cautelares impostas foram:

  • • Uso de tornozeleira eletrônica e proibição de ausentar-se da Comarca , de sair de casa à noite e nos finais de semana
  • • Proibição de comunicar-se com os demais investigados, com exceção de Gabriela Cid (esposa), Beatriz Cid (filha) e Mauro Lourena Cid (pai)
  • • Afastamento do exercício das funções de seu cargo de oficial no Exército
  • • Obrigação de apresentar-se semanalmente perante ao Juízo da Execução da Comarca de origem
  • • Proibição de ausentar-se do país e cancelamento de todos os passaportes emitidos em nome do investigado
  • • Suspensão imediata de porte de arma de fogo bem como de realizar atividades de colecionador, tiro desportivo e caça
  • • Proibição de utilização de redes sociais



BS20240322191610.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2024/03/22/a-familia-esta-surpresa-e-arrasada-lamenta-pai-de-mauro-cid-sobre-nova-prisao-preventiva.ghtml

Cid passou mal e foi atendido por socorristas do STF após saber de nova prisão preventiva

O tenente-coronel Mauro Cid passou mal nesta sexta-feira ao saber que seria preso novamente. A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes foi informada a ele no momento em que prestava depoimento ao juiz auxiliar do gabinete de Moraes.

Ele foi intimado a prestar esclarecimentos após vir à tona áudios em que ele criticava o ministro do STF e a Polícia Federal na condução de inquéritos contra ele.

Socorristas do Supremo foram acionados para acudi-lo na sala de audiencia. O militar se restabeleceu e acabou saindo do Supremo direto para o Instituto Nacional de Criminalística (INC), na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, de onde deve ser encaminhado para o batalhão do Exército onde ficará preso.

Na garagem da Corte, ele demonstrou irritação com a presença de fotógrafos que registravam o momento. Ele estava acompanhando do seu advogado Cezar Bitencourt.


BS20240322194449.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2024/03/22/cid-passou-mal-e-foi-atendido-por-socorristas-do-stf-apos-saber-de-nova-prisao-preventiva.ghtml

Joias, tentativa de golpe de Estado e vacina: entenda o que Cid revelou nos inquéritos que miram Bolsonaro

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro voltou a ser preso após revelação de áudio com críticas a Moraes e à PF

“Se eu não colaborar, vou pegar trinta, quarenta anos. Porque eu estou em vacina, eu estou em joia…”. A frase de Mauro Cid, presente no áudio revelado pela revista “Veja” com críticas ao ministro do STF Alexandre de Moraes e à Polícia Federal revela também o tamanho dos problemas legais em que o ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro está inserido e sobre os quais falou na sua delação premiada. Nos depoimentos prestados aos investigadores, Cid falou sobre a falsificação de certificados de vacinação para sua família e para o ex-presidente, sua atuação na venda de presentes de Estado recebidos no mandato de Bolsonaro e, principalmente, sobre a trama em torno da possibilidade de um golpe militar que impedisse a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Vacinas

De todos os seus relatos, o mais avançado judicialmente é o da fraude no sistema de controle de vacinação. Na última semana, Mauro Cid, Jair Bolsonaro e mais 15 pessoas foram indiciadas pelo episódio. O relatório final da Polícia Federal é permeado por depoimentos em que Cid incrimina diretamente o ex-presidente.

Em um dos pontos do relatório, os investigadores citam que Cid afirmou que Bolsonaro ordenou que o então ajudante de ordens inserisse os dados dele e de sua filha, Laura Bolsonaro, no sistema. O documento inclui trechos do depoimento.

“Que o presidente, após saber que o colaborador (Mauro Cid) possuía os cartões de vacina para si e sua família, solicitou que o colaborador fizesse para ele também; que o ex-presidente deu a ordem para fazer os cartões dele e da sua filha, Laura Bolsonaro; que o colaborador solicitou a Ailton que fizesse os cartões; que o colaborador confirma que pediu os cartões do ex-presidente e sua filha Laura Bolsonaro sob determinação do ex-presidente Jair Bolsonaro e que imprimiu os certificados”, destacou a Polícia Federal.

Cid também implicou outro ex-assessor de Bolsonaro, o coronel Marcelo Câmara, no episódio. Em seu depoimento na delação prestada à Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens revelou que, ao saber das inserções falsas, Câmara teria rasgado os certificados e solicitado que Cid desfizesse a fraude.

Tentativa de golpe

O trecho mais explosivo da delação de Mauro Cid, entretanto, dá conta da trama de auxiliares do ex-presidente para impedir a transição pacífica de poder para o atual governo. Os relatos feitos por Cid já foram corroborados por evidências documentais, como áudios e documentos encontrados pela Polícia Federal em seu celular e computador, e também por outros depoimentos, como o dos ex-comandantes do Exército, o general Freire Gomes, e da Aeronáutica, o brigadeiro Baptista Júnior.

O ponto principal da delação de Cid é a exposição das reuniões de Jair Bolsonaro com auxiliares e com os chefes das Forças Armadas na tentativa de formular um decreto com a determinação de um estado de sítio e, em algumas de suas versões, até mesmo a prisão de ministros do STF. O GLOBO revelou em outubro de 2023 que Cid contou à PF que Bolsonaro recebeu de Filipe Martins, ex-assessor da Presidência, uma minuta de um decreto golpista com diversas páginas elencando supostas interferências do Poder Judiciário no Executivo e propondo medidas antidemocráticas.

Cid contou aos investigadores que Jair Bolsonaro se reuniu com a cúpula das Forças Armadas e ministros militares e discutiu detalhes dessas minutas. O ex-ajudante de ordens ainda relatou aos policiais que o comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, teria sido o único a aprovar a medida e colocar seus oficiais à disposição. Segundo Cid, Freire Gomes e Baptista Júnior teriam rechaçado a ideia. Apesar dos áudios vazados de Mauro Cid, o relato feito na sua delação foi confirmado pelos depoimentos dos dois ex-comandantes.

Cid ainda confirmou no seu acordo que o presidente Jair Bolsonaro se encontrou com o hacker Walter Delgatti. O militar contou ainda nas tratativas como funcionava a operação do chamado gabinete do ódio, grupo de assessores de Bolsonaro acusado de criar e operacionalizar milícias digitais para espalhar narrativas falsas que favoreciam o presidente.

Caso das joias

Considerado o estopim para a decisão de Mauro Cid fechar um acordo de colaboração premiada, o caso das joias também conta com vasto acervo probatório por parte da Polícia Federal. A PF identificou que Cid viajou e vendeu alguns itens recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro de chefes de estado estrangeiros durante o seu mandato. Dados do celular de Cid confirmam o trajeto e coincidem com a venda dos objetos nos Estados Unidos.

De acordo com os investigadores, Cid vendeu dois relógios recebidos por Bolsonaro em um shopping da Pensilvânia: um Rolex e um Patek Philippe, por mais de R$ 300 mil. Mensagens enviadas por Cid também revelam que ele enviou o endereço da loja para Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro, em março deste ano, período em que os auxiliares do presidente atuavam para reaver os relógios.

A delação de Cid sobre esse tema gira em torno do conhecimento do presidente Jair Bolsonaro sobre o tema. A defesa do militar deu informações desencontradas sobre o tema, inicialmente apontando que ele teria entregue o dinheiro da venda do Rolex para o presidente Jair Bolsonaro e, posteriormente, afirmando que Cid teria assumido o crime, sem envolver o ex-presidente.

O avanço dessa investigação, entretanto, depende também de cooperação internacional. Em novembro deste ano, a Polícia Federal recebeu do FBI uma troca de e-mails de Cid com uma das lojas nos Estados Unidos. Segundo a colunista do GLOBO, Bela Megale, Cid informou à loja que desejaria recomprar o item com dinheiro em espécie. No e-mail, Cid afirma à loja que a pessoa que faria a compra seria o advogado Frederick Wassef. Segundo a jornalista, em sua delação, Cid disse que a venda ilegal aconteceu por determinação de Bolsonaro, que se queixou de gastos com a Justiça, multas, a mudança do Palácio do Planalto e o transprote de seu acervo.


BS20240322194400.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2024/03/22/joias-tentativa-de-golpe-de-estado-e-vacina-entenda-o-que-cid-revelou-nos-inqueritos-que-miram-bolsonaro.ghtml



Agência O Globo –
politica
PF avalia que eventual rescisão de delação de Cid não impacta investigações

Fri Mar 22 2024 19:58:40 GMT-0300
22/03/2024
17:00:04

Investigadores da Polícia Federal avaliam que uma eventual rescisão do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, não resultaria em prejuízo às apurações em cursos. A avaliação dos agentes é que boa parte das apurações se sustenta no material apreendido nos computadores e celulares de Cid e não propriamente no que ele relatou.

O tenente-coronel foi preso novamente nesta sexta-feira por ter descumprido medidas cautelares e por obstrução à Justiça. A validade do acordo ainda está sob análise.

Após firmar o acordo, em setembro do ano passado, Cid colaborou em diferentes investigações em curso, como a que apura suspeitas de tentativa de golpe de Estado, de fraudes em cartões de vacinação e de desvio de joias da Presidência da República.

Quando Cid fechou a delação, em setembro, os inquéritos que tratavam da fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro e da venda de joias do acervo presidencial no exterior já estavam em estágio bem avançado de apuração. Em sua colaboração, Cid contribuiu em especial na investigação sobre o suposto roteire do golpe para manter o ex-presidente no Bolsonaro no cargo que ocupava à época.

Neste caso, no entanto, foi corroborado pelos depoimentos dos ex-comandantes do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Baptista Júnior, que falaram na condição de testemunhas. O general era o superior de Cid na Força e participou efetivamente das reuniões que trataram sobre a minuta golpista.

O mandado de prisão preventiva foi expedido nesta sexta-feira, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao fim de audiência na qual o ex-ajudante de ordens confirmou os termos da delação. A validade do acordo ainda está sob análise.

Cid foi chamado à Corte após a divulgação de áudios, pela revista Veja, em quais critica a forma como a PF e Moraes conduziram os seus depoimentos. Nas mensagens, Mauro Cid diz que foi pressionado a falar sobre fatos que não teriam acontecido ou dos quais ele não teria conhecimento. A PF avalia rescindir a delação, como mostrou a colunista Bela Megale.



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