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Adeus, Paulinho!

11 de março, 2024 / Por: Pelágio Gondin

Brasília perdeu um filho talentoso e querido: o jornalista Paulo Pestana

Adeus, Paulinho!
Paulo Pestana foi um dos responsáveis pelas campanhas de Ibaneis Rocha - FOTO: TONY OLIVEIRA/AGÊNCIA BRASÍLIA

Especial para o Brasília Agora

Brasília acordou triste. Muito triste. Perdeu nesta madrugada um brasiliense de coração, super talentoso, querido e admirado: o jornalista Paulo Pestana. Aos 65 anos, Paulinho partiu deixando esposa, dois filhos, dois netos e uma legião de amigos, companheiros e admiradores. Entre eles, o governador Ibaneis Rocha, e o secretário de Comunicação, Weligton Moraes.

Paulinho morava em Brasília desde 1973. Aqui começou uma carreira de sucesso. Passou por redações de grandes veículos de comunicação, como o Estado de São Paulo, TV Globo, Jornal do Brasil e Correio Braziliense, onde foi repórter, editor do Caderno de Cultura, crítico de música e cronista.

A última crônica de Paulinho no Correio Braziliense foi publicada no dia 8 de março, com o título “Passará ou passarinho”? Nela, ele relata um hobby do também jornalista Bartolomeu Rodrigues, ex-secretário de Cultura: “Bartô sempre gostou de desenhar passarinho”. E conta como Bartô conseguiu, com muito carinho e dedicação, recuperar uma rolinha debilitada. Assim, contando casos do cotidiano, Paulinho mostrava a vida de Brasília muito além da Esplanada dos Ministérios.

Bartô ainda não havia lido a crônica quando soube que o governador Ibaneis havia mandado confeccionar uma placa em homenagem a Paulo Pestana. A placa seria colocada na redação da Agência Brasília de Notícias, que funciona no térreo do Palácio do Buriti. Ao saber da placa, Bartô sugeriu uma homenagem do tamanho da importância de Paulinho para Brasília e para a cultura brasiliense. Ibaneis concordou e determinou: a Sala Funarte passará a ser denominada Centro Cultural Paulo Pestana.

Além de se dedicar às crônicas, Paulinho também era um marqueteiro de mão cheia. Fazia dupla com Weligton “Baiano” Moraes, estrategista de Comunicação e marketing político-eleitoral. A dupla Baiano-Paulinho esteve à frente das campanhas que elegeram os governadores Joaquim Roriz (três mandatos), José Roberto Arruda e próprio Ibaneis.

A eleição e a reeleição de Ibaneis marcaram a carreira de Paulinho na política brasiliense. Foi ele quem topou o desafio de transformar um ilustre, porém, desconhecido advogado em governador do DF. Junto com Baiano, Paulinho fez Ibaneis decolar, chegar ao segundo turno e vencer as eleições de 2018. Em 2022, repetiu a dose. Dessa vez, Ibaneis conquistou mais de 50% dos votos, entrando para a história como o primeiro governador do DF a ser reeleito ainda no primeiro turno. Ibaneis também ficou chocado com a morte repentina de Paulinho, um conselheiro constante e fiel desde o primeiro mandato. “Uma perda muito grande”, desabafou o governador. “Um excelente articulador, profissional excepcional. Perco um dos meus principais mentores políticos”.

“Perdi um grande amigo. Era um profissional genial, profundamente comprometido com o Distrito Federal, com o destino de uma cidade com a qual se identificava. Deixa uma saudade difícil de preencher. Somos todos eternamente gratos a Paulo Pestana”, disse Ibaneis Rocha. Os elogios são sinceros e verdadeiros. Paulinho se estabeleceu no Palácio no Buriti como um elo entre as diversas correntes políticas do Governo Ibaneis.

A própria vice-governadora Celina Leão também recorria ao talento de Paulinho para tomar decisões e se mexer no tabuleiro político. Na campanha de reeleição de Ibaneis, Celina só gravava para o programa eleitoral se tivesse a orientação de Paulinho. Ele também dirigiu a vice-governadora nas últimas propagandas dos Progressistas veiculadas na televisão. Celina não escondia que queria tê-lo à frente da campanha dela ao Palácio do Buriti em 2026.

Outros candidatos fora de Brasília também queriam Paulo Pestana como marqueteiro-mor. Paulinho, inclusive, recebeu convites para trabalhar nas próximas eleições municipais em outubro. Mas ele preferiu descarta-los. Confidenciava aos amigos que não mais faria campanhas eleitorais. Dizia que estava cansado. Animado, revelava que seu plano era, ao final do Governo Ibaneis, viver no litoral do Rio Grande do Norte. Mais precisamente em São Miguel do Gostoso, onde estava construindo o que seria seu futuro lar. Sonho abatido pelo mosquito da dengue.

Paulinho, na última sexta- feira, avisou ao amigo Baiano que havia sido picado pelo Aedes aegypt. Queixou-se de dores por todo o corpo, pernas inchadas, sem conseguia andar. No sábado, relutou ir a um hospital porque aguardava os netos que chegariam da Alemanha. No domingo, quando o quadro piorou, Paulinho foi levado para o Hospital Santa Helena. Faleceu na madrugada desta segunda-feira sem ver os netos. O corpo será velado amanhã, a partir das 10 horas, na Capela 1 do Campo da Esperança.

No próximo dia 23, Paulinho faria 66 anos. Os amigos vão se reunir num bar no Lago Norte como fazem há anos. Se alguém os vir descontraídos, conversando alegremente, não estranhe. É assim, com alegria, que Paulo Pestana será sempre lembrado.