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6 de outubro, 2023

DIA DO NORDESTINO 8 de Outubro é o Dia do Nordestino. Povo forte que enfrenta a morte, mas não foge à luta. Uma nação com […]

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A Casa do Cantador, em Ceilândia, é referência em forró e outras manifestações da rica cultura nordestina Foto ArquivoAgência Brasília

DIA DO NORDESTINO

8 de Outubro é o Dia do Nordestino. Povo forte que enfrenta a morte, mas não foge à luta. Uma nação com nove estados, 1.794 municípios e 55 milhões de habitantes. Brasília tem uma dívida eterna com os nordestinos. Em março de 1958, 12.320 nordestinos estavam entre os 28 mil candangos que chegaram para construir a futura capital do Brasil. Hoje, mais de 480 mil nordestinos vivem no Distrito Federal. A maioria veio da Bahia, Maranhão, Piauí e Ceará. A maioria mora em Ceilândia, a cidade mais nordestina de todo o Centro-Oeste.

Orgulho de ser Nordeste

Hoje, Brasília hospeda, mais uma vez, um presidente nordestino: o pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva. E é de família nordestina o primeiro governador reeleito do DF: o brasiliense Ibaneis Rocha, filho de piauienses. Personalidades que, assim como milhares de cidadãos comuns, sofrem discriminação por terem suas raízes no Nordeste. Mas não há preconceito que abale a força desses brasileiros do sertão e da caatinga. Porque não se turva a lágrima nordestina. Afinal, o Nordeste é Brasil. E Brasília tem orgulho de ser também nordestina.

Capital Nordestina

Este domingo é dia beber da fonte nordestina. Endereço: Ceilândia. A cidade é a Capital da Cultura Nordestina no DF, título instituído pela Lei nº 6.474, de 31 de dezembro de 2019. Projeto do então deputado distrital Agaciel Maia, paraibano; lei sancionada pelo carioca Paco Britto, à época governador em exercício. Para provar temperos e sabores nordestinos basta ir à Feira Central de Ceilândia. Para conhecer a rica cultura do Nordeste é só entrar na Casa do Cantador, o Palácio da Poesia e da Literatura de Cordel inaugurado em 9 de novembro de 1986 pelo governador José Aparecido, mineiro nomeado pelo presidente José Sarney, maranhense. Seja lá qual for a origem, os brasilienses merecem comemorar o Dia do Nordestino.

 

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A PRAÇA DOS 3 PODERES

A Praça dos 3 Poderes, ícone da arquitetura de Brasília e símbolo da democracia brasileira, está mais detonada do que campo de guerra. Horrorosas grades de metal desfiguram a obra de Oscar Niemeyer. Buracos proliferam onde havia pedras portuguesas. Crostas de sujeira agridem a beleza das esculturas Os Candangos, A Justiça e a Cabeça de JK no Museu da Cidade. Todos patrimônios tombados assim como a Praça dos 3 Poderes. Degradação que avança há mais de uma década, atravessando governos.

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Culpa do motorista

A desfiguração começou em 30 de maio de 1989, quando um motorista bêbado invadiu o Palácio do Planalto com um ônibus, atingindo uma das colunas do prédio. Para proteger o monumento, o Palácio ganhou espelho d´água. Foi a primeira intervenção no complexo arquitetônico da Praça.

 

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Dilma a Lula

Em junho de 2013, no Governo Dilma Rousseff, grades foram instaladas na Praça para proteger as sedes dos Poderes. As grandes foram mantidas pelo presidente Michel Temer e reforçadas por Jair Bolsonaro. A proteção não conseguiu conter a turba do 8 de Janeiro que invadiu a Praça dos 3 Poderes. O presidente Lula, após assumir, mandou retirar as grandes em frente ao Palácio do Planalto. Mas elas continuam cercando o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e a própria Praça.

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Inércia do Iphan

O presidente do Iphan, Leandro Grass, mesmo tendo a missão de proteger e preservar o patrimônio tombado, não tem força política para remover as grades. Nem dispõe de recursos para restaurar a Praça. Para consolo dos moradores e visitantes, a Secretaria de Turismo está concluindo a reforma da Casa de Chá, que será mantida como Centro de Atendimento ao Turista (CAT). Nada mais além disso. Só resta lembrar que, um dia, a Praça dos 3 Poderes foi do povo.

 

Armando Guerra
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