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CULTURA

Aula de Samba no Pé é na escola 31 vezes campeã do Carnaval do DF

24 de março, 2023

Aprenda a sambar na Aruc, com a professora Beatriz Alexia. As aulas acontecem todas as quartas-feiras, das 19h30 às 21h KÁTIA SLEIDE A expectativa e […]

Aula de Samba no Pé é na escola 31 vezes campeã do Carnaval do DF
As aulas de samba no pé são ministradas pela professora e coordenadadora de passistas da Aruc, Beatriz Alexia, na sede da agremiação, no Cruzeiro Velho - foto: divulgação

Aprenda a sambar na Aruc, com a professora Beatriz Alexia. As aulas acontecem todas as quartas-feiras, das 19h30 às 21h

KÁTIA SLEIDE

A expectativa e os preparativos para os desfiles das escolas de samba do Distrito Federal, que serão realizados nas festividades do aniversário de Brasília, estão movimentando os barracões das agremiações carnavalescas do Distrito Federal.

Após nove anos sem ocorrer os desfiles oficiais das escolas de samba do Distrito Federal – o último foi em 2014, o qual sagrou a Acadêmicos da Asa Norte campeã do Carnaval –, agora, a euforia toma conta e as atividades, que antes estavam limitadas a eventos em cada comunidade, agora se voltam para o desfile, em abril.

Na Associação Recreativa e Cultura Unidos do Cruzeiro (Aruc), os preparativos de fantasias, carros alegóricos e os ensaios – às quintas-feiras e aos domingos – estão a mil.

Com a volta da grande festa carnavalesca oficial, a Aruc busca seu 32º título. Com esse foco, componentes, membros da diretoria e comunidade trabalham para preparar alegorias, fantasias e outros detalhes que envolvem um desfile oficial.

Os critérios são bem rígidos na avaliação de quesitos técnicos, como bateria, samba-enredo, evolução, harmonia, enredo, alegorias e adereços, fantasias, comissão de frente e Mestre-Sala e Porta-Bandeira.

Para fazer bonito na avenida também não pode faltar samba no pé. E, se depender da diretoria da agremiação e da coordenadora de passistas e professora de dança, Beatriz Alexia, mais conhecida por Bia Alexia, independentemente se vai ou não desfilar, é possível estar “em dia” com os passos do samba.

VEM SAMBAR!

Para isso, na sede da Aruc, no Cruzeiro Velho, a professora de dança Bia Alexia ministra, todas as quartas-feiras, das 19h30 às 21h, aulas de samba no pé para adultos. A taxa de contribuição é de R$ 60 mensais. Futuramente, novos horários serão implantados para crianças também.

E qualquer pessoa pode aprender a sambar, explica a professora. Ela chama a atenção das mulheres que amam a folia, mas que se sentem acanhadas em participar. “O principal objetivo do carnaval é divertir e emocionar, então se permita! O carnaval é uma festa nossa, uma manifestação do povo e a nossa diversidade é o que nos faz únicos”, destaca a coordenadora de passistas da Aruc.

A ação é endossada pelo presidente da Aruc, Rafael Fernandes. “Como Escola de Samba, a Aruc tem o compromisso de formar os artistas que compõem o grande espetáculo que é um desfile na avenida. E o trabalho de Bia com as aulas de dança é uma das mais importantes iniciativas em nossa quadra. Além de agregar novos componentes, ela dá a oportunidade a muita gente que tem a vontade, mas precisava desta atenção em aprender a sambar. Somos muito gratos pela dedicação que Bia tem dado à Aruc desde que chegou”, enfatiza o presidente. Está esperando o quê para aprender a sambar? É só chegar e evoluir a cada aula, para fazer bonito em qualquer avenida da vida.

A Aruc “é o espaço que acolheu a mim e aos meus projetos. Construí grandes amizades e parcerias”
BIA ALEXIA

Beatriz Alexia: 14 anos de atuação no cenário do samba

A professora de dança que está na cena do samba cerca de 14 anos, também está se especializando em outras modalidades. “Venho estudando com o samba de gafieira, samba no pé e, recentemente, comecei a estudar um pouco mais sobre o jongo”, conta a sambista.

Nascida em Brasília, Bia Alexia, 31 anos, participa das atividades da Aruc desde 2021, mas, desde o ano passado, vem colaborando na coordenação da ala de passistas.

Para ela, a Aruc é “um local que representa realmente a palavra comunidade”. Bia considera a Aruc sua segunda casa. “É o espaço que acolheu a mim e aos meus projetos, permitindo um fortalecimento grande para movimentar e trazer novas pessoas para a cena do samba no pé. Além disso, construí grandes amizades e parcerias”, comenta Bia.

FERRAMENTA SOCIAL

A professora destaca a importância de usar o samba como ferramenta social. “O samba é nosso, é cultura, tem história e raízes ancestrais. Compartilhar conhecimento e realizar movimentos para as comunidades participarem ativamente de uma escola de samba, estudando e trabalhando em prol da cultura, abrimos portas e colocamos em cena o samba, o carnaval, a cultura que é um dos maiores transformadores sociais”, afirma a professora de dança.

E no Mês da Mulher, Bia aproveita para mandar uma mensagem a todas elas: “O samba, além de toda conexão com a ancestralidade, essência e cultura, é um instrumento de socialização, empoderamento, melhora a autoestima, libera nossos hormônios e, quando estamos em ambiente de fortalecimento, é quase que automático o efeito de empoderamento coletivo. Então vivam, façam e sejam quem vocês quiserem ser”, aconselha a professora.

Bagagem recheada de grandes experiências, dentro e fora do Brasil

Com a modalidade Samba no Pé, Bia Alexia iniciou sua carreira fora do Brasil, em uma temporada de shows realizados na Itália, em 2017, onde teve sua primeira escola. “Lá na Itália, aprendi desde os cuidados com minha fantasia, reformar e fazer novos modelos. Também aprendi a ter disciplina com os estudos, cuidados com o corpo e convivência em família, afinal, eu trabalhava com as pessoas que moravam comigo”, conta.
De volta ao Brasil, ainda em 2017, Bia desejava continuar se atualizando sobre o samba e carnaval. “Quando retornei a Brasília, já quis procurar uma escola de samba para continuar meus estudos. Aqui, conheci a Águia Imperial de Ceilândia, onde o mestre Wagner me acolheu e esteve por horas comigo me ensinando sobre ser passista”.

Beatriz Alexia – Foto: divulgação

Novas experiências

Nos anos de 2019 e 2020, Bia Alexia experimentou novas rotas. “Nesses anos, fiz novamente uma temporada fora do Brasil para trabalhar nos palcos da Turquia e do Egito onde também vivi a correria do show brasileiro”.

Em meados de 2020, devido à pandemia, ela voltou ao Brasil, deu uma pausa na dança e apostou em novas experiências, estudando com grandes profissionais do Rio e São Paulo, em módulo virtual, “aprimorando os conhecimentos e voltando a sentir a magia do samba novamente”.

Como a pandemia foi amenizando, Bia foi compartilhando suas experiências e aprendizados em Brasília. Atualmente, ela ministra aulas em algumas escolas de dança de Brasília, dá aulas particulares em grupo ou individual, é convidada para participar de intensivos/workshops e, na escola de samba Aruc, além das aulas, desenvolve um trabalho mais voltado para o cultural, social e coletivo.

“Quero continuar contribuindo para o fortalecimento do movimento e para a cena do Samba em Brasília – e quero poder contribuir ainda mais, porque sei onde o samba me levou, onde ainda pode me levar e quero poder mostrar outros caminhos para a maior quantidade de pessoas possíveis”, finaliza a professora e coordenadora da ala de passistas da Aruc.