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Cavaleiro paraibano está na long list dos Jogos Olímpicos de Paris no Hipismo

23 de janeiro, 2024

Vitor Dantas Medeiros de Carvalho é campeão paulista e sexto melhor cavaleiro do Brasil no Brasileiro de Sênior Campeão paulista e sexto melhor cavaleiro do […]

Cavaleiro paraibano está na long list dos Jogos Olímpicos de Paris no Hipismo
Cavaleiro Vitor Dantas Medeiros de Carvalho está na long list dos Jogos Olímpicos de Paris no Hipismo — Foto: Divulgação

Vitor Dantas Medeiros de Carvalho é campeão paulista e sexto melhor cavaleiro do Brasil no Brasileiro de Sênior

Campeão paulista e sexto melhor cavaleiro do Brasil no Brasileiro de Sênior Top, o paraibano Vitor Dantas Medeiros de Carvalho teve classificações em GPs internacionais a 1,60m e terminou o ano de 2023 na Long List (pré- lista) para representar o país no hipismo nos Jogos Olímpicos de Paris, em julho.

“Conversei com o Pedro Paulo Lacerda, diretor de salto da CBH. Todos atletas precisam de pelo menos três classificações em internacionais qualificativos para Olímpiada para atingir o ‘MER’. Eu já tenho duas classificações, então preciso de mais uma. Estamos depositando todas as fichas no Internacional World Cup de Curitiba para atingir o “MER”. Aí terei todos os requisitos para uma eventual convocação, o primeiro seria estar na Long List, e o segundo é o MER (Índice Olímpico)”, celebra Vitor.

Hoje, o cavaleiro tem um espaço no km 32 da Rodovia Castelo Branco para formação de cavalo e atletas e foi o único atleta que treina na Sociedade Hípica Paulista a participar do Circuito Sênior Top 1,60m em 2023.

“O ano 2023 foi realmente especial não só para mim mas para todos nossos atletas. Hoje são mais de 40 cavalos na responsabilidade da minha equipe. Agradeço sempre a eles por serem animais tão incríveis.Temos um dos melhores cavalos do país hoje, o Iwan. Tivemos vários alunos competindo e vencendo, uma aluna competindo em nível profissional, a Nina, com apenas 16 anos e classificando entre profissionais. Tive duas classificações em GPs Internacionais World Cup 1,60m, estivemos no pódio do Brasileiro de Sênior Top, fomos campeões estaduais e estamos na Long List dos Jogos Olímpicos”, diz Vitor.

A primeira prova do Circuito Profissional de Hipismo 2024 começa em abril. O “SHP Open” abre o Circuito Sênior Top e logo em seguida duas semanas depois acontece o CSI-W Internacional World Cup na cidade de Curitiba. Ambas serão observatórios para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, mas só Curitiba contará como prova para atingir o MER (Índice Olímpico) por ser um CSI-W(Internacional). O conjunto vem se preparando forte nessa pré-temporada para estar à disposição do técnico do Brasil Philip Guerdat e precisa de mais uma classificação em um concurso internacional qualificativo para atingir o MER (Índice Olímpico).

Trajetória

Ele saiu da Paraíba com 15 anos, sozinho, para se aventurar em São Paulo e viver o sonho de se profissionalizar num esporte de elite, sem nenhuma ajuda financeira. De uma família simples, pais professores, Vitor Dantas Medeiros de Carvalho se mudou para São Paulo em 2010 para estagiar no QH(Centro Hípico) com Yuri Mansur Guerios, cavaleiro olímpico do Brasil.

“Eu tinha apenas 15 anos, meus pais sempre fizeram o que podiam, eles não tinham como me dar um cavalo para subir para o Júnior, tive que buscar oportunidade em São Paulo, foi uma grande mudança passar a morar sem a minha família tão jovem, tive a sorte de fazer dois grandes amigos que trabalharam junto comigo no QH, o Raphael Leite e o Lúcio Osório, o que acabou ajudando, foram momentos de muito aprendizado”, conta o cavaleiro.

Logo quando chegou a São Paulo o Vitor Dantas conquistou o Campeonato Paulista de Júnior 1,45m, foi Vice-Campeão do Clássico da Copa São Paulo, e foi convocado para representar o estado de São Paulo no Campeonato Brasileiro onde foi campeão por equipes, em seguida foi convocado pela Seleção Brasileira para disputar o Sul-Americano (Júnior 1,45m) onde o Brasil se sagrou campeão.

“Foi uma surpresa chegar e em tão pouco tempo já ter essas conquistas, aprendi muito no QH com Yuri. Em 2011 recebi um convite para ir trabalhar na Sociedade Hípica Paulista, que é a maior hípica do Brasil, não pensei duas vezes em aceitar, com 16 anos a gente não faz ideia de nada, e muitas vezes tomamos decisões na empolgação mesmo sem ter conhecimento do que vamos encarar”, diz.

Na Hípica Paulista, passou três meses morando no carro, e conta que jamais imaginava tamanho aprendizado para vida.

“É um clube de elite, eu estava convivendo em um ambiente que não estava acostumado, no nordeste em geral as pessoas são mais simples, tem valores e cultura diferentes. Lembro que quando estava morando no carro, algumas pessoas na hípica brincavam: ‘Olha o House Móvel’. Eu não ligava pra aquilo, enquanto eu pudesse montar e ter a chance de tentar o meu sonho, era só nisso que eu me concentrava, morava no carro, tomava banho no vestiário da escolinha do clube, o porta-malas do meu carro era o guarda roupa, tinha um colchão que eu havia conseguido e cortado do tamanho do banco de trás do carro, parava o carro no estacionamento da Padaria Leiriense na Berrini, lá é aberto 24h, tinha um segurança que sempre que me vê hoje relembra, a gente conta com orgulho mas na época era muito difícil, só o sonho de um dia poder chegar me manteve ali com esperança”.

Em 2013, Vitor começou a dar aulas e conheceu Ana Paula Conde sua aluna que viria a se tornar esposa.

“Minha família está no clube há mais de 40 anos, é um clube muito tradicional e fechado, quando eu quis que meu namorado frequentasse o clube comigo, como associado, houve um movimento para que não fosse aceito, as justificativas eram diversas e todas absurdas, que o meu sogro, José, era caminhoneiro, que o Vitor morou no carro e não se enquadrava no perfil, que ele era da Paraíba, mas no fim a questão era ele ser profissional no esporte, e os outros profissionais não quererem concorrência, porque além de ser um excelente profissional, ele também é admirado pelo caráter, e quando alguém assim entra no circuito, num esporte de elite, que envolve muito dinheiro, eles vão tentando minar, é como se o território fosse deles e alguém estava ameaçando conquistar o espaço deles”, diz Ana Paula.

Com o tempo, o cavaleiro começou a ser conhecido, o que foi abrindo mais oportunidades para o atleta dentro do clube onde treina até os dias de hoje.

“Eu era muito tímido, fui melhorando, já conseguia conversar melhor com as pessoas e elas foram me conhecendo. Sempre tive boa formação por meus pais serem professores, terminei a faculdade em São Paulo, eles sempre foram muito rígidos na educação. Meu pai quando eu morava no nordeste comprou um caminhão, ele mesmo dirigia e fazia os fretes das competições, foi a maneira que conseguimos viabilizar as viagens do nosso cavalo, tenho orgulho em dizer que foi graças a ele que estou onde cheguei hoje, não consigo entender aonde ser um caminhoneiro é algo ruim ou razão de desmerecimento, para mim todo mundo é igual, ninguém é melhor ou pior, sempre respeitei todas as pessoas. Comecei a ter ajuda dos sócios do clube que não eram profissionais, eu tinha acabado de viajar para uma competição internacional com dois conselheiros do clube, o Alex Dattelkremer e o Felipão, ali eles puderam me conhecer e vir a me ajudar. Fui aceito como sócio no clube e minha carreira só melhorou, foi aparecendo mais cavalos para montar e oportunidades de instruir atletas diariamente”, conta Vitor.

(Agência O Globo) — Foto: Divulgação

Legenda da foto: Cavaleiro Vitor Dantas Medeiros de Carvalho está na long list dos Jogos Olímpicos de Paris no Hipismo