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Cúpula do Exército avalia que operação da PF ajuda a individualizar condutas

8 de fevereiro, 2024 / Por: Agência O Globo

Operação mostram que o general Braga Netto proferiu uma série de xingamentos a integrantes da cúpula das Forças Armadas que não aderiram aos planos de golpe

Cúpula do Exército avalia que operação da PF ajuda a individualizar condutas
Comandante do Exército, Tomás Paiva, e o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, vinham manifestando desejo de que as investigações delineassem nomes de envolvidos Foto: Antônio Oliveira / Ministério da Defesa

A cúpula do Exército avalia que a operação da Polícia Federal que mira suspeitos de tentativa de golpe no país servirá para individualizar as condutas, sem que sejam tratadas como ações da instituição. Ao todo, 17 militares foram alvo de mandados de buscas e apreensão nesta quinta-feira, entre eles os ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto, além do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos.

Desde o início das investigações, o comandante do Exército, Tomás Paiva, e o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, vinham manifestando desejo de que as investigações delineassem nomes de envolvidos em suspeitas de irregularidades para que pudesse se desfazer o que chamam de “clima de suspeição de golpismo” sobre as Forças Armadas.

A leitura entre integrantes do atual comando do Exército é que ao detalhar a conduta de cada um, a investigação avança no sentido de mostrar que a instituição foi preservada. Ressaltam, contudo, que todos os suspeitos devem ter o direito de apresentar suas defesas.


Integrantes da cúpula do Exército reforçam que a instituição não embarcou em planos golpistas discutidos durante o governo Jair Bolsonaro.


Mensagens obtidas pela PF nos celulares de alvos da operação desta quinta-feira mostram que o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, proferiu uma série de xingamentos e ofensas a integrantes da cúpula das Forças Armadas que não aderiram aos planos de golpe de Estado.

Em uma das mensagens, Braga Netto se refere ao general Freire Gomes, então comandante do Exército, como “cagão”, e pede para que a cabeça dele “seja oferecida” a manifestantes que protestavam em frente aos quartéis. Os diálogos estão na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação realizada nesta quinta-feira pela PF. Procurado, o ex-ministro da Defesa não retornou os contatos.

Como revelou a colunista do GLOBO Bela Megale, Bolsonaro reuniu os chefes das Forças Armadas para apresentar uma minuta golpista no início de dezembro.

Na ocasião, segundo a delação premiada de ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o almirante Almir Garnier Santos, então comandante da Marinha, teria dito ao ex-presidente que seus homens estavam prontos para aderir a um chamamento. Já o general Freire Gomes afirmou que não embarcaria em um eventual plano golpista.

No começo da manhã, Tomás Paiva e Mucio acompanharam juntos os primeiros desdobramentos da operação. Ambos foram avisados na noite de quarta-feira, às 22h, que haveria uma ação da PF, sem serem informados dos nomes dos alvos. Neste caso, a PF solicita às Forças Armadas um oficial para acompanhar os mandados que ocorrem dentro da vila militar.

Ao GLOBO, Mucio afirmou que Forças Armadas estão orientadas a ajudar no cumprimento das decisões judiciais.

— As Forças Armadas estão orientadas a auxiliar decisão da Justiça — disse Múcio ao GLOBO. — Decisão da Justiça se cumpre.