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EUA: Rascunho de documento de ministro da Suprema Corte americana é vazado

3 de maio, 2022

Não se trata de uma decisão, mas, sim, de um rascunho de um documento que afirma que os juízes decidiram derrubar as decisões das décadas […]

EUA: Rascunho de documento de ministro da Suprema Corte americana é vazado
Foto: Pixabay

Não se trata de uma decisão, mas, sim, de um rascunho de um documento que afirma que os juízes decidiram derrubar as decisões das décadas de 1970 e 1990 que garantiam o direito ao aborto nos EUA

Desde a decisão da Suprema Corte no caso Roe versus Wade, em 1973, o aborto é considerado um direito fundamental nos EUA — Foto: Reuters

Desde a decisão da Suprema Corte no caso Roe versus Wade, em 1973, o aborto é considerado um direito fundamental nos EUA — Foto: Reuters

Os juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos votaram, de maneira reservada, para derrubar a decisão da década de 1970 que garante o acesso ao aborto, de acordo com uma reportagem publicada nesta segunda-feira (2) pelo site Politico.

O site obteve uma versão inicial, ainda não divulgada oficialmente, de um rascunho do relatório do ministro Samuel Alito. No texto, o juiz afirma que há maioria na corte para derrubar a antiga decisão (conhecida como Roe versus Wade).

O texto é classificado como rascunho inicial da opinião da maioria. Há notas que indicam que o material circulou entre os juízes no dia 10 de fevereiro. O texto provavelmente foi escrito para servir de voto para um caso do Mississippi, onde há um projeto para impedir abortos depois de 15 semanas de gravidez.

A decisão oficial dos juízes não foi divulgada, e os votos públicos podem mudar até que isso aconteça.

Alito afirma que esse assunto deve ser decidido por políticos, e não pela Justiça.

Na prática, se a Corte tomar a decisão que consta no rascunho, haverá disputas em cada estado e também no Congresso para determinar quais são as condições em que o aborto será permitido nos EUA.

“É a hora de prestarmos atenção à Constituição e devolvermos o tema do aborto aos representantes eleitos do povo”, escreveu Alito.

O rascunho do parecer de Alito é um repúdio da decisão de 1973 que garantia proteções constitucionais federais dos direitos ao aborto e também de uma segunda decisão, essa de 1992, conhecida como Planned Parenthood versus Casey, que manteve amplamente o direito.

“Consideramos que Roe e Casey devem ser anulados”, escreve Alito no documento, que é classificado como “Parecer do Tribunal”.

“A conclusão inescapável é que o direito ao aborto não tem raízes firmes na história e nas tradições da nação”, ele escreveu.

Documento vazado

O Politico é um site que cobre política nos EUA e está no ar desde 2007. De acordo com o “New York Times”, a redação tem cerca de 400 jornalistas. No ano passado, a empresa alemã que controla o jornal “Bild” comprou o Politico.

Segundo o site, essa é a primeira vez na história moderna da Suprema Corte que um rascunho de um relatório é vazado antes da decisão ser tomada oficialmente.

De acordo com o texto, o rascunho evidencia que a Suprema Corte, que tem uma maioria de juízes conservadores, argumenta que a decisão de 1973 tem problemas de lógica jurídica.

“Roe estava flagrantemente errado desde o início. Seu raciocínio foi excepcionalmente fraco e a decisão teve consequências danosas. E longe de trazer um acordo nacional para a questão do aborto, Roe e Casey inflamaram o debate e aprofundaram a divisão”, diz Alito no texto.

Mudança na política dos EUA

Se os ministros da Suprema Corte dos EUA anunciarem uma decisão que confirma o conteúdo do texto, será uma mudança “sísmica” na política e no direito dos EUA, de acordo com o “New York Times”.

Segundo o Politico, votarão contra o direito ao aborto os seguintes juízes:

  • Samuel Alito,
  • Clarence Thomas,
  • Neil M. Gorsuch,
  • Brett M. Kavanaugh
  • Amy Coney Barrett

E, também de acordo com o site, votarão contra o texto os juízes

  • Stephen G. Breyer,
  • Sonia Sotomayor e
  • Elena Kagan

Não se sabe ainda como o juiz John G. Roberts Jr. planeja votar.

O site Politico afirma que recebeu uma cópia do rascunho de uma pessoa que acompanha os procedimentos do caso do Mississippi. O texto tem 98 páginas (31 delas são de um apêndice de leis estaduais históricas sobre o aborto). Há 118 notas de rodapé e, segundo o site, a aparência e o momento em que o texto teria sido redigido e circulado são consistentes com a prática da Corte.

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Fonte: Por g1