VARIEDADES
Falta de sono é associada ao risco do surgimento de Alzheimer em pessoas saudáveis
8 de novembro, 2022Estudo de pesquisadores britânicos e espanhóis analisou mais de mil pessoas e é relevante para ajudar a definir futuras terapias Dormir menos de sete horas […]
Estudo de pesquisadores britânicos e espanhóis analisou mais de mil pessoas e é relevante para ajudar a definir futuras terapias
A falta de sono é um problema para a saúde de qualquer pessoa, independentemente da idade. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e do centro de pesquisa Barcelonaβeta Brain Research Center, da Espanha, constatou a associação entre dormir menos de sete horas por noite ao risco maior de ocorrência do Alzheimer em pessoas saudáveis, ou seja, sem nenhum comprometimento cognitivo.
Com base nos dados do Estudo de Coorte Longitudinal do Epad (sigla em inglês de Consórcio Europeu de Prevenção da Demência de Alzheimer), os cientistas avaliaram 1.168 adultos com mais de 50 anos e biomarcadores da doença de Alzheimer no liquor, desempenho cognitivo e qualidade do sono.
Com amostras de 332 participantes colhidas na linha de base e após um período médio de 1,5 ano, foi possível avaliar o efeito da qualidade do sono na mudança de biomarcadores da doença de Alzheimer ao longo do tempo.
Entre os achados, foi notado um aumento significativo de p-tau e t-tau no liquor — biomarcadores usados para medir o risco de Alzheimer na fase pré-clínica da doença.
Além disso, as análises mostraram que maiores distúrbios do sono estavam associados a uma diminuição no biomarcador Aβ42 ao longo do tempo. Estudos anteriores já haviam detectado que a baixa concentração desse biomarcador está associada a um maior risco de progressão para comprometimento cognitivo leve ou demência, espécie de sinalizador de predisposição à doença.
“O sono é uma oportunidade inexplorada para ajudar a prevenir a doença de Alzheimer e promover a saúde do cérebro. Foram feitos muitos testes, inclusive punções lombares para pesquisa. Seus dados inestimáveis, combinados com os de outros sites na Europa, levaram agora a uma melhor compreensão das ligações entre o sono e a doença de Alzheimer”, explicou Liz Coulthard, professora de neurologia da Universidade de Bristol.
Laura Stankeviciute, uma das autoras do estudo, afirmou que as conclusões serão relevantes para o tratamento da doença futuramente.
“Nossos resultados reforçam ainda mais a hipótese de que a interrupção do sono pode representar um fator de risco para o causamento da doença de Alzheimer. Por esse motivo, pesquisas futuras são necessárias para testar a eficácia de práticas preventivas, projetadas para melhorar o sono nos estágios pré-sintomáticos da doença, a fim de reduzir a patologia da doença de Alzheimer”, comemorou ela.
Veja sete dicas para envelhecer com saúde e viver mais tempo
De acordo a nutricionista e presidente do departamento de gerontologia — estudo do envelhecimento — da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), Simone Fiebrantz, o envelhecimento saudável está relacionado com a associação de três fatores.
‘Modificar o estilo de vida com foco no tripé controle de doenças, alimentação e atividade física vai fazer uma diferença grande, tanto na qualidade de velhice, quanto vai ajustar a vida durante ao longo dos anos’, diz ela.
A especialista separou sete dicas importantes para que todos possam sonhar com uma velhice melhor
Entender que os cuidados com a saúde não devem começar quando se iniciam os desgastes causados pelos anos é fundamental.
‘Costumamos falar na gerontologia que a prevenção e promoção da saúde se dá lá na infância e até mesmo no intraútero. Por isso, a primeira dica é não esperar fazer 60 anos para você começar a se preocupar com a saúde. Durante a vida toda você tem que estar atento e fazendo situações de promoção de saúde e prevenção de doenças’
No ponto de vista das atividades físicas, manter músculos tem de ser prioridade, mas a especialista ressalta que não é só para evitar a sarcopenia — perda de massa e função do músculo.
‘A partir dos 30 anos, nós começamos a ter uma diminuição de massa muscular no corpo, e essa diminuição acaba sendo substituída por uma reserva de gordura. Tem vários estudos que mostram que quando a gente perde massa muscular ela não está só ligada à questão de risco de queda, a fragilidade mesmo de sarcopenia. Hoje, vemos que isso influencia também a questão de demências, por exemplo. Quanto menos atividade física eu faço, quanto menos massa muscular, também tem uma correlação com a questão neurológica, cognitiva’, explica a nutricionista
A manutenção da massa muscular passa também por uma alimentação correta e, nesse caso, não se restringe apenas à manutenção do peso, a ingestão de proteínas é essencial.
‘Precisamos garantir uma ingestão alimentar de proteína adequada, e ela depende da faixa etária. Por exemplo, para adulto, que seria até 59 anos, a gente vai ter de consumir 0,8g de proteína por quilo de peso. Agora, a partir dos 60 anos, essa necessidade aumenta em 40% e passa para 1,2 a 1,5g, para eu não perder e eu conseguir construir massa muscular’, alerta Simone
Nas questões de saúde é importante que os exames e as consultas de rotinas estejam em dia.
‘É muito importante que as pessoas façam o acompanhamento com médico, para que as pessoas tenham acompanhamento médico durante a vida e se cuide. Se a pessoa controla a diabetes, se controla a hipertensão, o colesterol, por exemplo, é possível diminuir os impactos que prejudicariam o envelhecimento’, diz a especialista
Não pense que cuidar da saúde é só ter exames em dia, não. Ouvir bem é importante no envelhecimento.
‘A perda auditiva tem uma relação direta com a questão cognitiva. Os idosos têm uma perda auditiva lá para a frente, que faz parte do envelhecimento, mas o que a gente tem visto é cada vez antes aparecer esse problema pelo uso de fones com músicas altas. Se a pessoa não usa um aparelho auditivo, tem maior risco de demência, isso já é comprovado em estudos’, alerta Simone
Pensar em como ocupar o tempo na velhice é um conselho valioso. Escolher um hobby pode ajudar a ter prazer e ocupar o tempo na terceira idade.
‘É importante ter um hobby para a saúde mental, ter um momento de desligar. Na vida de adulto, corrida, parece não ser tão importante, mas quando chegamos à terceira idade termos um tempo pode ser um momento em que você vai se dedicar ao seu hobby, uma música, uma pintura, um bordado, uma culinária, uma leitura, uma escrita, uma poesia, enfim. Então, a importância de você identificar um hobby faz uma grande diferença na qualidade de vida no futuro’
A sétima e última dica da especialista é ter um propósito de vida.
‘Independentemente da faixa etária, precisamos ter um propósito. Por exemplo, tenho quase 50 anos, o que que eu já fiz, o que que eu gostaria ainda de fazer? Seja com 60, 70, 80… Sempre temos coisas que gostaríamos de aprender’, aconselha a Silvana