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Grupo G: talentoso e organizado, melhor Brasil em 20 anos

19 de novembro, 2022

Seleção tem sérvios como adversários mais fortes em chave onde também figuram uma “Suíça diferente” e Camarões envolto em incógnita sobre forma de atuar Essa […]

Grupo G: talentoso e organizado, melhor Brasil em 20 anos
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Seleção tem sérvios como adversários mais fortes em chave onde também figuram uma “Suíça diferente” e Camarões envolto em incógnita sobre forma de atuar

Essa é a melhor seleção brasileira desde o pentacampeonato em 2002.

O grupo de 2006 reunia alguns craques e tinha imenso potencial, mas nunca se tornou uma equipe verdadeiramente competitiva.

Esse grupo atual une dois fatores exigidos pra se tornar um campeão mundial: talento e organização.

É comandado pelo melhor treinador brasileiro das últimas décadas.

Tite se atualizou, recicla seus conceitos constantemente, aperfeiçoa suas ideias, executa com primor e valoriza a ciência do esporte.

A Copa do Mundo é maravilhosamente traiçoeira, nem sempre entrega os resultados mais óbvios.

Tite durante treino da seleção brasileira em Turim — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Tite durante treino da seleção brasileira em Turim — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O Brasil não é o único com capacidade pra vencer o torneio, mas, há 20 anos que não chegava num nível de possibilidade tão alto quanto está chegando ao Catar.

E o caminho pra chegar até esse momento foi cheio de armadilhas.

A Seleção saiu do seu pior momento na “Era Tite” para o melhor momento da “Era Tite” entre 2019 e 2021.

No final de 19, o Brasil passava por momento de grave desconfiança.

Os resultados não eram bons e o rendimento era questionável.

A Seleção passou cinco jogos sem vencer e com atuações ruins.

Quase não jogou em 2020 (apenas quatro partidas, entre outubro e novembro), por causa da pandemia.

Até chegar ao ano da reviravolta.

2021 foi cheio de ótimas notícias: evolução individual e coletiva, consolidação de modelo de jogo e encaixe de várias peças novas na equipe.

O Brasil se reforçou com PaquetáAntonyVinícius Júnior e Bruno Guimarães.

A defesa nunca foi um problema desde a chegada de Tite.

O Brasil marca muito bem, tem uma pressão pós-perda de posse precisa e ensaiada, bons encaixes de bola parada defensiva, participação integral de todos os jogadores em campo na fase da retomada da bola, ótimos zagueiros e um goleiro excelente.

A soma da grande qualidade individual, com o modelo de jogo que combina com os atletas disponíveis, a organização de um time bem treinado e o esquema tático que potencializa o talento dos atletas tornam a seleção brasileira equilibrada, competitiva e uma das favoritas ao título.

Seleção brasileira de futebol — Foto: Reuters

Seleção brasileira de futebol — Foto: Reuters

Alguns números ajudam a entender o ótimo ciclo feito pelo Brasil até chegar ao Catar.

Foram 50 jogos desde a eliminação na Copa da Rússia.

Com 38 vitórias, nove empates e apenas três derrotas, todas por 1a 0 (duas vezes contra a Argentina e uma diante do Peru).

O Brasil marcou 111 gols e sofreu 19, com o impressionante saldo de 92 gols positivo.

Uma curiosidade: os únicos times que conseguiram fazer dois gols, na mesma partida, contra o Brasil nesse ciclo, não venceram.

A Colômbia empatou em 2 a 2 e o Peru perdeu por 4 a 2.

Em 44 das 50 partidas o Brasil balançou as redes adversárias e em 33 saiu sem ser vazado.

Nesse momento, só existe uma dúvida na formação inicial da seleção brasileira

Se a estreia fosse hoje, o dilema seria entre Richarlison ou Vinícius Jr.

  • Com Richarlisson

Ganha mais profundidade por dentro, um jogador que sabe segurar zagueiro numa linha mais baixa e abre espaço entre as linhas de marcação do adversário, permitindo um maior raio de ação tanto para Neymar, quanto para Paquetá.

Richarlison mostra faro de gol vestindo a camisa da seleção (marcou 17 vezes em 38 jogos, é o vice-artilheiro desse ciclo de Copa, e só Neymar, com 18, fez mais) e o time tem bom retrospecto com essa formação.

Além disso, Neymar jogaria no melhor posicionamento possível pra ele nesse momento. A função em que ele mais desequilibra, alternando entre um meia armador e um segundo atacante com liberdade de circulação.

Richarlison vibra após marcar em Brasil x Tunísia — Foto: Anne-Christine POUJOULAT / AFP

Richarlison vibra após marcar em Brasil x Tunísia — Foto: Anne-Christine POUJOULAT / AFP

  • Com Vinícius Júnior

Ganha um talento colossal pela esquerda, jogador de ruptura da linha de marcação do adversário, drible, velocidade, finalização e passe.

O Brasil teria um grau de agressividade nas pontas muito acima da média, somando com Raphinha na direita.

Teria Neymar como falso nove e mais perto do gol, porém menos participativo e impactando menos na articulação de jogadas.

Essa formação teve grande atuação diante do Chile, nas Eliminatórias, em goleada por 4 a 0, mas também se engasgou em amistoso diante do Japão, na vitória por 1 a 0.

Juntar Neymar, Raphinha e Vinícius Jr no mesmo time é sempre ameaçador pra qualquer adversário.

Vinicius Junior fez seu primeiro jogo inteiro pelo Brasil. E logo em um clássico contra a Argentina — Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Vinicius Junior fez seu primeiro jogo inteiro pelo Brasil. E logo em um clássico contra a Argentina — Foto: Agustin Marcarian/Reuters

  • Com os dois juntos

A possibilidade de utilizar Vinicius Jr e Richarlison juntos existe e foi testada, mas é mais remota.

Pra encaixar essa alternativa, Fred sairia do time e Paquetá seria deslocado pra uma posição mais recuada no meio-campo, como um segundo volante.

O Brasil ficaria com: Raphinha na ponta direita, Neymar de 10, Vinícius na esquerda e Richarlison de centroavante.

O risco seria deixar o Brasil com menor capacidade pra se defender.

Quando usou essa formação (3 a 0 em Gana, no mês de setembro), Tite adaptou sua linha defensiva.

Danilo saiu e Militão foi o lateral-direito, função que ele conhece bem e entrega bom rendimento.

Mas, o adversário demonstrou baixa resistência nesse teste e o maior nível de enfrentamento da Copa do Mundo precisa ser levado em consideração.

Por todos esses pontos positivos nas três possibilidades, acredito que Tite fará sua escolha muito mais baseado nas vulnerabilidades e virtudes dos adversários do que no ganho da Seleção Brasileira.

Claro que a Copa vai moldando e mudando a escalação.

O time que inicia a Copa quase nunca é a que termina, o campo dá respostas e é preciso ficar atento ao desempenho que os atletas terão ao longo dos jogos e mudar de acordo com as necessidades.

É fácil perceber que não faltam ótimas soluções e possibilidades e, certamente, todas elas serão usadas.

Haverá momentos propícios para a utilização de cada uma dessas alternativas.

Foto oficial da Seleção para Copa do Mundo no Catar — Foto: CBF

Foto oficial da Seleção para Copa do Mundo no Catar — Foto: CBF

A convocação

  • Goleiros

O Brasil nunca teve três goleiros desse nível no mesmo grupo. Já teve ótimas opções, grandes titulares, mas nunca juntou três de um nível tão elevando quanto pra essa Copa.

Alisson (Liverpool) – É o titular indiscutível, um dos melhores do mundo na posição e ainda boa capacidade pra achar companheiros com lançamentos.

Ederson (Manchester City) – É o que tem a maior capacidade de jogo com os pés.

Weverton (Palmeiras) – É excelente, mas é a terceira opção nessa briga.

  • Laterais

Posição mais carente de talentos nessa geração.

Todos têm bom nível de jogo, grandes carreiras e são, taticamente falando, muito importantes pra equilibrar o modelo de jogo da Seleção, mas não há nenhum entre os melhores do mundo na posição.

Nenhum deles será aquele lateral de muita chegada ao ataque ou de ultrapassagens pra chegar à linha de fundo (Daniel não é mais esse jogador).

No funcionamento da equipe e na ideia de Tite, os quatro têm mais responsabilidades defensivas.

Daniel Alves durante último treino da Seleção no CT da Juventus — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Daniel Alves durante último treino da Seleção no CT da Juventus — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Danilo (Juventus) – É muito inteligente, tem ótima leitura de jogo e grande versatilidade, já fez todas as funções defensivas possíveis ao longo da carreira.

É titular, tem grande confiança do treinador e, quando o Brasil tem a bola, se torna uma espécie de segundo volante, se aproximando mais de Casemiro ou fica responsável pela saída de bola pela direita se aproximando mais dos zagueiros.

Daniel Alves (Pumas) – O mais contestado da lista, pode oferecer o mesmo posicionamento que me referi em relação a Danilo, com muito menos intensidade e virtudes defensivas, mas com muito mais qualidade pra achar um passe que pode desequilibrar uma retranca.

Alex Sandro (Juventus) – Pode, eventualmente, dependendo de quem seja o meia/ponta na esquerda, avançar mais.

Com Paquetá na sua frente, a tendência é que ele apoie um pouco mais, já que Paquetá centraliza a jogada e abre o corredor.

Quando tiver Vinícius Jr na ponta, Alex Sandro prende mais na marcação, já que Vini atua mais aberto.

Na Itália vem jogando mais como o zagueiro pela esquerda, numa linha de cinco atrás.

Alex Telles (Sevilla) – Tem função parecida com a de Alex Sandro, boa batida na bola, mas também causa pouco impacto no ataque.

Mostrou facilidade pra se encaixar no modelo de jogo de Tite, se transformando num volante na saída de bola da Seleção.

  • Zagueiros

Sobre os três principais zagueiros, Tite já disse: “Quando eu escolho dois jogadores, entre Marquinhos, Thiago Silva e Militão, se eu errar, ainda assim, eu estarei certo”.

E é exatamente isso, são três jogadores de altíssimo nível.

Todas as opções da zaga oferecem bom passe, forte marcação, solidez, ajudam na construção inicial de jogadas e ainda entregam um ótimo jogo aéreo ofensivo, uma das boas armas do repertório dessa Seleção.

A linha de zagueiros joga bem adiantada, o modelo de jogo da seleção brasileira exige esse tipo de posicionamento.

O Brasil costuma se manter no campo de ataque, com a maioria de seus jogadores empurrando o adversário pra trás.

E os zagueiros fazem parte dessa estratégia, eles se transformam em construtores de jogadas.

Thiago Silva durante treino da seleção brasileira no CT da Juventus — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Thiago Silva durante treino da seleção brasileira no CT da Juventus — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Quando o time perde a bola, é preciso manter a estrutura bem compactada pra não haver desorganização na recomposição e apostar na forte pressão pós-perda, aproveitando o alto número de jogadores que sempre se aproximam do setor da bola.

A intenção é reduzir o espaço do adversário imediatamente, sufocando o rival que estiver com a bola pra induzir algum erro ou desarmar e retomar o controle.

Outro ponto importante pra essa fase da disputa é o bom nível de aceleração dos zagueiros brasileiros, isso é fundamental pra esse conceito de jogo, já que todos marcam muito distantes da própria área e, em alguns momentos, é preciso correr pra recompor e proteger seu campo.

Zagueiro sem aceleração não resiste a esse tipo de estratégia.

Marquinhos (PSG) – É ótimo zagueiro e cheio de recursos. Tem explosão, bom cabeceio, passe, lançamentos e é um dos pilares do sistema defensivo.

Thiago Silva (Chelsea) – É um mostro, experiência e talento a serviço da Seleção. Bom no jogo aéreo, ágil, preciso nos cortes, Thiago é um zagueiraço.

Tem jogado mais com linha de três zagueiros no clube, mas se adapta muito fácil ao esquema tático adotado na Seleção, principalmente pelas características defensivas de Danilo e Alex Sandro.

Militão (Real Madrid) – É reserva, mas joga demais e passa muita segurança. Pode ser uma alternativa na lateral direita, função que já exerceu na carreira (seja no São Paulo ou no Porto) e na própria Seleção.

Caso Tite decida acomodar Richarlison, Vinícius Jr e Paquetá juntos, possivelmente ele será o lateral, pra dar mais marcação e equilibrar o time.

Bremer (Juventus) – Teve ótima temporada no Torino e se transferiu para Juventus esse ano.

Foi o último a chegar no grupo da seleção, mas foi muito bem nos amistosos e furou a fila dos pretendentes à quarta vaga na zaga.

  • Meio-campistas

Casemiro (Manchester United) – Titular incontestável. Joga demais, protege a defesa, desarma, forte no jogo aéreo, grande senso de cobertura e ainda tem bom passe. Multi campeão e um dos líderes do grupo.

Domina completamente o meio-campo, talvez o maior responsável, individualmente falando, pelo equilíbrio da Seleção (ainda não me conformo quando lembro que ele precisou cumprir suspensão contra a Bélgica em 2018, logo ele?!?).

Casemiro em ação na partida entre Brasil e Colômbia — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Casemiro em ação na partida entre Brasil e Colômbia — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Fred (Manchester United) – É o segundo homem de meio-campo, já jogou mais avançado na carreira, como um meia armador, o que explica suas principais virtudes: bom passe, leitura tática e sabe sair de confrontos individuais quando quer avançar ou proteger a bola.

Pode ter mais saída pela esquerda ou pela direita, dependendo de alguns fatores observados por Tite, como a escalação inicial da equipe, vulnerabilidades do adversário, escolha dos laterais na formação em campo e o posicionamento de Paquetá.

Vem jogando pouco na Premier League nesse início de temporada europeia.

Paquetá (West Ham) – Virou um jogador imprescindível na Seleção. Tite pode usá-lo como meia mais à esquerda, pode ser o segundo volante, ou o meia armador central, só não pode tirá-lo. Canhoto, cheio de habilidade e recurso.

Ganhou rapidamente a posição de titular no West Ham, ficou fora de quatro partidas por causa de uma lesão no ombro, mas já voltou e disputou as três últimas rodadas antes da paralisação pra Copa.

Fabinho (Liverpool) – O reserva imediato de Casemiro é polivalente. Já foi lateral-direito e zagueiro, chegou muito bem no grupo da Seleção.

Everton Ribeiro (Flamengo) – Pode entrar atuando mais à esquerda, como fez por muitos anos na carreira, pode ser o meia armador por dentro ou fazer a função que exerce atualmente no Flamengo, posicionado um pouco mais à direita da faixa central.

A concorrência pra qualquer uma dessas funções é bem indigesta pra ele.

Bruno Guimarães (Newcastle) – Três jogadores chegam ao Catar como reserva, mas com imenso potencial pra sair titular, um deles é Bruno Guimarães (os outros seriam Militão e Vinícius Jr).

Fred é ótimo jogador, mas essa sombra pode crescer.

Bruno Guimarães tem um repertório impressionante, seu entendimento do jogo e leitura dos espaços que ainda vão se criar chamam a atenção.

Uma resistência física absurda, intenso no mais alto nível, infiltração perfeita rompendo a marcação, passe preciso, seja curto ou longo, desarmes e ótima finalização.

Mal chegou na Inglaterra e já se transformou no dono do time (o Newcastle é o terceiro colocado da PL e sua única derrota no campeonato foi sem a presença de Bruno).

Neymar comemora gol em Brasil x Tunísia — Foto: Anne-Christine POUJOULAT / AFP

Neymar comemora gol em Brasil x Tunísia — Foto: Anne-Christine POUJOULAT / AFP

  • Atacantes

Os olhos brilham quando a gente lê a relação de atacantes brasileiros convocados.

Neymar (PSG) – Um atacante completo, o maior jogador brasileiro de sua geração, com imenso poder de decisão desde a juventude.

Ele une velocidade, habilidade, um confronto individual fora do comum e ainda é goleador. Tem ótimo passe, é construtor e definidor de jogadas.

Já surgiu genial na carreira e sempre se manteve em altíssimo nível de atuação, seja atuando na ponta esquerda ou centralizado, seu poder de adaptação vem justamente do fato de ser um atacante completo, capaz de construir, finalizar, decidir, driblar, passar e se deslocar abrindo espaços para companheiros.

Raphinha (Barcelona) – Um dos grandes responsáveis pela evolução da Seleção Brasileira no ano passado e dono de um vasto repertório de virtudes.

Raphinha não começou tão bem quanto se imaginava no Barça (chegou esse semestre).

Fez ótima pré-temporada com o clube catalão, mas depois oscilou.

Perdeu espaço pra Dembelé, mas suas partidas mais recentes foram de recuperação, saindo do banco e produzindo mais.

O ponta oferece velocidade, drible, bom chute de média distância, passes certeiros em uma zona perigosa pra o adversário e é muito forte na recomposição (talvez esse seja seu grande diferencial, em relação a Antony, e que o torna titular).

Vinicius Júnior (Real Madrid) – Com a chegada de Carlo Ancelotti no Real Madrid, todo o talento represado nas últimas temporadas explodiu. Vini já fazia boas partidas, mesmo em momentos ruins de sua equipe, mas numa proporção e sequência muito menores que a partir da chegada do comandante italiano.

Sua média de gols marcados subiu demais e ele começa a amadurecer mais como atleta (ainda tem 21 anos).

Seu repertório de soluções parece ser inesgotável.

Ele dribla, arma, dá assistência, pressiona a saída de bola do adversário e desponta como um dos melhores jogadores do mundo em sua geração.

A ponta esquerda com ele é sinônimo de agressividade ofensiva.

Antony (Manchester United) – Chega como reserva de Raphinha na ponta direita.

Jogador de ótima articulação de jogadas, ágil, driblador, muita técnica e habilidade.

Teve uma lesão e não jogou os últimos cinco jogos do seu clube.

Rodrygo (Real Madrid) – É o único destro do atual grupo que atua na direita (Antony e Raphinha são canhotos), dá uma movimentação diferente e pode encaixar bem no modelo de jogo da Seleção, pela utilização do lateral Danilo atuando mais por dentro.

No Real, inclusive, ele não tem sido apenas o cara da profundidade na direita, o ponta que ataca pela linha de fundo, pelo contrário.

Rodrygo tem aparecido com diagonais e algumas vezes é escalado pra jogar por dentro, seja como um segundo atacante ou até de centroavante, com a lesão de Benzema.

E sempre correspondendo.

Ele também tem boas atuações na ponta esquerda, mas joga menos por ser o lado de Vinícius Jr.

Gabriel Martinelli (Arsenal) – Aos 17 anos e nove meses, Gabriel fazia sua despedida do Ituano (com Antony, de adversário, pelo São Paulo) e aos 18 anos e um mês já estreava no Arsenal.

Esse é o início da uma carreira marcada por reviravoltas, a última delas foi a convocação pra Copa do Mundo mesmo sem ter sido tão presente no ciclo pra esse mundial.

Fora o time olímpico, Gabriel tem apenas três participações com a Seleção, mas o nível de rendimento que ele vem apresentando na Premier League tornou obrigatória essa sua ida pra o Catar.

Ele tem muita velocidade, habilidade, interfere na construção de jogadas o tempo inteiro, é um grande armador de jogo pelo lado.

Assim como Vinicius Júnior, é destro, mas com características diferentes.

O ponta esquerda chega como uma terceira opção pra posição, mas é bom não duvidar de alguém acostumado a surpreender.

Richarlison e Gabriel Jesus são centroavantes versáteis, de maior mobilidade, já Pedro tem mais presença de área.

No Tottenham, Richarlison não vem jogando no comando do ataque, já que Henry Kane é o titular da posição.

Na Premier League, ele faz uma função parecida com a que fazia no Fluminense, vindo pela direita e centralizando como um segundo atacante.

Sofreu uma lesão, ficou fora de sete jogos do Tottenham, mas voltou nas duas últimas rodadas.

Gabriel Jesus fez o movimento oposto ao de Richarlison na carreira.

Ele passou anos atuando mais pelo lado e agora vem sendo mais centroavante no Arsenal, com Arteta.

Jesus se apresenta pra Copa com um jejum de dez jogos sem balançar as redes no Arsenal, mas não perdeu importância e segue tendo grandes atuações, sendo um grande armador de jogadas e criador de espaços.

Pedro – É artilheiro nato e pode ser muito importante em determinados jogos.

No momento em que o Brasil precisar furar algum forte bloqueio adversário, com linhas defensivas muito baixas, ele pode ser a melhor solução pra resolver o problema.

A impossibilidade de enfrentar seleções europeias durante todo o ciclo pra esse mundial dificulta uma análise de parâmetro mais fiel. Mas mesmo assim, dá pra perceber que essa evolução elevou o nível de jogo do Brasil e a coloca como uma das mais fortes do mundo.

Nesse momento, nenhuma outra seleção chega em um estágio de desenvolvimento acima do brasileiro.

Quem está no mais alto nível, também tem suas deficiências, dificuldades e oscilações.

O Brasil, hoje, tem cara e forma de favorito!

O perigo da Sérvia

É claro que esse favoritismo da Seleção vai ter que ser comprovado a cada jogo e desde a estreia.

A primeira partida do Brasil tem indicativos de jogo muito difícil.

A Sérvia ficou fora da Euro, trocou o treinador e cresceu com a mudança.

Dragan Stojkovic chegou no início de 2021 e potencializou um time que já era talentoso, mas desequilibrado taticamente.

A Sérvia hoje, na essência do seu jogo e de modo muito resumido, tem um modelo apoiado no condicionamento físico com jogadores muito talentosos na frente.

É uma equipe que pressiona bastante na marcação, reduz espaços e aposta em muito contato físico.

Tem vários jogadores altos, um jogo aéreo bem competente e boa velocidade nos contra-ataques.

Mas é um time com um bom toque de qualidade, alguns de seus jogadores têm grande destaque no cenário mundial.

A Sérvia usa o 3-4-3 como esquema tático base.

Dragan Stojkovic, técnico da Sérvia — Foto: Laszlo Szirtesi/Getty Images

Dragan Stojkovic, técnico da Sérvia — Foto: Laszlo Szirtesi/Getty Images

No gol, há uma disputa aberta entre Rajkovic, de 27 anos, goleiro do Mallorca, e Vanja Milinkovic-Savic, de 25, goleiro do Torino.

Vanja era o reserva, mas ganhou a posição em cinco dos últimos oito jogos da seleção, enquanto Rajkovic, o antigo titular, jogou apenas uma partida nesse recorte.

Os três principais zagueiros são:

Nikola Milenkovic, que fez boa copa em 2018 e tem muito prestígio na Fiorentina, fazendo mais uma boa temporada e acostumado a enfrentar grandes atacantes.

Milos Velijkovic é o zagueiro do centro, condutor inicial de jogadas, o que mais toca na bola nessa seleção, participando ativamente do direcionamento de jogo de sua equipe.

Strahinja Pavlovic é o zagueiro da esquerda e o mais jovem do trio. Tem 21 anos e defende o Leipzig.

Andria Zivkovic tem características de meia, é canhoto, mas joga na ala direita (se quiser um ala, destro, que ataque mais o corredor, a opção é Lazovic).

Sasa Lukic e Nemanja Gudelj disputam a vaga de primeiro homem do meio-campo.

Sasa Lukic tem mais mobilidade.

Gudelj é volante, que também atua como zagueiro no Sevilha.

Começou a temporada passada no banco, mas foi ganhando espaço e se tornou titular.

A qualidade técnica avança bastante a partir de agora nessa escalação.

Sergej Milinkovic-Savic em ação pela Sérvia — Foto: Reuters

Sergej Milinkovic-Savic em ação pela Sérvia — Foto: Reuters

Sergej Milinkovic-Savic é o coração da equipe.

Tem capacidade pra jogar em qualquer função do meio-campo. Ele defende, arma, é criativo, inteligente, grande mobilidade e alta intensidade. É titular absoluto da Lazio há oito temporadas.

Consegue associar seu 1,91m e muita força, com agilidade.

A mobilidade pra mudar de direção é uma das fortes características e que deixam seu jogo muito dinâmico.

Maior problema é a oscilação, se tivesse maior consistência na carreira estaria em um dos principais clubes do mundo.

Nessa formação, Sergej Milinkovic-Savic joga um pouco mais recuado.

Na ala esquerda, Filipe Kostic tem boa chegada à frente, aparece bastante na linha de fundo, é driblador, tem finalização de fora da área e ótimo cruzamento.

Se destacou no Eithracht Frankfurt e está na Juventus.

Pela característica dele, o lado esquerdo acaba sendo mais vulnerável na defesa.

Na Juventus, inclusive, ele já sobrecarrega bastante o brasileiro Alex Sandro.

O lado direito do Brasil precisa ficar muito atento às suas subidas, seus cruzamentos costumam fazer estrago, mas, certamente, Raphinha poderá encontrar bons espaços para atacar.

Dusan Tadic pode jogar na ponta ou como um meia de circulação e, com essa formação, ele encontra boa liberdade de movimentação.

Sempre criativo, Tadic é um dos jogadores que mais dá assistências nesse mundial, gera lances perigosos constantemente e ainda sabe fazer gol.

Canhoto, tem boa bola parada.

No Ajax, clube que defende há cinco temporadas, tem impressionantes 97 assistências e marcou 95 gols.

Mais na frente, aparece a forte dupla de ataque.

Os dois são muito bons no jogo aéreo, mas essa é a principal característica de Mitrovic (1,89m).

Fazedor de gols nato, seu jogo aéreo é ameaçador.

Em 2018, na Rússia, praticamente todo o jogo da Sérvia girava em torno de alçar bola pra ele.

Hoje o time tem mais virtudes.

Mitrovic explora sua força e busca contato com os zagueiros pra vencer no giro.

Sua virtude no jogo aéreo não se resume a cabeçadas diretas pra o gol, é comum vê-lo ajeitando a bola de cabeça na área pra o passe virar assistência.

Seu companheiro de ataque é mais talentoso.

Vlahovic também tem ótima estatura (1,90m), mas é muito ágil.

A Juventus não tem ajudado, mas ele segue mostrando seu forte potencial na Série A.

Mesmo jogando tão isolado, se mostra capaz de incomodar sempre, já fez sete gols em 15 partidas esse ano, mesmo com o time italiano em má fase.

O atacante tem 22 anos.

Quando estava na Fiorentina, chegou a ser comparado a Batistuta por sua força e potência de seus chutes de perna esquerda.

Por essa facilidade com o jogo aéreo, a Sérvia também usa muito a ligação direta, sempre buscando seus bons cabeceadores pra que eles escorem de cabeça pra os companheiros mais próximos.

Time da Sérvia antes de amistoso contra o Bahrein — Foto: Divulgação/Sérvia

Time da Sérvia antes de amistoso contra o Bahrein — Foto: Divulgação/Sérvia

Contra o Brasil, é possível que Mitrovic saia e a Sérvia jogue com Gudelj e Lukic na cabeça de área.

Formando um 3-5-2, com Milinkovic Sávic virando o meia mais ofensivo e Tadic o segundo atacante, com Vlahovic de centroavante.

Essa foi exatamente a formação usada no jogo decisivo da classificação contra Portugal.

Mitrovic só entrou no intervalo, com o placar em 1 a 1, no lugar de Gudelj e fez o gol da virada nos acréscimos, jogando Portugal pra repescagem.

Caso o treinador opte por priorizar o jogo aéreo no ataque, mas queira ter essa maior segurança no meio-campo, Vlahovic sairia e Mitrovic seria o titular pra explorar ainda mais esses possíveis cruzamentos.

A tendência é que a Sérvia seja o adversário mais perigoso e difícil na primeira fase, uma boa estreia da Seleção Brasileira, diante de um adversário com tantas virtudes, daria ainda mais confiança no mundial.

Uma Suíça diferente

A Suíça mudou o treinador depois da Euro.

A campanha de Vladimir Petkovic até foi boa, a Suíça chegou às quartas de final e eliminou a França nas oitavas.

Mostrava boa ofensividade e tinha organização.

Murat Yakin assumiu e emendou uma sequência de seis amistosos sem derrota.

Depois perdeu quatro vezes em cinco jogos, incluindo os três primeiros da Liga das Nações da Europa.

Se reabilitou e venceu os três jogos restantes, contra Portugal, Espanha e República Tcheca.

Não é mais a mesma Suíça de grande ferrolho, como ficou marcada por anos, mas também não deve ser mais uma seleção com tendências ofensivas como era com Petkovic.

A chegada de Murat tem a intenção de encontrar equilíbrio entre essas duas alternativas.

O time deixou de jogar com três zagueiros e passou a atuar no 4-3-3 / 4-2-3-1.

Espanha x Suíça gol Manuel Akanji — Foto: Reuters

Espanha x Suíça gol Manuel Akanji — Foto: Reuters

No meio-campo aparece o maior destaque da seleção.

Xhaka é a grande referência técnica da equipe, titular e um dos destaques do Arsenal.

Jogador de distribuição de jogo e muito participativo.

Sempre se destacou por sua capacidade de passe e lançamentos.

É um volante de boa qualidade técnica e chegada à frente pra finalização, mas duro na marcação e ladrão de bola (além de um pouco temperamental também). Quando (ou se) a Suíça subir a marcação pra pressionar a saída de bola da seleção brasileira, é preciso ter o máximo cuidado com Xhaka.

Ele é muito hábil no desarme e, certamente, é o pior jogador pra retomar essa bola no campo de defesa brasileiro, por sua alta capacidade de passe longo ou curto.

Se ele pegar a defesa saindo e tiver esse espaço pra armar, é sinônimo de jogada perigosa.

Remo Freuler vinha muito bem na Atalanta, onde jogou por sete anos e foi importante no ótimo trabalho de Gasperinni.

Se transferiu para o Nottingham Forrest no meio desse ano.

Costuma jogar apoiando Sahquiri pelo lado direito, tanto pra armar quanto pra diminuir a vulnerabilidade defensiva do setor.

Zacaria deve complementar o meio.

O jogador apareceu mostrando grande potencial, saiu do Borussia M’Gladbach, chegou cercado de expectativa na Juventus e foi muito mal.

Emprestado ao Chelsea, quase não vem jogando.

Pode perder a titularidade.

Shaqiri gol Suíça Espanha — Foto: Kirill Kudryavtsev/Reuters

Shaqiri gol Suíça Espanha — Foto: Kirill Kudryavtsev/Reuters

No ataque, Shaqiri ainda é importante pra seleção suiça, mas já não causa o mesmo impacto de anos atrás.

Deve aparecer mais pela direita do campo, certamente não vai entregar grande recomposição, o que pode indicar que Vinícius Júnior poderia fazer um grande estrago no lado direito da Suíça e sobrecarregar todo o setor.

Os dois primeiros adversários do Brasil no Catar também estavam na fase de grupos em 2018 na Rússia.

Lá, o Brasil venceu a Sérvia, na terceira rodada, por 2 a 0.

Já a estreia foi com um empate diante da Suíça, por isso, é bom não menosprezar nenhum adversário, mas, time por time, a seleção canarinho possui recursos incomparáveis.

Como jogará Camarões?

Semifinalista da Copa das Nações africanas, Camarões demitiu o treinador português Toni Conceição e contratou Rigobert Song, que já chegou direto pra os dois jogos decisivos contra a favorita Argélia, na disputa por uma vaga na Copa do Mundo.

Camarões perdeu o primeiro jogo em casa, mas surpreendeu, venceu fora e conquistou a vaga pra o mundial, com um gol nos acréscimos da prorrogação.

Rigobert chegou em março desse ano e comandou a equipe apenas em seis partidas.

O que pode gerar dúvidas sobre a forma em que a equipe deve atuar.

Para o Brasil esse fato será mais irrelevante, já que as duas seleções só se enfrentam na terceira rodada e as ideias, potenciais e defeitos de Camarões já estarão mais expostas.

Seleção de Camarões antes de amistoso contra a Coreia do Sul — Foto: Chung Sung-Jun/Getty Images

Seleção de Camarões antes de amistoso contra a Coreia do Sul — Foto: Chung Sung-Jun/Getty Images

  • Destaques

Onana é um goleiro muito seguro.

Tem 26 anos, fez sua base em dois clubes que são referências mundiais no trabalho de formação de atletas: Barcelona e Ajax.

Foi titular por alguns anos no Ajax, até que uma suspensão por doping o afastou por nove meses dos gramados.

Ele perdeu espaço e se transferiu pra Inter de Milão, onde faz grande temporada.

Colocou o experiente e capitão do time Handanovic no banco depois de 10 anos.

Destaque do meio-campo, Frank Anguissa vem tendo ótimas atuações no ótimo time do Napoli. Certamente é o jogador de maior capacidade técnica nessa equipe. Meia de muita força, intensidade e arrancadas com a bola pra arrastar o time pra frente.

Ekambi é um ponta esquerda de velocidade e com bom número de gols na carreira. Titular no Lyon há três temporadas

Aboubakar é a maior referência da equipe, jogador mais conhecido do atual grupo.

Está com 30 anos e, depois de seis temporadas no Porto, atualmente joga no Al-Nassr da Arábia Saudita

Centroavante forte, muito bom no jogo aéreo, artilheiro da seleção.

Sabe fazer jogada de pivô, protege bem a bola e tem boa finalização, inclusive de média distância.

Choupo-Moting vive sua fase mais artilheira da carreira. Centroavante de ótimo currículo, com três boas temporadas no Shalke 04, dois anos no PSG e há três no poderoso Bayern de Munique.

Sempre jogando, tendo espaço, sendo titular ou não, mas com relevância nos elencos.

Está fazendo muito gol no Bayern, já são 11 em 16 jogos.

Tem pouca habilidade técnica, mas o histórico indica sua importância pra seleção de Camarões.

Rigobert Song, técnico de Camarões — Foto: Alexander Hassenstein/Getty Images

Rigobert Song, técnico de Camarões — Foto: Alexander Hassenstein/Getty Images

Apesar do currículo dos dois centroavantes, e do fato de já terem jogado juntos na seleção, acredito que Rigobert Song dará preferência a jogar com apenas um deles, pelo menos pra início da Copa.

É mais previsível que o treinador escolha jogadores mais rápidos e tente priorizar contra-ataques em velocidade.

O que seria mais útil pra um possível jogo de menor posse de bola contra adversários mais fortes, ao invés de ter dois jogadores menos móveis, que ficariam sem muita função nesse hipotético cenário de jogo, sobrecarregando seu sistema defensivo.

Esses destaques individuais não são suficientes pra apontar Camarões como um forte candidato à vaga nas oitavas de final.

A tendência indica que a seleção africana chega como a quarta força do grupo.

Fonte: Por Cabral Neto/Globo Nordeste