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JOGO ABERTO

5 de outubro, 2023

A grana que transita do mundo da bola   “O esporte provoca emoções e emoções vendem”  O que os especialistas em marketing querem dizer com […]

JOGO ABERTO

A grana que transita do mundo da bola  

“O esporte provoca emoções e emoções vendem”

 O que os especialistas em marketing querem dizer com essa frase é que o assunto “esporte”, o futebol, principalmente, é um negócio que dá lucro, não só para os clubes, mas para os segmentos que atuam no setor, como transportes aéreos, hotéis, restaurantes, televisão etc.

Mais recentemente, o próprio torcedor se tornou apostador e, claro, entrou nesse “negócio”. As casas de apostas crescem no mundo e aposta-se, até, em quem fará a primeira falta… o primeiro escanteio… o primeiro pênalti… Isso dá dinheiro, acredite. Mas, a história que vamos contar é mais embaixo.

Transferências de jogadores

Para que o caro leitor tenha ideia desse mundo de bilhões de dólares, euros ou reais observe o recente relatório da Fifa sobre transferências de jogadores, quando o mercado registrou US$ 7,36 bilhões, isto é, R$ 36,6 bilhões entre 1º de junho e 1º de setembro. Dado importante:  81,6% desse dinheiro saíram dos cofres de clubes europeus.

Mais recordes

Ainda segundo o mesmo boletim, só os agentes de clubes que intermediaram essas transações receberam R$ 697 milhões de dólares. O valor é recorde para o período do meio de ano. Interessante notar que 56,6% das transações foram de jogadores sem contrato; 19,3% de jogadores permanentes, 12,7% de empréstimos e 11% voltaram aos seus clubes de origem.

Maiores investidores

Os clubes europeus que mais investiram em contratações neste ano são da Inglaterra. Pela ordem: Arsenal, 231,6 milhões; Chelsea, 207 milhões; e Manchester United, 191,7 milhões de euros.

Neymar em campo

Nesse milionário mercado, um poderoso concorrente escancara o cofre, a Arábia Saudita. Dados da imprensa indicam que os investimentos de clubes daquele país chegaram a 500 milhões de euros nesta temporada, isto é, cerca de R$ 3 bilhões. Aí se destaca a transação de Neymar, que deixou o PSG para o Al-Hilal, time da monarquia saudita: 320 milhões de euros, isso é, R$ 1,7 bilhão, aí incluído os valores de salário, luvas e acordos comerciais.

No Brasil

Do futebol internacional para o mercado brasileiro. Um estudo da EY Consultoria, órgão especializado em análise de mercado e de negócios financeiros, em parceria com a CBF, mostrou que o futebol movimenta R$ 53 bilhões na nossa economia. Isso representa 0,72% do total do Produto Interno Bruto (PIB).

Conforme o estudo, dos R$ 53 bilhões movimentados, R$ 37,8 milhões são de forma indireta, o que envolve bares, restaurantes, hotéis, transportes etc. A cadeia econômica derivada do mundo da bola vai muito além da carrocinha de pipoca e do algodão doce que circundavam os estádios, principalmente do interior, até há pouco tempo…

Lucro da CBF

Sobre a realidade do nosso “campinho” de jogo: em 2022, a Confederação Brasileira de Futebol fechou a temporada com um faturamento de R$ 1,2 bilhão, mais de R$ 200 milhões acima do ano anterior. Já o lucro registrado pela entidade foi de R$ 143 milhões, o dobro do balanço de 2021, com R$ 68,92 milhões de superávit.

Concentração de renda

Da CBF para os clubes de futebol, temos um detalhado relatório “Convocados 23”, do economista César Grafietti, mostrou um dado surpreendente sobre a concentração de renda em clubes de futebol no Brasil. Em 2002, quando o Grêmio ainda disputava a Série B, 49% do total das receitas dos clubes da Série A ficaram com apenas quatro clubes de dois estados da federação: Flamengo, Palmeiras, São Paulo e Corinthians. Juntas, essas agremiações somaram R$ 3,3 bilhões de captações. Esse valor é quase o total captado pelos outros 16 clubes da elite do Brasileirão do ano passado. Pior!

O relatório revela, ainda, que 84% das receitas foram para 11 times, o que é praticamente a metade do total de participantes da Série A. Na ponta do lápis e sem maiores análises pode-se dizer que a maioria dos nossos principais clubes de futebol vivem na miséria. Esse assunto renderá novos comentários. Aguardem!

 

JOSÉ CRUZ
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