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ECONOMIA

Lider da Speedo no Brasil otimista com a retomada do consumo

25 de janeiro, 2024

Líder da marca de artigos esportivos no Brasil está otimista com as vendas em ano olímpico e com a recuperação do poder de compra no […]

Lider da Speedo no Brasil otimista com a retomada do consumo
Roberto Jalonetsky, diretor-geral da Speedo Foto: divulgação

Líder da marca de artigos esportivos no Brasil está otimista com as vendas em ano olímpico e com a recuperação do poder de compra no país

Com cerca de 80% do mercado de artigos para esportes aquáticos no país, a Speedo Brasil quer crescer ainda mais em 2024, que terá a Olimpíada de Paris. A previsão é de alta de 15% nas vendas com a maior exposição de esportes como a natação. No ano passado, a marca de origem australiana, e que no Brasil é detida pelo grupo familiar Multisport, cresceu 24%.

A receita é entrar em novos segmentos, com parceiros ou produção própria. Já tem linha de cosméticos, com protetor solar e creme contra assaduras, óculos de sol e, em breve, deve lançar calçados e até entrar no segmento de bebidas e alimentos saudáveis. Uma linha de roupas assinada por um atleta, cujo nome é mantido em sigilo, também está no horizonte, conta Roberto Jalonetsky, nadador, praticante de tênis e CEO da Speedo Multisport, em entrevista ao GLOBO.

O ano passado foi difícil para o varejo no Brasil. Como foi o desempenho da Speedo?

Estamos há quase cinco décadas no Brasil, somos acostumados aos ciclos econômicos e aprendemos a lidar com o varejo brasileiro. No ano passado, a expectativa era crescer 30%. Crescemos 24%. Este ano queremos expandir mais 15%. São cerca de 50 marcas concorrentes diretas no Brasil e temos algo como 80% do mercado produtos para esportes aquáticos. E digo que é mais difícil manter do que conquistar a liderança.

Mas a empresa foi afetada?

Infelizmente, houve fechamento de pontos de venda, mas conquistamos 360 novos. O varejo brasileiro não é para amadores. É complexidade econômica, tributária, política. Isso faz com que empreendedores brasileiros ainda sofram muito. Mas a crise no varejo tem um lado positivo. Expôs a complexidade do setor e do nosso país. Não tem como brincar de varejo. Tem que ser uma gestão com pulso firme.

E o juro alto, crédito mais escasso. Como isso impactou?

Temos dados positivos e negativos. O consumidor voltou a circular depois da pandemia. A estimativa é que o varejo cresceu 5% em 2023. É mais que os 3% do PIB. Mas ele reduziu a compra do número de peças. No nosso caso, o tíquete médio se manteve em R$ 250. Driblamos isso com novas linhas de produtos. Isso nos ajudou a estancar a queda do tíquete. Mas acho que essa crise do varejo, e do bolso raso, está próxima do fim.

E como a empresa pretende continuar crescendo?

A marca vem se diversificando e está no DNA inovar. Há 20 anos, fomos buscar o lifestyle do brasileiro em relação ao esporte e começamos a diversificação em novas categorias. Mantivemos os pés na água, mas avançamos para fora também, com confecção de short, camiseta, boné, mochila. Apoiamos fortemente o vôlei de praia e o frescobol. Aumentamos nossa visibilidade. Na pandemia, a gente foi obrigado a se reinventar, mas tem sido positivo.

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Temos hoje linhas de running, training, fitness. Lançamos cosméticos. Devemos lançar uma ampla linha de calçados. Já temos óculos de sol e vamos entrar em underwear feminino —masculino já temos. Temos meias, uma linha de aparelhos para academia, incluindo aquelas instaladas em condomínio. E duas categorias de alimentos e bebidas saudáveis, voltadas ao nosso púbico, vão nascer este ano. Somos muito abertos a parcerias com empresas que têm os mesmos valores.

A marca tem 4 mil pontos de venda, com revendedores. Como estão as vendas digitais?

A loja física, como existia antigamente, perdeu espaço. Não é mais o ponto onde o consumidor entra, compra e paga. Mas estamos onde o consumidor está. É ali que as pessoas encontram a cultura da marca e têm uma experiência na loja.

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Nossas fichas estão voltadas para a estratégia digital. Atualmente, ainda 70% das vendas vêm do físico, mas este ano pretendemos equilibrar e ficar em 50% a 50%. Há dois anos, no físico eram 93%. Começamos tardiamente a operação completa. Agora temos marketplace e redes sociais, além das parcerias.

Ano de Olimpíada ajuda uma marca esportiva?

O evento está cada vez mais trazendo novos esportes, surfe, skate. Desperta a atenção também de uma nova geração. Em ano olímpico, há certamente aumento do interesse pela qualidade de vida e pela prática esportiva e isso naturalmente é positivo para marcas que estão neste mercado.

E, sendo CEO de uma marca esportiva, quais são seus esportes preferidos?

Gosto de esportes em geral e música também. Jogo tênis, mas a natação ajudou a aflorar essa paixão pelo que faço.

Como a Speedo aborda a sustentabilidade? A mudança climática afeta os negócios?

Seria literalmente um tiro no pé não respeitar o meio ambiente, já que o consumidor compra nossos produtos para usar no oceano. A geração alfa (nascida no século XXI) começou a cobrar mais atitude das empresas. Deixou de ser uma coisa rasa. Lançamos camisetas feitas com tecido de garrafas PET, que esgotaram. Vamos lançar coleção com tecido biodegradável. Olhamos toda a cadeia de produção, damos apoio a entidades que recolhem lixo das praias.

A venda de camisetas com proteção UV cresceu 56% com as ondas de calor do fim do ano passado. Criamos novos modelos, do bebê até o adulto. Mas tivemos retração no que posso chamar de coleção de inverno. Ninguém vai usar um casaco pesado com sensação de 50 graus.

(Agência O Globo) — Foto: Reprodução

Legenda da foto: Roberto Jalonetsky, diretor-geral da Speedo