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POLÍTICA

Ministro diz que governo apoia instalação de CPMI sobre 8/1

20 de abril, 2023

Após demissão no GSI, Alexandre Padilha disse que o governo vai enfrentar o que chama de “teoria terraplanista” O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, […]

Ministro diz que governo apoia instalação de CPMI sobre 8/1
Para Padilha, a CPI será uma “pá de cal” na teoria conspiratória da oposição - Foto: Valter Campanat/ABr

Após demissão no GSI, Alexandre Padilha disse que o governo vai enfrentar o que chama de “teoria terraplanista”

O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta quinta-feira (20) que o governo vai apoiar a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, proposta por parlamentares da oposição.

A declaração do responsável pela articulação política do governo ocorre um dia após a demissão do general Gonçalves Dias do cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Dias foi demitido depois da divulgação, pela CNN, de imagens que mostram o general e servidores do GSI caminhando entre golpistas nos andares mais altos do Palácio do Planalto, no momento da invasão em 8 de janeiro.

Após a demissão, o ex-ministro disse que estava no Palácio do Planalto para retirar invasores e proteger o andar em que fica o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O vazamento editado dessas imagens cria uma nova situação política e, por conta disso, orientamos e o líder na Câmara, o líder no Senado e o líder no Congresso, no diálogo com os líderes dos partidos que compõem a base tanto na Câmara do Senado, a afirmar claramente, desde ontem, que caso a sessão do Congresso na próxima semana tenha a leitura da instalação de uma CPMI, nós apoiaremos a instalação”, afirmou Alexandre Padilha a jornalistas nesta quinta.

“Vamos orientar os líderes dos partidos da base a indicar membros para essa CPI. Vamos enfrentar este debate político que está tentando ser criado por aqueles que passaram pano para os atentados e terroristas do dia 8 de Janeiro”, acrescentou o ministro.

Segundo Padilha, a instalação da CPI será uma “pá de cal” na tentativa de parlamentares da oposição de criar o que ele chama de “teoria terraplanista” de que integrantes do governo Lula estariam envolvidos nos atos.

“Vamos fazer o enfrentamento político no Congresso Nacional e, na minha opinião, enfrentamento político será a pá de cal nessa tentativa de criar uma teoria conspiratória que é um verdadeiro terraplanismo”, afirmou Padilha a jornalistas.

Segundo o ministro das Relações Institucionais, o governo quer uma “apuração detalhada” das imagens divulgadas pela CNN. “Por que se borra uns e não se borra outros? Se omitiram imagens, o governo quer saber. Apuração completa, envolvendo todos os agentes ali”, declarou.

Mudança de posição

Até a demissão de Gonçalves Dias, integrantes do governo se posicionavam contra a instalação da CPI mista sobre os atos golpistas. Parlamentares governistas, inclusive, tentavam convencer deputados e senadores a retirarem assinaturas do pedido de criação da comissão, a fim de inviabilizar o colegiado.

O próprio presidente Lula deu declarações contrárias à instalação de uma CPI sobre o 8 de janeiro. Lula dizia que o Executivo tinha os instrumentos necessários para apurar os crimes, sem necessidade de uma participação do Legislativo nas investigações.

Nesta quarta-feira (19), horas depois da saída de Gonçalves Dias do GSI, os líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e na Câmara, José Guimarães (PT-CE), defenderam a instalação da CPI.

Criação da CPI mista

O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já prometeu que irá ler o requerimento de instalação da CPMI na sessão do Congresso da próxima quarta-feira (26), se houver apoio suficiente – são necessárias 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado. Até agora, segundo o líder da Oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), há 194 assinaturas de deputados e 37 de senadores.

Medidas provisórias e arcabouço fiscal

Alexandre Padilha disse ainda que a instalação da CPMI não deve atrapalhar os planos do governo no Congresso para a aprovação de medidas provisórias e do novo arcabouço fiscal, que deve ser votado com rapidez.
“Tanto o presidente da Câmara quanto o do Senado já sinalizaram isso publicamente”, afirmou.

Cappelli será o ministro interino do GSI, após demissão de Gonçalves Dias – Foto: Reprodução/CNN Brasil

Moraes manda PF ouvir ex-ministro do GSI e pede dados dos servidores que aparecem em novos vídeos

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal ouça, em até 48 horas, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias sobre os novos vídeos da área interna do Palácio do Planalto durante os atos golpistas de 8 de janeiro. Dias pediu demissão após a divulgação das imagens em que ele aparece durante invasão do Palácio do Planalto.

Moraes também determinou que o novo chefe interino do GSI, Ricardo Cappelli, informe ao STF em 24 horas a identificação de todos os servidores – civis e militares – que aparecem nas imagens. O documento foi assinado por Moraes nesta quarta (19) e tornado público nesta quinta-feira (20).

“Na data de hoje, a imprensa veiculou gravíssimas imagens que indicam a atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI”, diz trecho da decisão.

Moraes também determinou que o governo informe se cumpriu integralmente duas decisões anteriores assinadas por ele: a obtenção das imagens de “todas as câmeras do Distrito Federal” e a oitiva de todos os envolvidos na contenção dos atos. Horas após as imagens terem sido divulgadas, Dias e o número 2 do GSI, Ricardo José Nigri, pediram demissão dos cargos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu que o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, será o ministro interino do GSI. Cappelli foi, também, o interventor federal na segurança pública do Distrito Federal nas semanas posteriores aos atos golpistas.