Brasília Agora


COLUNAS

AGORA-DF

21 de novembro, 2023

LOUCADEMIA DE POLÍCIA Falta muito pouco para o ano de 2023 terminar. Para muitos, já deveria ter acabado ou já acabou. É o que desejam, […]

AGORA-DF
Reprodução da TV

LOUCADEMIA DE POLÍCIA

Falta muito pouco para o ano de 2023 terminar. Para muitos, já deveria ter acabado ou já acabou. É o que desejam, por exemplo, cabeças coroadas das forças de segurança, para quem 2023 é um ano a ser rasgado do calendário de Brasília. Foi o ano da maior baixa no comando das duas principais instituições de segurança do Distrito Federal: a Polícia Militar e a Polícia Civil. Baixas provocadas por desvios de conduta cometidos por quem deveria ter conduta para evitar desvios. Uma verdadeira loucademia de Polícia.

Ataque à democracia

No caso da Polícia Militar, o pedestal do comando começou a ruir ainda em 12 de dezembro de 2022, quando bolsonaristas extremistas tentaram invadir a sede da Polícia Federal e incendiaram ônibus em Brasília. A situação ficou ainda pior com a quebradeira do 8 de Janeiro na Praça dos 3 Poderes, que tiveram suas sedes invadidas e destruídas pela turba bolsonarista. Tudo diante dos braços cruzados do comando da PM.

Estragos da omissão

Resultados das manifestações contra a democracia e do apagão da PM: mais de mil manifestantes presos, instalação de CPI na Câmara Distrital e no Congresso Nacional. Sobrou para o governador Ibaneis Rocha (MDB), injustamente afastado do cargo por longos 65 dias. Sobrou também – e merecidamente – para o então secretário de Segurança, Anderson Torres, que se mandou para o exterior enquanto Brasília fervia.

Oficiais presos

As investigações prosseguiram e chegaram à cúpula da PM. Em agosto, sete oficiais foram presos. Entre eles, o coronel Fábio Augusto Vieira, que comandava a Polícia Militar no 8 de Janeiro, e o coronel Klepter Rosa Gonçalves, que o substituiu no comando geral da corporação. Além de presos, perderam os cargos e tiveram a vida pessoal e financeira virada pelo avesso.

Fardados indiciados

Para completar a onda de baixo astral, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPI Mista, pediu o indiciamento de 61 pessoas, entre elas o ex-secretário Anderson Torres e os oficiais que comandavam a PM no 8 de Janeiro. O mesmo grupo de fardados deve constar no relatório do deputado Hermeto (MDB), relator da CPI Distrital. A votação do relatório está marcada para 29 de novembro.

ROTEIRO DE CINEMA

Já a Polícia Civil está servindo de cenário para novela mexicana ou filme hollywoodiano de segunda categoria. O roteiro tem um pouco de tudo: poder, sexo, traição, ódio, ameaças, grampo telefônico, perseguição policial, machismo, barraco geral. Conflitos que vieram à tona em 2 de outubro, quando pediu exoneração a principal estrela desse novelão: o delegado Robson Cândido, diretor-geral da Polícia Civil.

Feras feridas

Aí os holofotes mostraram detalhes do inusitado caso. Tudo começou quando o poderoso chefão da Polícia Civil foi chutado pela amante. A esposa do delegado tomou as dores da rival. Viraram amigas. Feras feridas que se juntaram e denunciaram o delegado, que largou o cargo. Mesmo depois de exonerado, Robson continuou a correr atrás da ex-amante.

Ajuda policial

O delegado usou a estrutura da Polícia Civil para continuar perseguindo a ex-namorada. Tudo com o consentimento e a ajuda do amigo José Werick de Carvalho, ex-chefe de gabinete de Robson e que o substituiu na direção geral da Polícia Civil. Desde o dia 4 de novembro, Robson está preso. Mas a novela ainda não chegou ao fim.

Atitudes diferentes

A Câmara Legislativa vem acompanhando o inferno astral da Polícia Militar e da Polícia Civil, mas trata as crises das duas corporações de formas diferentes. No caso da PM, investigou oficiais e deve pedir o indiciamento deles. No caso da Polícia Civil, os distritais comportam-se como público de novela: vê o drama pela televisão.

Armando Guerra
[email protected]