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Carnaval pode fazer com que onda da Ômicron seja mais longa no Brasil do que em outros países

17 de fevereiro, 2022

Mesmo sem festas tradicionais, o feriado pode levar ao aumento de aglomerações, tornando maior o risco de infecção  Em grandes centros, como São Paulo e Rio, […]

Carnaval pode fazer com que onda da Ômicron seja mais longa no Brasil do que em outros países
Foto: Edson Lopes Jr / Prefeitura de São Paulo/Divulgação/ Agência Brasil

Mesmo sem festas tradicionais, o feriado pode levar ao aumento de aglomerações, tornando maior o risco de infecção 

Em grandes centros, como São Paulo e Rio, a onda da Ômicron já está em queda

VINÍCIUS NUNES/ESTADÃO CONTEÚDO – 16.2.2022

O ritmo de transmissão da Ômicron é rápido, como foi possível constatar pelo aumento significativo de novos infectados no Brasil no último mês de janeiro. Porém, com a mesma velocidade em que ela atinge o pico, acontece a queda e, consequentemente, o fim da onda.

“Diferente das outras fases, essa onda não tem um platô. Na velocidade em que sobe, ela não vai ficar parada por muito tempo, criando novos casos. Rapidamente, esgotam os suscetíveis e começa uma virtual queda. A velocidade de subida e a de queda são muito rápidas”, explica Renato Kfouri, infectologista e diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).

Essa característica da Ômicron foi verificada na África do Sul e no Reino Unido, os primeiros países a constatarem o crescimento e a queda das infecções pela nova cepa.

Os especialistas acreditam que o tempo do pico de infectados até começar a queda varia entre 25 e 45 dias. Mas o feriado de Carnaval, que será de 26 de fevereiro a 1º de março, pode atrapalhar a melhora do quadro no país, conforme alerta a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo).

“Apesar de não termos aquelas festas oficiais, há aglomerações, viagens e os momentos em que as pessoas terão maior interação. Não sabemos o efeito que esse aumento de interações terá. Talvez tenhamos mais pessoas infectadas — com isso refletindo em internações e óbitos — e seja uma descida mais lenta do que a vista em outros países”, diz ela.

Melhora nos números da pandemia

O Brasil sente a melhora dos índices da pandemia. De acordo com nota técnica da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) da última terça-feira (15), a tendência de ocupação de leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) para Covid-19 é de queda. Além disso, a média móvel de contaminações está diminuindo há duas semanas.

Porém, a epidemiologista lembra que o pico de mortes ainda não foi atingido. “O pico de óbitos ainda deve acontecer nesta semana, começo da outra. Temos até o início de março para começar a descer o número de vítimas da Covid, uma vez que as mortes demoram um pouco mais a cair”, afirma Ethel.

Pandemia desigual

Desde o começo da crise sanitária, a pandemia no Brasil não é regular e tem características próprias em cada uma das cinco regiões do país. A história não seria diferente no caso da Ômicron.

“Para quem começou a onda mais cedo, como São Paulo e Rio de Janeiro, a situação já está caindo. Mas tem locais em que a onda ainda nem chegou ao ponto máximo. A situação está bem desigual”, afirma Kfouri.

No entanto, a queda nos grandes centros também mexe com o panorama brasileiro geral. “Como a Ômicron entrou em tempos diferentes nos estados, nós temos essa defasagem e diferença entre os locais. Mas os grandes centros, principalmente cidades como Rio e São Paulo, onde a Ômicron começou a subida e já está em desaceleração, têm uma influência importante na curva da pandemia”, explica a epidemiologista.

Vacinação é a solução

Mesmo com o pico da Ômicron chegando ao fim, os especialistas insistem que ainda precisaremos lidar com os efeitos do Sars-CoV-2 por um tempo, e a vacinação é a melhor forma de prevenção dos casos graves e óbitos. “As vacinas possibilitaram que tivéssemos muito menos mortes pela Ômicron”, ressalta Ethel.

“Não dá para prever o impacto final dessa variante, quanto tempo vai durar a proteção da terceira dose ou da infecção. Mas estamos em uma pandemia, e hoje o nosso cenário é manter todo mundo o mais protegido possível. No período pós-pandêmico, a gente talvez nem vacine, ou só vacine grupos específicos, ou vacine a cada dois anos, ou anualmente. Nós ainda não sabemos”, conclui Renato Kfouri.

 

Fonte: SAÚDE | Carla Canteras, do R7