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Conflito completa seis meses com Ucrânia à espera de ‘algo feio’ da Rússia em guerra sem horizontes
24 de agosto, 2022Data coincide com o 31º aniversário da independência ucraniana da União Soviética; Zelenski alerta para escalada de ataques russos RESUMINDO A NOTÍCIA Vladimir Putin e […]
Data coincide com o 31º aniversário da independência ucraniana da União Soviética; Zelenski alerta para escalada de ataques russos
RESUMINDO A NOTÍCIA
- Vladimir Putin e Xi Jinping, da China, assinaram um documento de aliança ‘sem limites’
- Exército russo se concentra no leste do país, mais especificamente no Donbass
- Cerca de 9.000 soldados ucranianos foram mortos desde o início da invasão russa
- Segundo a ONU, o conflito na Ucrânia já deixou 6,6 milhões de refugiados pelo mundo
Com grandes consequências militares e econômicas para muitos países e sem perspectivas de cessar-fogo, a guerra na Ucrânia completa seis meses nesta quarta-feira (24), dia em que também é celebrado o 31º aniversário da independência do país em relação à União Soviética.
O presidente ucraniano Volodmir Zelenski afirmou nesta semana que, enquanto o conflito avança, a Rússia poderia tentar “algo particularmente feio” no período próximo à data, alertando sobre o risco de ataques mais severos.
Para o cientista político e pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) Pedro da Costa Júnior, a Ucrânia atua como um “peão menor” em uma guerra que envolve potências mundiais. “A Ucrânia tem o suporte dos Estados Unidos e de seus aliados, enquanto a Rússia tem o suporte da China. Essa é uma guerra sistêmica e global, por isso não tem previsão para acabar.”
“O presidente russo Vladimir Putin criou uma estratégia que é a de mover a guerra sem horizontes. Os objetivos dele são nebulosos, o que dá a oportunidade de mudá-los à medida que o conflito avança”, conclui.
Em 4 de fevereiro, Putin e o presidente chinês Xi Jinping assinaram um documento em que classificaram a parceria entre Rússia e China de “sem limites” e se mostraram favoráveis ao fim da hegemonia americana. Depois de 20 dias do pacto, o Exército russo invadiu a Ucrânia.
A professora de relações internacionais da UFSE (Universidade Federal de Sergipe) Bárbara Motta acredita que “essa aliança demonstra a outros países que a Rússia e o presidente Putin não estão tão isolados na política internacional como pensam e gostariam”.
“Entretanto, com a guerra na Ucrânia, a Otan ganhou um fôlego renovado que pode se traduzir em um reforço da hegemonia americana, relegitimada pelos membros do grupo.”
Depois das tentativas frustradas de conquistar Kiev, capital ucraniana, o Exército russo se concentra no leste do país, mais especificamente na região separatista do Donbass (formada por Donetsk e Lugansk), onde os russos já controlam muitas cidades.
A especialista Bárbara Motta acredita que a guerra deve cada vez mais se restringir ao leste e ao sul ucraniano e se estenderá pelos próximos meses. “Do ponto de vista das questões estratégicas e políticas da Rússia, é interessante que o conflito seja prolongado e desgastante porque com isso existe a possibilidade de perda do interesse público e dos governos do Ocidente.”
Em meio ao jogo de poder das potências mundiais, a Ucrânia admitiu na última segunda-feira (22) que cerca de 9.000 de seus soldados foram mortos desde o início da invasão russa. Além disso, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o conflito deixou 6,6 milhões de refugiados.
Para além da “guerra sem horizontes”, Costa Júnior ressalta que o conflito é “vital” para que a Rússia não perca sua zona de influência no Leste Europeu.
“A Otan resiste ao máximo, mas não pode entrar diretamente no conflito, já que isso poderia desencadear a Terceira Guerra Mundial. Enquanto isso, para os Estados Unidos, a guerra se torna conveniente à medida que desgastam a Rússia sem deixar o governo da Ucrânia retroceder.”
Costa Júnior destaca também que a invasão russa trouxe consequências definitivas: “Uma vez que a Rússia conquistou territórios ucranianos, não abrirá mão deles, ou seja, a mudança que ocorreu no mapa da Ucrânia é irreversível”.
A invasão da Ucrânia pela Rússia completa seis meses nesta quarta-feira (24). O conflito segue sem perspectivas de um cessar-fogo, sendo o mais grave na Europa desde a 2ª Guerra Mundial, e já deixou quase 9.000 soldados ucranianos mortos e milhões de refugiados. Relembre alguns dos acontecimentos mais marcantes do conflito desde 24 de fevereiro
*Estagiária do R7, sob supervisão de Pablo Marques
No primeiro dia da ofensiva de Moscou contra a Ucrânia, a Rússia tomou a central nuclear de , local que abriga o sarcófago que cobre os restos do reator acidentado da usina. Ao deixarem o local, em março, os russos ‘saquearam as instalações, roubaram equipamentos e objetos preciosos’, de acordo com a agência estatal ucraniana
A cidade de Mariupol também ganhou destaque durante a guerra. Antes da invasão russa, cerca de 500 mil pessoas viviam na cidade, que ficou 90% destruída, segundo o prefeito. As autoridades locais registram mais de 20 mil mortos em consequência dos ataques, além da falta de água, comida e energia elétrica
Os bombardeios russos em Mariupol também atingiram uma maternidade no local, deixando três mortos, entre eles uma menina, e 17 feridos. Uma mulher em trabalho de parto no momento do ataque precisou ser retirada do local às pressas
Em abril, um massacre em Bucha, a noroeste de Kiev, provocou comoção mundial. As fotos de cadáveres amarrados com as mãos para trás, o que caracterizaria execuções por parte dos militares russos, se espalharam pelas redes sociais. Grande parte dos corpos que estavam pelas ruas da cidade não foi identificada e muitos ainda foram enterrados em valas coletivas. As autoridades ucranianas contabilizaram pelo menos 410 civis assassinados
A imagem chocante da mão de Iryna Filkina, uma das vítimas do massacre em Bucha, se tornou símbolo da guerra na Ucrânia e rodou o mundo. A mulher foi morta enquanto empurrava sua bicicleta no caminho de volta para casa e teve o corpo reconhecido a partir do registro de sua unha pintada de vermelho e rosa
No dia 9 de abril, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, viajou à Ucrânia e fez uma visita surpresa para o presidente Volodmir Zelenski. O motivo do encontro teria sido a discussão de um pacote de ajuda financeira e militar do governo britânico aos ucranianos. Johnson foi o primeiro líder do G7 a visitar o território ucraniano durante o conflito
No Dia das Mães, em 8 de maio, Jill Biden visitou a Ucrânia, onde se encontrou com a primeira-dama da antiga república soviética, Olena Zelenska. No país, ambas visitaram escolas e Jill Biden entregou um buquê de flores a Zelenska, depois de um longo abraço entre as duas
O complexo industrial de Azovstal é outro local que recebeu grande relevância, pois foi o último local de resistência na região de Mariupol. Depois de meses de combates intensos, a Rússia conseguiu tomar a siderúrgica e os cerca de 2.000 combatentes se renderam
Em maio, houve uma rendição na qual mais de 250 combatentes deixaram Azovstal e viraram prisioneiros de guerra
Durante os últimos seis meses, o presidente ucraniano Volodmir Zelenski discursou diversas vezes sobre o conflito, conversou com líderes mundiais, pediu apoio à Ucrânia e fez apelos por ajuda militar. Um dos últimos alertas foi em relação ao risco de ataques russos em atos do Dia da Independência do país, que também ocorre nesta quinta-feira (24)
De acordo com dados recentes da ONU (Organização das Nações Unidas), cerca de 6,6 milhões de refugiados ucranianos foram registrados em toda a Europa. Desde o início da invasão russa, 44 países do continente fizeram registros de refúgio de pessoas que saíram da Ucrânia
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