Brasília Agora
Brasília Agora


DESTAQUE

Mais de 11 milhões de brasileiros não tomaram nenhuma dose da vacina da Covid

24 de maio, 2024 / Por: Agência O Globo

Maior proporção de não protegidos na população a partir de 5 anos está entre as crianças de até 11, em que 22,1% não receberam o imunizante

Mais de 11 milhões de brasileiros não tomaram nenhuma dose da vacina da Covid
Vacinação contra a Covid-19. — Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom

Apesar da gravidade da pandemia da Covid-19 — que provocou mais de sete milhões de mortes pelo mundo, 712,2 mil delas no Brasil —, 11,2 milhões de brasileiros não tomaram nenhuma dose da vacina contra a doença.


É o que mostram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística ( IBGE), divulgados nesta sexta-feira.


Em parceria com o Ministério da Saúde, foi realizada uma edição especial do levantamento no primeiro trimestre de 2023. Foram abordados 211.344 domicílios brasileiros com perguntas sobre a Covid-19. O foco foi na imunização, casos de infecção, sintomas, internação e quadros da chamada Covid longa, a persistência das queixas mesmo após a doença aguda.

Em relação à população geral, o número de não vacinados representa 5,6% de todos acima de 5 anos. A maior parcela está entre as crianças de até 11 anos, em que chega a 22,1%. Já a menor está entre os idosos a partir de 60 anos, em que somente 2,5% não receberam ao menos uma dose da proteção.

Embora a vacinação esteja disponível hoje para todos a partir de 6 meses, o IBGE considerou as regras vigentes ao elaborar o questionário, em 2022, quando era somente para os maiores de 5 anos. Por isso, recém-nascidos e bebês não foram incluídos na pesquisa.

Questionados sobre o motivo, a maioria dos adultos que não se vacinaram (36%) concordou com a opção “não confia ou não acredita na vacina”. Já entre aqueles de 5 a 17 anos, a resposta mais prevalente (por 39,4%) foi “medo de reação adversa ou de injeção”.

Ainda assim, a pesquisa mostra que a vasta maioria dos brasileiros acima de 5 anos optou por receber pelo menos a primeira dose da proteção: 93,9% da população, o que equivale a 188 milhões de pessoas. Esse percentual da primeira dose foi mais alto no Sudeste, onde chegou a 95,9%, e mais baixo no Norte (88,2%).

As estimativas se baseiam nas respostas dos entrevistados, não em comprovantes ou registros no sistema do Ministério da Saúde.

Doses de reforço abaixo do esperado

Entre os vacinados, o percentual daqueles que completaram o esquema primário de duas aplicações caiu para 88,2% dos brasileiros. Entre adultos foi mais alto, de 92,3%, porém entre os de 5 a 17 anos foi de somente 71,2%.

Já para as doses adicionais, recomendadas posteriormente para manter a proteção frente às novas variantes, a cobertura caiu de forma considerável. Embora na época da pesquisa a campanha com a bivalente estivesse em curso, o que para muitas pessoas seria a quarta aplicação, apenas 42,4% dos adultos relataram ter tomado quatro doses ou mais.

Perguntados se receberam todas as aplicações orientadas pelo Ministério da Saúde, somente 55% dos brasileiros disseram que sim. Outros 36,3%, que equivale a 72,7 milhões de pessoas, afirmaram não ter buscado todas as doses recomendadas. Os demais não se vacinaram ou não souberam responder.

— Temos uma proporção muito grande de pessoas que tomaram pelo menos uma ou duas doses da vacina. Mas em relação a todas as doses recomendadas, isso cai, ou seja, não estão tomando os reforços necessários — disse Rosa Doria, analista da Gerência de Pesquisas e Estudos Especiais da Coordenação de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, em coletiva de imprensa sobre o levantamento.

— Perguntamos qual foi o principal motivo, e o mais citado foi esquecimento ou falta de tempo, por 29,2% das pessoas. O segundo, bastante relevante também, foi de que a pessoa não achava necessário, já tomou todas as doses que gostaria e/ou não confiava na vacina (marcado por 25,2% dos entrevistados) — diz.

Entre as regiões, a única que citou não achar necessário como a principal motivação foi a Sul. Do outro lado, apenas no Nordeste essa justificativa não estava entre as mais citadas – depois da falta de tempo, veio a espera pelo intervalo da última dose.

— Esse resultado mostra um caminho para política pública, quais estratégias podem ser adotadas para que as pessoas completem a vacinação contra a Covid — explica Doria sobre a relevância dos achados.

Os pesquisadores do IBGE lembraram durante a coletiva que uma série de fatores pode ter contribuído para coberturas mais altas com a primeira e a segunda dose mesmo com a alta proporção de indivíduos vacinados que citaram não confiar na dose.

Um deles, por exemplo, foi o requisito de apresentação do comprovante da vacina, instituído em diversos municípios brasileiros, para frequentar espaços como shoppings, restaurantes, bares e museus. Ou mesmo a obrigatoriedade estipulada por empregadores para que funcionários fossem ao trabalho.

Infecção e Covid longa

A pesquisa do IBGE buscou estimar a parcela da população contaminada oficialmente ou que acredita ter contraído o vírus. Também quis saber quantos brasileiros relatam sofrer com Covid longa, a persistência dos sintomas após infecção aguda.

Ao todo, 27,4% dos brasileiros com 5 anos ou mais disseram ter recebido uma confirmação oficial de caso de Covid-19, o equivalente a 55 milhões. Outros 13,8 milhões (10,2%) acreditam ter sido infectados, porém não tiveram um diagnóstico formal. Desse total de 68,8 milhões de indivíduos, 31,4%, contraíram o vírus duas vezes ou mais.

O levantamento abordou ainda o percentual de casos que evoluiu para uma internação. No geral, 4,2% dos pacientes disseram que precisaram ser hospitalizados. Esse número foi maior entre os não vacinados (5,2%). Já entre os que receberam duas doses ou mais, caiu para menos da metade: 2,5%.

Sobre a Covid longa, a pesquisa perguntou quantos ainda tinham sintomas 30 dias após a infecção. 23% responderam que sim, o que equivale a 15,8 milhões de brasileiros. Entre as principais queixas, 39,1% relataram fadiga; 28,8% alteração no paladar ou no olfato; 28,3% dores no corpo; 27,1% problema de memória ou atenção e 21,6% falta de ar ou dificuldade para respirar.


BS20240524130014.1 – https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2024/05/24/ibge-112-milhoes-de-brasileiros-nao-tomaram-nenhuma-dose-da-vacina-da-covid-revela-novo-levantamento.ghtml