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Crescemos todos

11 de janeiro, 2021

Falei pra vocês das minhas batatas, não falei? Conto rapidinho pra quem perdeu. Vi uma matéria no fim de novembro que ensinava a plantar vários […]

Crescemos todos

Falei pra vocês das minhas batatas, não falei? Conto rapidinho pra quem perdeu. Vi uma matéria no fim de novembro que ensinava a plantar vários legumes, entre eles, as batatas. Comecei naquele dia mesmo. A coisa toda é impressionante. Você coloca uma batata doce inteira em um potinho com água e espera. Em questão de dias, começam a aparecer as primeiras raízes, e aí é caminho sem volta. Ela cresce numa velocidade. Essa da foto é a primogênita, mas já vou na quinta.

Quem convive comigo de perto, já não aguenta mais acompanhar a evolução das minhas batatinhas. É que me impressiona muito ver crescer. Me dei conta dessa associação hoje enquanto conversava com uma amiga querida sobre nossos filhos. Os dela, têm 5 e 2, as minhas têm 14 e 12. Ela me contava que o filho mais velho chorou longamente quando a avó se despediu das duas semanas de férias que passou com eles. Chorou e, por um momento, não entendeu a própria reação. Ela – mãe cuidadosa que é – acolheu o choro e explicou para o filho o que era a saudade. Essa sensação que, embora seja das mais doídas, nos dá notícias do bom da vida.

Luiz, então, pediu que ela o gravasse em vídeo, para que ele pudesse explicar para a avó o que havia aprendido. Fiquei comovidíssima com esse movimento. Tanto o dela quanto o dele. O crescimento se dá assim, no todo dia, no se saber não sabendo de si. É generoso que ele repita o que fez a mãe, que ele queira contar para a avó sobre o que acredita se passar também dentro dela. E é bonito esse acreditar. Se eu sinto falta de alguém, esse alguém também deve sentir o mesmo por mim. Falta de nós. Cresceu.

Tive a sensação de ver crescer, na semana passada com a Lalá, minha filha mais velha. Ela molhava as plantas, a meu pedido, e viu que uma delas andava cheia de mosquitinhos. Levantou a hipótese de que, talvez, eu estivesse pondo mais água do que ela precisava. Mas eu coloco sempre a mesma quantidade desde que ela chegou, argumentei. Mas mãe, por vezes a planta muda de necessidade. O mesmo nem sempre é o melhor. Que grande essa observação, não? Daqui, da minha cabecinha de mãe, pensei no significado da frase. Caldo pra muita conversa ainda, mas, recado dado. 

O menino que aprendeu o que é a saudade, a menina que comunicou a mudança, a mãe que vai precisar lidar com os mosquitos, que vai se pôr a pensar sobre a medida das coisas, e as batatinhas; crescemos todos. Boa semana, queridos.

 

Roberta D’Albuquerque é psicanalista, autora de Quemmandaaquisoueu – Verdadesinconfessàveissobre a maternidade e criadora do portal A Verdade é Que…
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