Brasília Agora


POLÍTICA

ENTREVISTA

24 de outubro, 2020

“Sindilegis pode ter tempos de glória”, afirma Wederson Moreira Em entrevista, candidato a presidente do Sindicato dos Servidores do Legislativo, argumenta que é preciso dar […]

ENTREVISTA

“Sindilegis pode ter tempos de glória”, afirma Wederson Moreira

Em entrevista, candidato a presidente do Sindicato dos Servidores do Legislativo, argumenta que é preciso dar novos rumos à entidade

Foi dada a largada para as eleições do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis). A única chapa de oposição é denominada Renovar é Preciso e encabeçada pelo Auditor de Federal de Controle Externo, Wederson Moreira. O desafiante disputará eleições contra o grupo político que ocupa a diretoria da entidade há três mandatos. “Vamos fazer uma campanha propositiva e mostrar que é possível fazer diferente”, resume Wederson.

 

Por que decidiu disputar eleições?

Nós vemos um mesmo grupo controlando o Sindilegis há mais de dez anos. Sou presidente da União dos Auditores Federais de Controle Externo (Auditar) e, na minha gestão, conseguimos resultados importantes como a derrubada de vetos presidenciais para reajuste salarial da carreira e também trabalhamos em 2009 por um plano de carreira que alteramos o nome do cargo e proporcionou condições para implementação de um regime jurídico para o Controle Externo, bem como uma valorização significativa da carreira com incremento na remuneração de até 108% em quatro anos. Agora faremos o mesmo trabalho no Sindilegis com o foco em melhorias para os servidores do Legislativo Federal. Nossa chapa tem trabalho para mostrar e acreditamos que o Sindilegis pode ser mais atuante.

Como o sindicato deve se portar?

Vimos o exemplo da Reforma da Previdência, que provocou descontos salariais de até R$ 2 mil para os servidores do Legislativo e o sindicato assistiu tudo isso acontecer. O servidor público está sendo demonizado pelo governo e nada do Sindilegis reagir. É um sindicato muito importante, já foi um dos mais influentes entre os servidores públicos. Vencendo as eleições vamos dar força política e poder de negociação ao sindicato. Seremos combativos e aguerridos, o que está faltando a essa diretoria. A percepção é que a atual direção está muito cansada e perdeu o foco nas atividades principais do sindicato, com certeza pelo extenso tempo que está no poder. Por isso, é importante a renovação.

O que você pensa sobre a Reforma Administrativa?

É uma tentativa do governo de colocar a culpa no servidor público por dois problemas gigantescos, o déficit fiscal e a ineficiência do Estado. Ao invés de fixar metas para os gestores (prefeitos, ministros e demais autoridades), bem como taxar o capital improdutivo, como ganhos com juros da dívida, e tornar o sistema tributário mais justo, o ministro Paulo Guedes demoniza o servidor. Mas quem quer que ocupe o poder precisa entender que a eficiência do serviço público passa por condições de trabalho melhores, profissionalização da gestão, metas para os gestores e combate à corrupção. O servidor coloca em prática as ações do governante. Então por que deve ter a culpa?

Como atrair o servidor para dentro do Sindilegis?

É um ponto importante. Precisamos oferecer resultados e benefícios reais, como valorização da carreira, exposição positiva na mídia, convênios que contemplem as necessidades dos associados, assistência jurídica coletiva e individual, planos de saúde e odontológico eficientes, entre outros atrativos. Veja o exemplo dos comissionados. Eles podem se associar, mas muitos sequer sabem da possibilidade. É possível incorporar as suas lutas, como o FGTS e criar um banco de talentos para servidores sem vínculo. Devemos ser um sindicato para todos e, não, para um pequeno clube de amigos.

A mídia local repercutiu problemas na gestão do Sindilegis. Como você pensa em resolver esses problemas?

Vimos as denúncias e já estudamos os processos. São fatos que podem gerar consequências catastróficas para a entidade e para os filiados, pois é quem arcará com as indenizações que podem chegar a R$ 5 milhões. Uma gestão profissional não romperia contrato odontológico abruptamente sem a mínima negociação, correndo risco de pagar uma indenização de cerca de R$1,3 milhão. A questão do aluguel da sede da 610 Sul da Ascade é extremamente complicada, porque foi essa própria gestão que criou o problema, inclusive porque fizeram uma reforma da ordem de R$1,5 milhão, correndo o risco de perder todo investimento. Mas não temos medo da missão. Vamos fazer uma campanha propositiva e mostrar que é possível fazer diferente e recuperar o Sindilegis.