Brasília Agora


CULTURA

A BIENALSUR chega pela primeira vez ao Brasil, com a exposição Signos na Paisagem.

19 de setembro, 2023

A mostra apresenta trabalhos que propõem uma reflexão sobre como o planeta vem sendo modificado A exposição Signos na Paisagem reúne obras de artistas do Brasil, Argentina, Uruguai, Espanha, França e Arábia Saudita. Um […]

A BIENALSUR chega pela primeira vez ao Brasil, com a exposição Signos na Paisagem.
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A mostra apresenta trabalhos que propõem uma reflexão sobre como o planeta vem sendo modificado

A exposição Signos na Paisagem reúne obras de artistas do BrasilArgentinaUruguaiEspanhaFrança e Arábia Saudita.

Um dos eventos culturais mais extensos do mundo, a BIENALSUR acontece em 28 países e mais de 70 cidades ao redor do mundo nos cinco continentes. Fiel ao objetivo de ser uma bienal diferente – descentralizada, democrática, horizontal e humanista, que aborda os temas do mundo de hoje – a BIENALSUR 2023 segue reivindicando o direito à cultura e à diversidade, com exposições e ações focadas em questões ambientais, perspectiva de gênero, construção de narrativas e democracia.

A rede colaborativa da BIENALSUR no Brasil é realizada com a participação das unidades do CCBB Brasília, CCBB São Paulo e CCBB Rio de Janeiro, além da Fundação Getúlio Vargas (RJ) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Sobre a Exposição – Signos na Paisagem

Signos na Paisagem, primeira exposição da BIENALSUR no Brasil, reúne obras de Rochelle Costi e Dias & Riedweg (Brasil); Gabriela Golder e Matilde Marín (Argentina); Stephanie Pommeret (França); Silvia Alejandra González Soca (Uruguai); Gabriela Bettini (Espanha); Sara Abdu, Zhara Al GhamdiManal Aldowayan e Hatem Al Ahmad (Arábia Saudita). Os trabalhos problematizam a experiência de vida contemporânea e têm como chave, em sua maioria, a questão do meio ambiente.

Água, ar, terra, fogo, os quatro elementos estão presentes no espaço através dos seus sons, da singularidade dos seus movimentos e das suas formas. O território está presente no fluxo de olhares de artistas de diferentes origens sobre um cenário natural que resiste, luta, renasce…

Rochelle Costi, Casa & Jardim

A observação do ambiente durante o período de isolamento social, entre 2020 e 2021 em meio à pandemia, foi o gatilho para a criação a série Casa & Jardim, de Rochelle Costi (Brasil). As fotos de Jardim, (selecionadas para esta exposição) registram os insetos encontrados na área externa de sua casa/ateliê. A obra não resulta apenas da observação, mas da provocação da artista ao incorporar placas plásticas com relevo à “paisagem” do jardim doméstico: ao construir uma topografia para imitar a natureza, Rochelle causa atração e estranhamento aos insetos, alterando seus comportamentos habituais. A série mostra o contraponto que a comunidade global sofria naqueles tempos em que cotidianos e paisagens eram alterados.

Dias & Riedweg (Brasil), Silence

Numa estreita linha de reflexão, o trabalho de Dias & Riedweg (Brasil), Silence – uma série de 16 fotografias digitais – observa os vestígios no meio urbano e opta por um tratamento formal das fotos em que se retiram volume e cor, restando apenas as linhas, aproximando-se da imagem de uma água-forte. Essa estratégia escolhida para desafiar o olhar é um convite a descobrir, através dos pequenos detalhes, a anomalia, o estranho, o que é estranho a uma narrativa visual convencional. Com estas imagens captadas em 2020, observa-se a questão do risco latente e o alerta que algo se perdeu.

Gabriela Golder (Argentina), Scorched Earth

Em Scorched Earth, vídeo feito no Cerro Mariposa (Valparaíso, Chile), Gabriela Golder (ARG) exibe a área devastada por um incêndio, onde casas e fauna foram queimadas “como se o mundo fosse acabar”, aponta uma testemunha do local, que narra a tragédia: “Às 4 da tarde de sábado, dia 12 de abril, dois pássaros pousaram em um cabo de rede elétrica. O vento, que era muito forte, sacudia aqueles cabos. Eles os eletrocutaram. Faíscas saltaram para o chão, voaram pela grama. O fogo havia começado. O vento sul fez com que ganhasse força. A terra foi queimada.” A convivência entre as intervenções humanas e a natureza expõe suas tensões e aflora a sensação de saturação, de fim do mundo.

Matilde Marín (Argentina), Temas sobre a paisagem

De uma perspectiva diferente, as grandes fotografias paisagísticas de Matilde Marín (Argentina), na sua série de Temas sobre a paisagem, captam a sensação de infinito experimentada naqueles espaços, criando bandas de atmosferas inesgotáveis, linhas e fugas de luz, que se tornam imagens cativantes de um momento efêmero que recupera o conceito de beleza na paisagem e seus limites. O ponto de vista escolhido pela artista é ao mesmo tempo sua marca registrada e a marca de sua presença latente.

Hatem Al Ahmad (Arábia Saudita), To Speak in Synergy

Hatem Al Ahmad (SAU), por sua vez, desenvolve em seu vídeo performance To Speak in Synergy, juntamente com os membros da comunidade Abha (SAU), uma prática milenar de cuidar das árvores – algo como um ritual que reconecta o tempo e as boas práticas de convivência com o ambiente natural. O artista saudita recupera uma antiga técnica de cuidado que tende a fornecer certos elementos à árvore em seus processos vitais, ao mesmo tempo em que contribui para sua proteção contra mudanças de temperatura ou alguns insetos, por exemplo. Assim, a ação artística é oferecida como uma reconexão com o meio ambiente e com a tradição.

Silvia Alejandra Gonzalez Soca (Uruguai), Moebius

Numa dimensão diferente, a instalação Moebius de Silvia Alejandra Gonzalez Soca (Uruguai) pretende “cultivar o vazio”. Nela, dois tempos de um mesmo rosto coexistem para gerar uma matriz de eventos onde a germinação e a ação performativa modificam constantemente a peça e, portanto, as relações possíveis com ela. Moebius, segundo a artista, “aspira gerar um espaço quase ritual que interroga a ideia de sujeito autoconsciente e autoconfiante, a partir de uma vulnerabilidade assumida e oferecida. Um evento cíclico e efêmero, onde o que acontece de alguma forma evidencia a distância mínima entre os processos de construção e destruição”.

Stéphanie Pommeret (França), Tous Migrants

Stéphanie Pommeret (França), em sua série de fotografias Tous Migrants, desenvolve uma possível síntese poética que explora as maneiras pelas quais nos relacionamos como “migrantes” com o nosso ambiente. O projeto, realizado na reserva natural da baía de Saint-Brieuc, levou-a a uma longa observação que resulta nesta operação de apropriação das fotografias naturalistas de Alain Ponsero. Combinadas com as suas próprias imagens, “servem para reivindicar a hospitalidade como o único ambiente que favorece o futuro de nossa espécie”, revela a artista.

Sara Abdu (Arábia Saudita), Anatomy Of Remembrance

Sara Abdu (Arábia Saudita), em Anatomy Of Remembrance, oferece um conjunto de paisagens imaginárias que decorrem do seu interesse em explorar as qualidades indicativas de outros sentidos além da visão. A partir das memórias olfativas, ela resgata seu imediatismo para evocar uma imagem mental do passado e de suas emoções, dando origem a essas cartografias psicogeográficas suspensas com as quais Abdu explora o lugar ou “loci” da memória dentro de nós e evoca um ambiente particular ao confrontar essas topografias do passado.

Manal Al Dowayan (Arábia Saudita), The Emerging

Manal Al Dowayan (Arábia Saudita) recupera técnicas e práticas artísticas tradicionais com as quais revela a situação atual do panorama saudita em que as mudanças e a exploração de passados ​​diversos andam de mãos dadas. Nas palavras da artista, trata-se de um momento de dilema“Agora podemos nos relacionar com nossos ancestrais pré-islâmicos e reconhecer uma conexão com os antigos egípcios, nabateus, mesopotâmicos e assírios. Antes, a narrativa sempre se concentrava no Islã. Atualmente, o país enfrenta uma grande reavaliação histórica e social”. Nesta perspectiva, nas duas peças da sua série The Emerging, recria personagens/paisagens emergentes em corpos têxteis que, feitos com técnicas e materiais tradicionais e intervencionados com acrílico, oferecem uma perspectiva simbólica dessa tensão entre tempos em que o impacto sobre os sujeitos, corpos e paisagens tornam-se visíveis.

Serviço

  • Classificação Livre
  • Galeria 4 do CCBB Brasília
  • De terça a domingo, das 9h às 21h
  •  Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso no site e na bilheteria física do CCBB Brasília

Visite-nos

  • SCES, Trecho 2 – Brasília/DF

  • (61) 3108 7600 e [email protected] e

  • Todos os dias, das 09h às 21h, exceto às segundas.