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A gestão sustentável de Resíduos Sólidos no Brasil e os municípios
28 de agosto, 2023Por Eduardo Fayet – Especialista em Relações Institucionais e Governamentais e ESG – Saiba mais acessando: brasiliaagora.com.br e ipemai.org.br
Em todos os segmentos, pode-se observar um crescente aumento na preocupação com o meio ambiente, em especial o setor público, por ter desafios importantes a transpor. A administração adequada dos resíduos sólidos é fundamental para assegurar a sustentabilidade, preservação do meio ambiente e a boa gestão municipal.
No Brasil, a tramitação do Projeto de Lei 639/15 serve como um exemplo do esforço que está sendo feito em âmbito legislativo para estabelecer uma regulamentação ampla nesse campo. Este projeto de lei propõe a inclusão da transformação de resíduos sólidos em energia no plano municipal de gestão integrada, bem como a concessão de incentivos tributários para as empresas estabelecidas com esse propósito.
O Brasil já possui uma estrutura legal sólida em relação à gestão dos resíduos sólidos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), criada em 2010. Trata-se de um importante marco regulatório que promove a redução, reutilização, reciclagem e destinação adequada, minimizando impactos ambientais e fomentando a economia circular. Porém, para que essas políticas possam ser efetivamente aplicadas em nível municipal, ainda existem algumas áreas que precisam ser trabalhadas.
A PNRS estabelece as linhas gerais, mas grande parte da execução das políticas de gestão dos resíduos acontece em âmbito municipal. São as cidades que têm a responsabilidade de implementar a coleta seletiva, promover a reciclagem, reduzir a quantidade de resíduos que são enviados para aterros sanitários e conscientizar a população sobre a importância dessas práticas. Isso significa que as autoridades locais têm um papel ativo na regulamentação dessas ações.
A regulamentação e estabelecimento de regras a nível municipal faz parte da competência dos municípios na administração de resíduos sólidos que são produzidos pela população local. As ações municipais permitem que as estratégias de gestão dos resíduos se adaptem às necessidades específicas de cada região. A redução da quantidade de resíduos destinados a aterros sanitários é uma meta crucial, uma vez que esses locais representam um risco tanto para o meio ambiente quanto para a saúde pública. Uma regulamentação bem-sucedida a nível municipal pode estimular a criação de centros de reciclagem, programas educativos sobre o meio ambiente e parcerias com empresas privadas, formando um ecossistema sustentável para o gerenciamento dos resíduos.
O Brasil está avançando positivamente no que diz respeito à regulamentação do tratamento dos resíduos sólidos, através de leis, normas e políticas públicas que irão colaborar com essa trajetória. No entanto, para que essa tendência se transforme em benefícios concretos para a sociedade e para o meio ambiente, é crucial que as autoridades municipais assumam a liderança na regulamentação e aplicação dessas políticas.
O mercado de carbono regulado, também em tramitação, sob o Projeto de Lei 2148/2015, poderá se constituir em uma ótima oportunidade na atração de investimentos e recursos necessários para uma gestão correta e competente de resíduos sólidos nos municípios. Fortalecer essa gestão não apenas reduz os impactos negativos no meio ambiente, mas também contribui para criar comunidades mais conscientes e sustentáveis.