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A Páscoa Encolheu: O Fenômeno da Reduflação nos Chocolates

22 de março, 2024

André Charone, contador, professor universitário, mestre em Negócios Internacionais pela Must University (Flórida-EUA)

A Páscoa Encolheu: O Fenômeno da Reduflação nos Chocolates

À medida que as festividades da Páscoa se aproximam, consumidores de todo o país se deparam com uma realidade amarga no doce universo dos chocolates: os tradicionais ovos de Páscoa e barras de chocolate estão encolhendo em tamanho, enquanto seus preços caminham na direção oposta. Esse fenômeno, conhecido como reduflação, vem se tornando uma estratégia cada vez mais adotada por fabricantes para enfrentar o aumento dos custos de produção e matéria-prima, mantendo a rentabilidade.

André Charone, contador e professor universitário com formação em empreendedorismo em países emergentes em Harvard e mestrado em negócios internacionais, nos oferece uma visão aprofundada sobre o assunto.

Antes falarmos sobre os chocolates de Páscoa, é essencial compreender o que caracteriza a reduflação e como ela se compara à inflação. “A inflação é um aumento generalizado dos preços, afetando um amplo espectro de bens e serviços dentro de uma economia,” explica Charone. “A reduflação, por outro lado, é mais sorrateira. Em vez de aumentar os preços, as empresas reduzem a quantidade ou o tamanho do produto, mantendo ou até aumentando o preço. Embora, no final das contas, o impacto no bolso do consumidor seja similar ao da inflação, a reduflação muitas vezes passa despercebida.”

Nos últimos anos, essa prática tem sido particularmente visível na indústria de chocolates durante a Páscoa. Consumidores observaram que os ovos de chocolate, além de barras tradicionais, sofreram reduções significativas em tamanho e quantidade, mas essa mudança não se refletiu em preços mais baixos. Pelo contrário, os preços permaneceram os mesmos ou aumentaram. “Isso é reduflação em ação,” aponta Charone. “Uma estratégia para as empresas lidarem com custos crescentes sem alienar os consumidores com aumentos de preço visíveis.”

A reduflação traz implicações importantes para a fidelidade à marca e a percepção de valor por parte dos consumidores. “Quando os consumidores percebem que estão recebendo menos pelo seu dinheiro, isso pode afetar negativamente sua relação com a marca,” adverte Charone. A longo prazo, essa estratégia pode corroer a confiança do consumidor.

No entanto, a transparência pode atenuar esses efeitos. “As empresas devem esforçar-se para manter uma comunicação clara e honesta sobre as mudanças em seus produtos, especialmente em tempos de festividades como a Páscoa, quando o consumo de chocolate dispara,” sugere Charone.

Para os consumidores, a dica é ficar de olhos abertos. Comparar cuidadosamente os preços, tamanhos e quantidades dos produtos antes de efetuar a compra é fundamental. “A informação é a melhor ferramenta que os consumidores têm para se protegerem da reduflação,” conclui.

Embora a reduflação seja menos perceptível do que a inflação, tem um impacto direto e significativo no custo de vida dos consumidores, especialmente em períodos de consumo intensificado como a Páscoa. A compreensão desse fenômeno é crucial tanto para consumidores, que buscam o melhor valor para seu dinheiro, quanto para empresas, que enfrentam o desafio de manter sua base de clientes fiéis em um ambiente econômico desafiador. À medida que avançamos para a Páscoa, a transparência e a consciência se tornam ainda mais importantes, mantendo o espírito de renovação e alegria que caracteriza esta época do ano.


André Charone, contador, professor universitário, mestre em Negócios Internacionais pela Must University (Flórida-EUA)