ECONOMIA

Ações da Petrobras despencam no Brasil e no exterior, após queda no lucro e dividendos abaixo do previsto

8 de março, 2024 | Por: Agência O Globo

Queda chega a 10% nas negociações de pré-mercado nos EUA. Estatal teve queda de quase 34% nos ganhos

As ações da Petrobras despencaram no Brasil e no exterior após a empresa ter divulgado uma queda de 33,8% no seu lucro em 2023 e ter anunciado um pagamento de dividendos – parcela do resultado da empresa que é distribuída a seus acionistas – abaixo do previsto.

Nos Estados Unidos, os ADRs, recibos de ações da empresa, chegaram a cair 11% na manhã desta sexta-feira nas negociações pré-mercado, que ocorrem antes da abertura regular das Bolsas. No Brasil, os papéis da estatal abriram em queda de 11%.

Para efeito de comparação, o índice que reúne todos os ADRs brasileiros tinha queda de 1,8%. Na Alemanha, onde também há papéis da companhia negociados, as quedas eram da ordem de 10%.

A empresa divulgou na noite de quinta-feira que registrou no ano passado um lucro líquido de R$ 124,6 bilhões, o que representa uma queda de 33,8% em relação a 2022. Ainda assim, é o segundo maior lucro da história da companhia. Analistas ouvidos pela Bloomberg previam um lucro de R$ 127 bilhões.

Mas o que pesou mesmo para a queda das ações foi a informação de que a companhia propôs ao seu Conselho de Administração a distribuição de apenas R$ 14,2 bilhões em dividendos referentes ao resultado do último trimestre de 2023. E que, diferentemente do que vinha ocorrendo nos trimestres anteriores, não haverá distribuição de dividendos extras.

Se a proposta for aprovada pelo Conselho, cuja assembleia está prevista para 25 de abril, o total de dividendos referentes ao ano passado somará R$ 72,4 bilhões – menos de um terço dos R$ 222,6 bilhões distribuídos aos acionistas em 2023.

Recursos para a transição energética

A estatal afirma que a política de dividendos foi “aperfeiçoada para considerar maiores investimentos” e que a empresa precisa de recursos para diversificar seus negócios visando a transição energética.

O presidente da empresa, Jean Paul Prates, afirmou que a Petrobras tem como meta ter metade de sua receita oriunda de energia limpa, incluindo biocombustíveis, em uma década.

Prates disse ainda que a estatal seguirá pagando um percentual de dividendos superior à média de 20% distribuídas por outras grandes petrolíferas. No ano passado, a Petrobras foi a segunda maior pagadora de dividendos entre as petrolíferas do mundo, atrás apenas da Saudia Arabian.

Outras petrolíferas ampliam dividendos

Mas, enquanto a estatal brasileira vem reduzindo essa distribuição de lucros a seus acionistas, outras petrolíferas fizeram o movimento contrário.

A Exxon pagou o quarto maior percentual de dividendos entre todas as 500 maiores empresas listadas em Bolsa dos EUA, enquanto a Chevron ampliou este pagamento em 8%. Outras, como Shell e Total, proporcionaram ganhos aos seus acionistas através de programas de recompras de ações.

Analistas já previam que haveria uma redução na distribuição de dividendos. Mas o corte foi maior do que o previsto. Segundo levantamento da Bloomberg, a projeção era de um pagamento de dividendos de R$ 18 bilhões referentes ao quatro trimestre de 2023, e a estatal anunciou apenas R$ 14,2 bilhões.

O presidente Lula, desde que assumiu seu novo mandato, vinha criticando a política anterior da Petrobras de pagamento de dividendos afirmando que a companhia não deveria priorizar o lucro dos acionistas em detrimento de investimentos em refino e transição energética.

A Petrobras adotou no ano passado uma política mais conservadora de distribuição de dividendos, cortando seu patamar máximo de 60% para 45% do fluxo de caixa livre.

Na quinta-feira passada, a Petrobras já havia registrado uma forte queda na Bolsa após Prates informar que a estatal seria mais cautelosa na distribuição de dividendos. A empresa perdeu R$ 30 bilhões em valor de mercado em um único dia.


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