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Advogado de filhas diz que Maradona morreu em ‘chiqueiro’

14 de março, 2025 | Por: Agência O Globo

Cena de Patricio Ferrari mostrando imagem do ex-jogador inchado, na cama, repercutiu pelo mundo; Fernando Burlando afirma que herdeiras do craque não tinham acesso ao pai internado

Ex-mulher e filhas de Diego Maradona, à direita na imagem, assistem à fala inicial do subprocurador de San Isidro Patricio Ferrari — Foto: Reprodução

O advogado que representa Dalma e Giannina Maradona, filhas do ídolo argentino morto aos 60 anos, em 2020, defendeu a decisão da acusação de mostrar uma foto do corpo do ex-jogador durante o julgamento dos profissionais de saúde que dele cuidaram nos seus últimos dias. Em entrevista ao canal El Trece, Fernando Burlando reconheceu que a imagem é “dura”, mas considerou o gesto “aceitável” para mostrar aos juízes os argumentos que embasam o pedido de condenação dos suspeitos por homicídio, resultado de uma suposta negligência da equipe.

— São estratégias de comunicação. O que o promotor fez é aceitável. É bom mostrar e representar graficamente tudo. De certa forma, para mim, pessoalmente, parece uma foto muito dura, mas é a realidade, essa era a condição do Diego… Era assim, eles o medicavam e mudavam seus medicamentos como se ele fosse realmente um animal, e não um ser humano. Ele não conseguia dizer nada, nem mesmo se deveria ser hospitalizado ou não — disse o advogado.

Ao canal, Burlando afirmou que as filhas de Maradona não tinham acesso ao pai durante a internação domiciliar nem participavam da tomada de quaisquer decisões no período.

Na porta do tribunal, Burlando disse a jornalistas que Maradona passou seus últimos dias de vida num “chiqueiro, uma imundice raramente vista”, apesar da condição clínica delicada.

Ao tribunal, ele argumentou que a casa era “inadequada para a internação domiciliar”. O banheiro, por exemplo, tinha “menos de um metro” de largura e era de difícil acesso para o paciente, “dada a mobilidade [reduzida] de Diego”.

— O que estou tentando fazer é descrever o quão sujo isso foi — enfatizou o advogado, que também reclamou da planta da residência, na qual, segundo ele, era “impossível” para os profissionais de saúde ouvirem “qualquer pedido ou manifestação de dor” de Maradona.

Burlando diz esperar que os policiais Lucas Gabriel Farías e os comissários Rodrigo Borge e Javier Leonardo Mendoza — os primeiros a entrarem na casa no dia da morte do ídolo e os próximos a deporem no julgamento, na próxima terça-feira — descrevam a situação do local da morte.

Na abertura do julgamento o promotor Patricio Ferrari qualificou a internação domiciliar durante a qual a lenda do futebol faleceu, há quatro anos, como “um teatro do horror”. O promotor Patricio Ferrari afirmou no início da audiência em San Isidro, uma cidade satélite ao norte de Buenos Aires, que os acusados “foram absolutamente indiferentes” ao risco de morte que Maradona corria.

Na sequência, mostrou uma fotografia de Maradona deitado, com o corpo visivelmente inchado, numa cena do julgamento que repercutiu pelo mundo.

— Foi assim que Maradona morreu — afirmou ele.

A exibição da imagem fez com que as três filhas de Maradona, Jana, Dalma e Gianinna, presentes na sala, chorassem. Para o advogado das duas últimas, Fernando Burlando, o uso da imagem “não foi nenhum golpe baixo”.

— O golpe baixo foi dado a Diego, porque esse foi o estado em que o deixaram, que no dia do seu velório ele nem cabia no caixão, de tão inflamado e inchado que estava — comentou ele a um grupo de jornalistas durante uma pausa da sessão.

Sete membros da equipe médica de Maradona são acusados de “homicídio simples com dolo eventual”, ou seja, por saberem das consequências fatais de seus atos. Uma oitava suspeita será julgada em separado. Os acusados enfrentam penas de entre oito e 25 anos de prisão.

Os acusados negam qualquer responsabilidade pela morte da lenda do futebol mundial, justificando-se com sua própria especialidade ou tarefa segmentada.

O carismático jogador, que sofria de múltiplas patologias crônicas, morreu por edema pulmonar e insuficiência cardíaca em 25 de novembro de 2020, em sua residência particular em Tigre, ao norte de Buenos Aires.

Sua morte comoveu o mundo, foi lamentada por milhões e motivou três dias de luto nacional e um velório multitudinário no palácio presidencial.


BS20250314114857.1 – https://oglobo.globo.com/esportes/noticia/2025/03/14/advogado-de-filhas-de-maradona-diz-que-idolo-morreu-em-chiqueiro-e-defende-promotor-que-exibiu-foto-do-corpo-estrategia.ghtml

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