A cristianização da deputada Flávia

O verbo cristianizar tem um significado que só é aplicável na política, faz parte do léxico partidário brasileiro e é uma forma educada de dizer que a pessoa em questão foi traída. Nasceu quando Cristiano Machado, importante político mineiro lançado à presidência da República, mas que foi abandonado pelo próprio partido, o PSD, que o trocou por Getúlio Vargas na eleição de 1950. Está longe? Nem tanto: o verbo volta com força no atual processo eleitoral do DF, agora tendo como personagem principal a deputada federal Flávia Arruda.

E os problemas que vêm

Com a possibilidade do marido, José Roberto Arruda, ser candidato, a deputada Flávia – que lidera com folga todas as pesquisas para o Senado – está sendo devidamente cristianizada. Como na chapa majoritária não cabe um casal, um dos cenários é que ela dispute a reeleição à Câmara dos Deputados, o que cria problemas muito grandes na seara liberal, e vem irritando os candidatos já postos a uma das vagas no parlamento.

A irritação de Fraga

Um dos mais irritados é o ex-deputado Alberto Fraga, que não aguenta mais o ostracismo e quer voltar à Câmara. Se Flávia Arruda disputar uma das vagas, provavelmente será uma das mais votadas, ao lado da também deputada Bia Kicis. Por este motivo, Fraga não quer que Flávia tenha legenda para disputar, se conformando com a cargo de primeira-dama. Só se esqueceu de combinar com a deputada, que tanto se destacou no seu primeiro mandato, chegando a ocupar o cargo de ministra de governo.

Imagens no bolso

Aliás, é estranho o comportamento de Fraga nesses dias. Há quem se lembre de sua desfaçatez no governo Arruda, quando era secretário de Transportes e chegou a pedir demissão várias vezes por forçar o aumento do número de concessões de vans numa ação que muita gente encarava como sendo chantagem. Até porque ele costumava andar pela residência de Águas Claras com um famoso DVD cheio de imagens comprometedoras no bolso.

Calado e escondido

O DVD – pelo menos parte dele – chegou ao público e à polícia, confirmando o conteúdo explosivo. A pergunta que ficou na época foi: porque Fraga, que teve acesso a essas provas, ficou calado por tanto tempo? E onde ele se esconde enquanto a bomba explodia e causava estragos.

Reguffe e a verdade inventada

A política tem uma ética à parte, isso é notório. Mas tem gente exagerando. Partidários do senador Reguffe, com o auxílio de um jornal da cidade, espalharam que o mutirão de cirurgias que a Secretaria de Saúde vai fazer para reduzir a fila de espera foi causado por uma ideia lançada há poucos dias pelo senador. Como se fosse possível fazer uma operação como essa num prazo tão curto… O pior é que o próprio senador começou a divulgar essa “verdade” em suas redes sociais.

Muito pé de frango

As más línguas estão desconfiadas de que os repórteres de um jornal da cidade estão andando com pés de frango na algibeira. Numa só edição, conseguiram descobrir duas personagens reclamando que só tinham pés de frango para comer, uma coincidência que o bom jornalismo – e a lógica – não suportam. Podiam pelo menos variar, mostrar uma com ovo, por exemplo.

Chapa batizada

Se não fosse um deboche poderia ser um esquete de programa humorístico: ontem foi anunciada a possibilidade de uma chapa majoritária juntando Arruda e Paulo Octávio. Nos bastidores a reunião dos velhos caciques já ganhou nome: Chapa Pandora.

Desgraças mitológicas

Como se sabe, a mitologia grega explica que A Caixa de Pandora foi o recipiente em que os deuses colocaram todas as desgraças do mundo, como guerras, discórdias e doenças do corpo e da alma. Como a corrupção e a mentira, por exemplo.