Senador Izalci em busca de apoios

O senador Izalci Lucas (PSDB) não perdeu tempo. Ontem mesmo, depois de ser ungido como candidato ao governo do DF pela federação entre seu partido e Cidadania, ele publicou um vídeo nas redes sociais dizendo que começaria a se movimentar para conseguir apoios. Não citou a briga encardida que travou com a deputada federal Paula Belmonte (Cid) durante semanas pela liderança da federação e, principalmente, pela candidatura ao governo.

Neófita foi engolida

Ainda que seja neófita na política, Paula Belmonte queria – como dizia Romário – sentar na janelinha do ônibus. Fez carnaval, se aproximou do senador José Antônio Reguffe, do União Brasil, se apresentou como candidata ao governo em vídeo nas redes sociais e acabou sendo engolida pela realidade. Izalci tem mais tempo na política, tem partido mais estruturado, está no meio do mandato e não entrou em joguinhos de imagem, prefirndo trabalhar politicamente, como se deve fazer.

A carta do preconceito

Paula Belmonte publicou um – literalmente – choroso vídeo em seu Instagram, reclamando da sina, dizendo que foi atropelada e não teve o menor pudor em jogar a carta da fragilidade e do preconceito, o que não pega bem na política. Disse que foi atropelada por ser mulher. Bobagem. Foi atropelada, se é que foi, por ser menos experiente e acostumada a mimos. O senador Izalci Lucas jogou com as cartas que tinha nas mãos, usando as regras do jogo. E jogou bem.

O marido da margarina…

Para completar o vexame e a esfarrapada desculpa de ser perseguida por ser mulher, o marido de Paula Belmonte, o advogado (e suplente, suprema ironia, do senador Izalci) Luís Felipe Belmonte (PDC), foi exposto como o marido de propaganda de margarina, protetor da esposa, indignado não pela derrota, mas pela dor da mulher, e chamando todo mundo de “canalhas, canalhas”, em vídeo que viralizou nas redes sociais.

…e a alpinista amadora

Paula Belmonte é uma política em construção. Tem feito um mandato razoável para uma primeira legislatura, mas sofre ainda da sofreguidão do alpinista amador, que não regula os passos e a respiração na hora de chegar ao topo da montanha. O sucesso dela na primeira campanha que participou foi turbinado por milhões de motivos saídos do bolso da família e não por suas propostas. O tempo da política, porém, é diferente do tempo do relógio…

Discrição na hora certa

Izalci Lucas, ao contrário, mostrou como a política deve ser encarada: com paciência, estrutura, conhecimento e, sobretudo, discrição. Não fez espalhafato, não saiu cantando vitória, ficou nas quatro linhas que delimitam o jogo, e saiu vitorioso. Paula Belmonte diz que vai recorrer à Justiça, mas é perda de tempo; a federação é soberana. Só vai servir para tumultuar a candidatura de Izalci e atrapalhar a federação, que, por lei, ainda estará valendo – embora desunida – por quatro anos.

Reguffe: vítima colateral

A movimentação Izalci x Paula ainda fez uma vítima colateral: o senador Reguffe. Ainda que ele decidisse disputar outro cargo que não o governo, ele fica sem uma parceria importante, com a saída de Paula Belmonte. A deputada pode tentar a reeleição, assim como o senador. Mas não terão vida fácil para qualquer cargo que desejem, seguindo mostram os levantamentos recentes. Reguffe, por exemplo, perderia tanto para o senado quanto para o governo.

A aula que vem de Minas

“O Izalci deu uma aula de política”, disse uma felpuda e bem vivida raposa política da cidade. Soube se recolher, escolher o campo e o adversário, e fazer o gol na hora certa, na tradição dos melhores políticos mineiros, lembrando que o senador é natural de Araújos, minúscula cidade de Minas Gerais.