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3 de fevereiro, 2025

CABO DE GUERRA A ensino público do DF virou um cabo de guerra. De um lado, o Sindicato dos Professores, que deflagrou greve sem prazo para encerrá-la. Do outro, o Tribunal de Justiça do DF, que determinou o fim da greve e impôs multa de R$ 300 mil por dia de paralisação. No meio deles, …

CABO DE GUERRA

A ensino público do DF virou um cabo de guerra. De um lado, o Sindicato dos Professores, que deflagrou greve sem prazo para encerrá-la. Do outro, o Tribunal de Justiça do DF, que determinou o fim da greve e impôs multa de R$ 300 mil por dia de paralisação. No meio deles, 472 mil alunos prejudicados por um movimento político-sindical que tirou professores e estudantes do lugar onde eles deveriam estar: nas escolas.

Sindicato peita Tribunal

O Sinpro decidiu peitar o TJDFT. Ignorou solenemente a sentença do desembargador Roberto Freitas, que determinou o retorno dos professores. A direção do sindicato diz, arrogantemente, que decisão judicial não suspende greve. Somente a assembleia geral marcada para a próxima quinta-feira teria poder de suspender a paralisação. Até lá, o Sinpro ameaça manter a greve mesmo que seja multado.

Sinpro ignora multa

O Sinpro também não está nem aí para a decisão do GDF em recorrer à Justiça para que o sindicato pague a multa de R$ 3 milhões aplicada em 2017, durante a greve no Governo Rodrigo Rollemberg. Se não pagou antes, por que iria pagar agora?

“Devo e não pago”

A resposta do sindicato à cobrança da multa é a mesma de milhões de brasileiros endividados: “Devo e não nego, pago quando puder”. No caso do Sinpro é: “pago quando quiser”. Mas a multa existe. O não pagamento dela pode entrar nas negociações com o GDF para acabar com a greve.

Lições que ficam

Fica a lição: multa não mete medo em sindicato. Multa não paga enfraquece quem a aplicou e fortalece quem foi multado.

Chico e a greve de 1998

O deputado distrital Chico Vigilante (PT) gravou e divulgou vídeo em que se solidariza com a greve dos “profissionais da educação”. Chico deve ter esquecido da longa greve dos professores de 1998, no governo do então petista Cristovam Buarque. Naquela greve, Chico não prestou solidariedade aos professores já que apoiava o governador Cristovam. Candidato à reeleição, Cristovam culpou a greve dos professores pela derrota para Joaquim Roriz.

Denúncia vira pizza

Chico também deve ter esquecido do sindicalista e petista Marcos Pato, um dos líderes da greve dos professores de 1998. Foi Pato quem levou o diretor financeiro da Associação dos Servidores da Fundação Educacional (Asefe), Firmino Nascimento, a denunciar que a instituição havia financiado irregularmente as campanhas dos petistas Cristovam, Wasny de Roure e do próprio Chico Vigilante. O caso virou CPI, que acabou em pizza.

Distorção dos números

Ao se solidarizar com os professores, Chico Vigilante distorce os números e as propostas do GDF. Ignora que o reajuste de 18% também vai incidir sobre as gratificações dos educadores que atuam na área rural, no ensino especial e na alfabetização. Faz questão de omitir que o reajuste avança em toda a composição do salário do servidor da Educação.

Reajuste acima de 18%

Na ponta do lápis, o reajuste proposto pelo GDF será maior do que 18% que foi concedido a todas as categorias. Isto porque, o aumento ocorrerá em três parcelas anuais de 6%, percentual que incidirá sempre em cima do salário do ano anterior. Assim, professor de Educação Básica que recebe hoje o piso nacional de R$ 4.420 passará a ganhar R$ 4.685 em julho de 2023. Já em julho de 2024, o salário chegará a R$ 4.966. E em julho de 2025, R$ 5.264. Logo, ao final o reajuste será de quase 20%. Mas isso o Sinpro não mostra.

Incômodo entulho

A população do DF admite os transtornos causados por obras viárias porque acredita nos benefícios que trarão quando concluídas. Mas o que os moradores não admitem é entulho de obras e de poda de árvores. A isto chamam de sujeira ou descaso, que acabam manchando a imagem do GDF.

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