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3 de fevereiro, 2025

CAJADO O ALGOZ DE BRASÍLIA Cláudio Cajado Sampaio. Este é o nome do deputado candidato a algoz do Distrito Federal. Ele é o relator do projeto que cria o marco fiscal dos gastos da União. Cajado é o pai do jabuti que ele infiltrou no projeto original do governo Lula para mudar as regras que repassam …

CAJADO O ALGOZ DE BRASÍLIA

Cláudio Cajado Sampaio. Este é o nome do deputado candidato a algoz do Distrito Federal. Ele é o relator do projeto que cria o marco fiscal dos gastos da União. Cajado é o pai do jabuti que ele infiltrou no projeto original do governo Lula para mudar as regras que repassam recursos federais ao Fundo Constitucional do DF, a fonte que irriga a segurança, saúde e educação da capital. O jabuti do Cajado já passou pela Câmara dos Deputados e agora aguarda decisão do Senado. Caso também seja aprovado pelos senadores, calcula-se que, entre 2025 e 2035, o DF deixe de receber R$ 87 bilhões do Fundo Constitucional.

Quem é a fera

Mas quem é Cajado? Esse soteropolitano de 60 anos começou a carreira política em 1989, quando se elegeu vereador no município de Dias D’Ávila (BA). Foi ajudado pela então prefeita Andreia Xavier, esposa de Cajado. Depois virou deputado federal, cargo que exerce há 28 anos. O primeiro mandato pela Bahia foi em 1995, quando tinha 32 anos. Atualmente, está no oitavo mandato consecutivo. Sempre se abrigou em legendas de direita, originárias da antiga Arena, o partido da ditadura militar. Começou no PFL, despois vestiu a camisa do DEM e está no Progressistas (PP) desde 2019.

Crimes eleitorais

Cajado carrega nos ombros a acusação de ter fraudado as eleições de 2004 à Prefeitura de Dias D’Ávila em benefício da esposa Andreia, que saiu vitoriosa. Mas o maridão passou a responder por crimes de corrupção eleitoral, coação de eleitor e falsidade documental. O processo foi arquivado em 2006.

O Estádio Cajadão

Andreia decidiu retribuir o empenho do maridão. Atropelando a Câmara de Vereadores, ela rebatizou o pequeno estádio municipal de futebol com um nome pomposo: “Cajadão”. A homenagem não agradou os vereadores, que moveram ação no Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia. Em 2014, o tribunal determinou retirar todas as placas contendo o nome “Cajadão” e multou a ex-prefeita.

Jabuti da censura

Cajado ganhou espaço na mídia nacional em 2013 ao tentar incluir um jabuti censor no projeto do Marco Civil da Internet. O deputado propôs que fosse banido das redes sociais qualquer conteúdo que, pela avaliação dele, falasse mal dos nobres deputados federais e senadores.  A censura à internet foi amplamente criticada e não prosperou.

Gordo Patrimônio

Cajado construiu um belo patrimônio como deputado federal. Patrimônio que engorda a cada mandato. Nas eleições de 2010, por exemplo, ele declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 7,8 milhões. Quatro anos depois, os bens declarados somaram R$ 11,1 milhões. Nas últimas eleições, o patrimônio declarado chegou a R$ 13 milhões.

Apartamento de luxo

Cajado também mora muito bem. Ele tem um apartamento no condomínio de luxo Mansão Margarida, um arranha-céu de 43 andares, localizado no Corredor da Vitória, uma das áreas mais nobres de Salvador. Valor declarado do apartamento: R$ 1,8 milhão. Cajado tem outros bens: é sócio de uma fazenda em Itapicuru (BA) e da empresa CCJ Agropecuárias, avaliadas em R$ 3 milhões.

Verba de gabinete

Mesmo com esse rico patrimônio, Cajado não dispensa a verba de gabinete repassada pela Câmara do Deputados. Todo mês, cada deputado recebe de R$ 111,6 mil para despesas da atividade parlamentar. Cajado está entre os campeões da gastança. Entre janeiro e a primeira quinzena de maio, ele gastou R$ 504 mil.

Tropa de assessores

Outra coisa que não falta no gabinete de Cajado: assessores. São 16 auxiliares, com salários que variam entre R$ 1.500 e R$ 14.000.  É muita gente pra servir cafezinho.

Ingratidão

Brasília hospeda o deputado baiano há 28 anos. Não há registro policial que Cajado tenha sofrido qualquer constrangimento ou agressão nas ruas da capital durante essas quase três décadas. Mas é assim, prejudicando a cidade, que Cajado retribui tudo o que Brasília lhe oferece. Ingrato.

 

Armando Guerra
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