DISCURSO E PRÁTICA

O presidente Lula, em discurso hoje na inauguração de uma nova ala da Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), ao voltar a atacar as taxas de juros adotadas pelo Banco Central, declarou: “Gasto é a gente pagar 13,75% de juros para o sistema financeiro deste país. Educação e saúde não são gastos, são investimentos”. O presidente está certo. Por isso mesmo, ele deveria dar o exemplo, retirando do projeto do novo Marco Fiscal, aprovado na Câmara dos Deputados e agora em tramitação no Senado, o jabuti que muda as regras do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF). A mudança vai retirar do fundo R$ 87 bilhões entre 2025 e 2035. Vale lembrar ao presidente que os recursos do fundo não são gastos, são investimentos nas áreas da saúde, educação e segurança no DF. Ou o presidente detona o jabuti ou discurso dele vira palavras ao vento.

PROPOSTA INDECOROSA

“Péssimo”. Assim a deputada federal Érika Kokay (PT) definiu o resultado da reunião que a bancada do DF teve hoje na Secretaria de Relações Institucionais, no Palácio do Planalto, para discutir mudanças que o Governo Lula que impor às regras de repasse do FCDF.  “Péssimo” porque, além de manter no projeto as mudanças no Fundo Constitucional, o governo não concordar em conceder, de uma só vez, os 18% de reajuste salarial das forças de segurança do DF, conforme havia se comprometido o governador Ibaneis Rocha (MDB). A proposta palaciana é parcelar os 18% em três vezes ao longo de três anos.

E agora, Érika?

Érica Kokay sentiu-se também péssima na reunião porque, durante o encontro, ela foi lembrada que a Câmara dos Deputados aprovou o projeto do novo Marco Fiscal com o apoio dos partidos de oposição, que deram 144 votos a favor do jabuti que prejudica o DF. Lembraram, inclusive, que o PT contribuiu com 66 votos favoráveis, inclusive o da combativa companheira petista Érika Kokay. É de se perguntar: o que ela agora vai dizer em casa?

A batalha continua

Mas nem tudo está perdido. Na próxima semana, deve acontecer mais uma rodada de negociação com o Palácio do Planalto. Desta vez, envolvendo, além da bancada brasiliense, o próprio governador Ibaneis Rocha, lideranças empresariais e representantes de partidos políticos da base aliada do Governo Lula solidários à luta de Brasília contra mudanças no Fundo Constitucional.

GUTEMBERG, O ETERNO

Soa demagógico o discurso do eterno presidente do Sindicato dos Médicos, Gutemberg Fialho, em defesa do Fundo Constitucional do DF.  Em quase 30 anos dirigindo o SindMédico, Gutemberg jamais pôs a categoria nas ruas para defender mais recursos para a saúde pública do Distrito Federal. Defende apenas aumento salarial para a categoria, o que também lhe beneficia, já que, sem pisar em qualquer hospital público, ele recebe do GDF salário de marajá: R$ 40 mil por mês.

VIANA VIAJA NA MAIONESE

Mais uma do deputado distrital sem noção Jorge Viana (PSD). Para justificar sua ausência na Câmara Legislativa e passeios pelas praias de Salvador, o barba-branca gravou um vídeo que circula na internet dizendo que estava na capital baiana para tratar do piso salarial dos enfermeiros. Como assim? Parece que Viana andou viajando na maionese.

Distrital distraído

Alguém precisa avisar ao barbudo que deputado distrital não tem qualquer poder de interferência em matéria que é exclusiva do Congresso Nacional. É também oportuno avisá-lo que no dia em agosto de 2022, o Congresso aprovou o piso nacional de enfermagem (enfermeiros R$ 4.750 e parteiras R$ 2.375), assegurando no orçamento da União R$ 7,3 bilhões para que estados e municípios paguem o novo teto salarial. E mais: é preciso ainda avisar ao distraído distrital que no dia 12 de maio o presidente Lula sancionou, sem vetos, o piso nacional de enfermagem.

Sol na cabeça

O sol baiano deve ter derretido o que resta de cérebro na cabeça do barca-branca. Aliás, Viana prestaria bons serviços ao DF se ficasse na Bahia.

O TÚNEL DO FUTURO

É na próxima segunda-feira a inauguração da obra mais esperada por Brasília: o Túnel Rei Pelé, que abre as portas para o novo e promissor futuro de Taguatinga. A cidade agradece.

Armando Guerra
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