Izalci e o retorno do que não foi
O senador Izalci Lucas (PSDB) está com a vida movimentada. Diz que está sendo cortejado pelo Partido Liberal mas acaba de colocar (sim, o verbo é esse e não eleger, como seria esperado) o filho Sérgio, que usa o nome do pai como sobrenome, na presidência do PSDB. Com um pé em cada canoa, acaba de se lançar candidato a governador do Distrito Federal numa eleição que vai acontecer daqui a três anos… é um exemplo de fé no futuro.
Uma coça histórica
É também um exemplo de amnésia do passado recente, porque há um ano Izalci levou uma coça histórica, daquelas de fazer perder o rumo, do eleitor brasiliense. O senador ficou numa nada honrosa sexta colocação, com 70.584, menos até que sua colega de Senado Federal, Leila Barros (PDT) e que o desconhecido Coronel Moreno (PTB).
Quem pode explicar?
Os analistas políticos da cidade não conseguem entender as motivações do veterano político para se submeter a uma nova prova indigesta como esta. Com um partido combalido nacionalmente, fazendo oposição aberta ao governo federal e distante de um governo local bem avaliado pelo eleitor, as chances de uma vitória são ainda mais remotas que em 2022. Talvez a numerologia ou outra ciência cabalística explique a pretensão.
A mosca azul ataca
Outro político mordido pela mosca azul do poder é o deputado federal Reginaldo Veras (PV), que lançou sua candidatura ao Buriti, talvez querendo marcar território à esquerda, mesmo furando o olho do companheiro Leandro Grass, candidato na última eleição. Veras parte do princípio de quem perdeu a eleição, sem sequer disputar um segundo turno, não pode mais pleitear a vaga. Mas não enxerga que o seu caminhão também não leva tanta areia.
Deputado apagado
Vera tem uma atuação apagada na Câmara Federal, mesmo com as facilidades que as bases governistas têm. Não busca verbas para o Distrito Federal, não tem ação nos grandes temas nacionais, não se destaca nos discursos e frustra os eleitores que depositaram nele a confiança na renovação. É o típico político que sabe muito sobre destruir e nada sobre construir.
Mais decepção
Outro deputado que decepciona fortemente é Fred Linhares (Republicanos), o segundo mais votado, com mais de 165 mil votos. Ele pouco comparece ao Congresso, prefere a tribuna do seu programa de televisão e nunca fez um discurso sequer. Não mostrou ao que veio. Jovem, tatuado, cheio de marra, tem dito que quer ser governador. Se não mudar vai ser difícil.
O fator Celina Leão
A vice-governadora Celina Leão tem tudo para ser a sucessora natural de Ibaneis Rocha no GDF. Já demonstrou fidelidade ao grupo que a elegeu quando substituiu o governador na crise do 8 de janeiro e tem trabalhado para manter os partidos unidos em torno de um projeto único, enfrentando as ameaças de defecção. Durante o período em que esteve como governadora, cuidou de proteger Ibaneis e também soube administrar a cidade, impedindo que as obras e ações do governo parassem. Mas nem tudo é flor nesse jardim.
Didi, Dedé, Muçum e Zacarias
A vice-governadora escolheu assessores e conselheiros que mais atrapalham do que ajudam. São eles os principais causadores de crises, provocando gente influente no GDF de maneira gratuita e criando arestas – são os trapalhões. Por coincidência, muitos desses conselheiros estiveram ao lado do ex-governador Paco Britto, trabalhando para que ele fosse o sucessor de Ibaneis ao invés de Celina. Não deu muito certo: Paco não conseguiu nem chegar perto de uma eleição para deputado distrital.
Armando Guerra
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