TERROR NO ALTIPLANO

Moradores do Altiplano Leste, no Jardim Botânico, estão indignados e assustados. Indignados pela arrogância de um trio de empresários que tem lotes e administra condomínios na região. Assustados pela soberba do trio, que manda e desmanda no Altiplano como se fosse dono da rua. Mais assustados ainda pela impunidade do trio, que desafia a polícia e a fiscalização do GDF ao continuar tocando obras mesmo depois do embargo de prédios que eles estão construídos em área de proteção ambiental. É o terror proliferando em terras onde havia paz.

Paraíso ecológico

O Altiplano Leste está a menos de 20 minutos do Plano Piloto. Integra a zona rural do Jardim Botânico e está na bacia do rio São Bartolomeu. Córregos, cachoeiras, espécies nativas do Cerrado fazem do Altiplano um paraíso natural. Na região vivem 20 mil moradores, distribuídos em chácaras, vilas e condomínios irregulares. Possui dois pequenos centros comerciais: o Marina da Rocha e outro agregado ao Condomínio Mini Chácaras. É neste que o trio empresarial está tocando o terror.

Obras na marra

Em agosto deste ano, o trio começou a construir dois grandes prédios na área comercial do Mini Chácaras. Ao mesmo tempo, passou a pavimentar, com bloquetes de cimento, 1 km do estacionamento do comércio. Sem permissão, removeu calçadas, arrancou árvores, deslocou postes da rede elétrica, desnivelou a frente das lojas, trocou de lugar a parada de ônibus e até obstruiu a passagem das águas das chuvas. Tudo feito na marra, à revelia dos moradores e sem autorização do GDF.

Operação Altiplano

No dia 1º de novembro, a Operação Altiplano, deflagrada pela Polícia Civil, DF Legal e Terracap, embargou as obras. Foram presos 23 operários. Todos bagrinhos. Os tubarões continuaram – e continuam – livres. São eles: Antônio Barra, João Carlos Couto Lóssio Filho e Nilton de Castro Machado Junior. Além de empresários, eles administram dois condomínios da região: o Privê Morada Sul – Etapa C e o Estância Quintas da Alvorada, vizinho ao Mini Chácaras, o centro das irregularidades.

Quem é quem

Antônio Barra foi síndico do Privê-Etapa C e é dono de diversos lotes comerciais no Mini Chácara, inclusive dos terrenos onde estão os prédios embargados. Barra conseguiu eleger Alexandre Barbosa como seu sucessor na administração do Privê. Barra virou procurador de Alexandre e passou a dirigir o condomínio. João Lóssio, por sua vez, foi administrador do Jardim Botânico e hoje é síndico do Condomínio Estância Quintas da Alvorada. Já Nilton de Castro tem terrenos no comércio do Mini Chácaras, mas que estão em nome de João Lóssio.

Invasão combinada

Usando o poder de síndicos e sendo donos de lotes comerciais, eles conseguiram tocar as obras com a conivência de alguns proprietários de terrenos e lojas no comércio do Mini Chácara. Para compensá-los pela ocupação e pavimentação da área em frente às lojas, o trio cedeu aos comerciantes espaços em terrenos vizinhos, invadindo lotes dentro do Mini Chácara. Tudo na marra, mais uma vez.

Novo Vicente Pires

A Operação Altiplano parou as obras dos prédios. Mas a pavimentação irregular do estacionamento continuou mesmo após o embargo das edificações. Resultado: o comércio do Altiplano virou bagunça. A reclamação é generalizada. O medo de retaliações é maior. Mas o medo maior dos moradores é que o Altiplano vire um novo Vicente Pires.

LADAINHA

A deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania) e o major Cláudio Mendes dos Cantos, líder do acampamento golpista no QG do Exército, rezam pela mesma cartilha. Paula alega que os pais dela estavam no acampamento apenas para orar. O major, em depoimento à CPI, também alegou que estava ali para rezar. Ladainha pra boi dormir.

Armando Guerra
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