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4 de fevereiro, 2025

O MANIFESTO DO PT Faltam três anos para as próximas eleições no Distrito Federal. Mas as fissuras entre grupos rivais dentro do Partido dos Trabalhadores do DF já começam a aparecer, revelando que as sucessivas derrotas nas urnas não foram suficientes para unificar as correntes do PT brasiliense. Quem agora puxa o coro dos descontentes …

O MANIFESTO DO PT

Faltam três anos para as próximas eleições no Distrito Federal. Mas as fissuras entre grupos rivais dentro do Partido dos Trabalhadores do DF já começam a aparecer, revelando que as sucessivas derrotas nas urnas não foram suficientes para unificar as correntes do PT brasiliense. Quem agora puxa o coro dos descontentes é o ex-deputado distrital e federal Geraldo Magela, derrotado por Joaquim Roriz nas eleições ao Palácio do Buriti em 2002. É dele a iniciativa de divulgar o manifesto “Fortalecer o PT para voltar a vencer”, dirigido à militância petista.

Ausência das estrelas

Mas para “voltar a vencer”, a petezada sabe que é preciso muito mais do que um manifesto. Tanto que apenas Magela e 60 petistas assinam o documento. Nele, faltou a assinatura da maior estrela do PT candango: o deputado distrital Chico Vigilante. Faltou também o chamegão da deputada federal Érika Kokay, única representante do PT brasiliense no Congresso Nacional.

Carta na manga

Para compensar a ausência das principais estrelas petistas, Magela conseguiu a adesão do deputado Ricardo Vale, atual vice-presidente da Câmara Legislativa. Há quem aposte que Vale é a carta na manga desse grupo nas disputas internas pela indicação do candidato do PT ao Palácio do Buriti em 2026. A conferir.

Memória seletiva

O manifesto relembra que o “PT-DF já elegeu 2 governadores, 2 senadores, chegou a ter 3 deputados federais numa bancada de 8 eleitos; já teve uma bancada de 7 deputados e deputadas distritais numa bancada de 24”. Esquece de mencionar que o PT desidratou diante do fracasso do Governo Cristovam Buarque (1995-1998), outro petista derrotado por Roriz, e dos escândalos do Governo Agnelo Queiroz (2011-2014), como o superfaturamento das obras do Estádio Mané Garrincha.

Terreno perdido

No manifesto, o grupo petista liderado por Magela põe o dedo na ferida ao reconhecer que o PT vem perdendo terreno para outras agremiações de esquerda. Diz o documento: “Desde algumas eleições passadas, o PT vem diminuindo sua importância política na Capital do País e perdendo espaços para outros partidos do campo popular e da esquerda”.

 


Fuga histórica

Mas faltou dizer que, nas eleições de 2022, pela primeira vez na história política de Brasília, o PT fugiu da luta. Não lançou candidato próprio ao Palácio do Buriti. Empurrou para a fogueira o então deputado distrital Leandro Grass, do minúsculo Partido Verde. Grass, o PT e os demais partidos que o apoiaram foram esmagados nas urnas por Ibaneis Rocha (MDB), o único governador do DF reeleito em primeiro turno.


 

Visibilidade zero

Ao manifesto, além de assinaturas das estrelas petistas, faltou divulgação. O documento foi ignorado pela mídia. Para ganhar espaço, Magela postou vídeo na internet pedindo a adesão da militância. Visibilidade inexpressiva. Nem mesmo o site oficial do PT-DF divulgou o documento. Ordem de quem manda no portal: Jacy Afonso, presidente do diretório regional do PT, que também não assinou o manifesto. É o PT sendo PT.

MAMATA NA JUSTIÇA

O Conselho da Justiça Federal aprovou quarta-feira (8) licença de um dia para cada três dias de trabalho ou compensação em dinheiro para juízes federais. Decisão tomada com base em precedente adotado pelo Ministério Público da União, que já implementou penduricalho semelhante. Valor da mamata: mais de R$ 11 mil por mês.

Causa própria

Enquanto isso, os 170 mil analistas de nível superior e técnicos de nível médio do Poder Judiciário da União estão sem reajuste salarial real há sete anos. Mais contraditório ainda é que os analistas especialistas em Direito são proibidos de advogar. Já magistrados e procuradores podem defender causas em benefício próprio às custas dos cofres públicos.

 

Armando Guerra
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