Brasília Agora


COLUNAS

AGORA-DF

4 de dezembro, 2023

SOS CERRADO O Distrito Federal ganhou ontem 10 mil mudas de espécies nativas do Cerrado. Plantio determinado pelo Decreto 44.606, de 7 de junho de […]

AGORA-DF
No Parque Ecológico Ezechias Heringer, filhas do ambientalista que dá nome ao local participaram do movimento; iniciativa contemplou unidades de conservação em todo o DF. Foto: Divulgação/Brasília Ambiental.

SOS CERRADO

O Distrito Federal ganhou ontem 10 mil mudas de espécies nativas do Cerrado. Plantio determinado pelo Decreto 44.606, de 7 de junho de 2023, que estabelece que no primeiro domingo de cada ano será comemorado o Dia de Plantar uma Muda Nativa do Cerrado. Memorável iniciativa, porém, ainda muito pouco para um bioma que vem sendo desmatado em ritmo bem maior do que o da Amazônia. Muito pouco também para o DF, onde o desmatamento aumentou 60,5% em setembro deste ano em comparação ao mesmo mês de 2022.

Devastação acelera

A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) tem como meta plantar 1 milhão de espécies nativas em todo o DF até o final de 2026. O plantio é importante e necessário para recuperar de áreas degradadas, mas isso só não basta para frear o acelerado desmatamento. Enquanto se pretende plantar 1 milhão de árvores em quatro anos, milhares de hectares do Cerrado desaparecem em poucos dias.

Destruição gigante

As chuvas atrasadas de dezembro ajudam a conter a destruição, mas não apagam os números da devastação. Em 2022, foram queimados 51,4 mil hectares do Cerrado no quadradinho. Em 2023, já foram devorados 83 mil hectares, quase duas vezes o tamanho da região administrativa de Brazlândia. São quase 135 mil hectares destruídos em menos de dois anos.

Chuva e calor

O desmatamento do Cerrado é apontado como uma das principais causas das altas temperaturas registradas no DF entre agosto e novembro, mês que não registrou chuvas no nível esperado para a época. Ainda que tenha começado a cair chuvas mais intensas, a temperatura continua aquecida. Deve chegar a 30 graus até sexta-feira. Tempo de chuvas, mas também de calor.

Causas conhecidas

As causas do desmatamento acelerado no DF são mais do que conhecidas: expansão do agronegócio, grilagem de terras públicas, ocupação urbana irregular. Neste caso, o maior exemplo é Vicente Pires, cinturão verde transformado em cidade erguida sem respeito ao uso do solo e sem infraestrutura. Outras áreas estão tomando o rumo do mesmo destino de Vicente Pires. É o caso do Altiplano Leste, no Jardim Botânico, região de riachos, cachoeiras e vegetação nativa que vem sendo ocupada por condomínios e prédios irregulares.

Desmatamento Zero

Ainda é tempo de conter a devastação desenfreada. Já tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 2258/23 do deputado Amom Mandel (Cidadania-AM), que proíbe o corte de vegetação nativa em todo o país pelo período de quatro anos. A chamada Lei do Desmatamento Zero tem poucas chances de ser aprovada do jeito que foi proposta. Mas, pelo menos, abre-se o debate.

Exemplos a seguir

Decretos como o que estabeleceu o Dia de Plantar uma Muda do Cerrado serão sempre bem-vindos. Mas é preciso avançar mais, a exemplo de Goiás e do Mato Grosso, onde o agronegócio predomina. Este ano, ambos estados conseguiram reduzir em 18% o desmatamento do Cerrado. Um bom exemplo que o DF precisa copiar sem medo de ser feliz.


FEIRA DO ROLO

Violência policial, prisões, gás de pimenta, moradores revoltados, artesãos indignados, turistas apavorados. Foi isso que rolou na Feira do Troca de Olho D’Água, em Alexânia. Pela primeira vez em 49 anos, a tradicional feira não aconteceu na Praça da Igreja de Santo Antônio. Imposição do padre Cleyton Garcia, que não quer que a feira seja realizada em frente à igreja. Alega que o terreno é da Arquidiocese de Anápolis. Os moradores, agora, tentam apresentar e aprovar projeto de lei tombando a praça e a feira como patrimônios de Olhos D’Água. Até lá, o satânico padre continuará com suas diabruras. Precisa, urgentemente, ser exorcizado.


Armando Guerra
[email protected]