
Gourmet Brasília
Galinha à Cabidela, o prato preferido de JK
Durante a construção de Brasília, entre 1956-1961, ele não dispensava uma galinha ao molho pardo
2024 começou
A afirmação é antiga, mas continua verdadeira; tudo o que aconteceu até agora em 2024 é apenas o prenúncio para um ano que promete ser animado, principalmente na política
Terminado o carnaval, o ano começa de verdade no Brasil. A afirmação é antiga, mas continua verdadeira; tudo o que aconteceu até agora em 2024 é apenas o prenúncio para um ano que promete ser animado, principalmente na política, e até no Distrito Federal, que nem eleição tem, como vai ocorrer em todo o resto do país. Então, afivele o cinto…
Os temporais que desabaram sobre o DF nos primeiros dias de fevereiro causaram pânico em muita gente. O volume de água que veio do céu provocou inundações apesar de todos os cuidados que foram tomados, como a criação de lagoas de contenção e a limpeza do sistema de captação pluvial. Mas horas depois do fim da chuva tudo voltou ao normal, com centenas de trabalhadores fazendo a limpeza das ruas.
Mas algumas pessoas tentaram faturar politicamente. A deputada federal Erika Kokai (PT) gravou um vídeo depois da retirada de invasores do Setor Noroeste, autorizada pela Justiça, mostrando todo o oportunismo que a política de baixo calão proporciona. A deputada tentou apelar para a simpatia das pessoas, mostrando que os invasores ficaram sem seus barracos, deixando de dizer, por exemplo, que todos ali tinham recusado a oferta de abrigo, mesmo sabendo que a desocupação tinha sido autorizada.
Mas o que mais chamou a atenção de quem viu a gravação que a deputada Erika postou em suas redes sociais foi o vestido de linho branco 120, caríssimo, que ela usava no meio daquelas pessoas que andavam em farrapos. É um novo jeito de fazer política: abraçar os miseráveis vestindo grifes.
A deputada certamente não tem andado pela cidade, invadida por barracos de lona em todas as áreas, porque algumas pessoas se aproveitaram de decisão do Supremo Tribunal Federal que proíbe a retirada e o confisco das posses (barracos, cobertores, panelas) dos invasores em terra pública. O resultado é que Brasília, que tem muitos lotes públicos, virou um imenso território para invasores.
A Secretaria de Desenvolvimento Social tem oferecido abrigo e condições de subsistência, mas os invasores se recusam a sair dos locais que ocupam. O problema fez com que o GDF criasse uma força tarefa para tentar uma solução consensual. As propostas serão acordadas com os ministros do STF.
Quem está há mais tempo no Distrito Federal certamente se lembra das imensas favelas do Plano Piloto, nos anos 1980, especialmente na Asa Norte, quando quadras inteiras foram invadidas por pessoas que buscavam trabalho. O governo José Aparecido foi marcado pelo descaso com essas famílias e com a própria cidade, até que Joaquim Roriz criou Samambaia e outras regiões, que abrigaram os invasores em lotes definitivos, ainda que não urbanizados.
Mas a deputada Erika Kokay parece ter memória curta. Se esquece da inação dos dois governos petistas que Brasília teve que suportar. Cristovam Buarque e Agnelo Queiróz se notabilizaram pelo que deixaram de fazer pela cidade no período em que estiveram à frente da administração. Deixaram crescer invasões, não ofereceram moradia e dignidade para famílias mais humildes e a situação chega aos dias de hoje como se fosse responsabilidade de um só governo.
No governo Cristovam um episódio marcou a história da cidade, quando houve a tentativa de desocupação da Estrutural. A violência da ação petista foi tamanha que cinco pessoas morreram no triste episódio que a deputada petista prefere tentar enterrar.
A deputada tenta ressuscitar um jeito de fazer política que não cabe mais no Distrito Federal, já que todos os grupos políticos tiveram oportunidade de mostrar sua competência. Ou não. Ninguém tem saudade dos governos petistas, sensação semelhante ao período arrudista e seus escândalos e do PSB de Rollemberg, que não deixou nenhuma lembrança além do viaduto caído no meio da capital do país.
Durante a construção de Brasília, entre 1956-1961, ele não dispensava uma galinha ao molho pardo
O setor de serviços do Distrito Federal registrou alta expressiva de 9,2% em fevereiro de 2025, na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados pelo IBGE.
Roberta D’Albuquerque é psicanalista, autora de Quem manda aqui sou eu – Verdades inconfessáveis sobre a maternidade e criadora do portal A Verdade é Que…