AGORA-DF
4 de fevereiro, 2025 | Por: Armando Guerra2024 começou
A afirmação é antiga, mas continua verdadeira; tudo o que aconteceu até agora em 2024 é apenas o prenúncio para um ano que promete ser animado, principalmente na política
Feliz ano novo. 2024 começou
Terminado o carnaval, o ano começa de verdade no Brasil. A afirmação é antiga, mas continua verdadeira; tudo o que aconteceu até agora em 2024 é apenas o prenúncio para um ano que promete ser animado, principalmente na política, e até no Distrito Federal, que nem eleição tem, como vai ocorrer em todo o resto do país. Então, afivele o cinto…
Chuva lava o DF
Os temporais que desabaram sobre o DF nos primeiros dias de fevereiro causaram pânico em muita gente. O volume de água que veio do céu provocou inundações apesar de todos os cuidados que foram tomados, como a criação de lagoas de contenção e a limpeza do sistema de captação pluvial. Mas horas depois do fim da chuva tudo voltou ao normal, com centenas de trabalhadores fazendo a limpeza das ruas.
Faturando a desgraça alheia…
Mas algumas pessoas tentaram faturar politicamente. A deputada federal Erika Kokai (PT) gravou um vídeo depois da retirada de invasores do Setor Noroeste, autorizada pela Justiça, mostrando todo o oportunismo que a política de baixo calão proporciona. A deputada tentou apelar para a simpatia das pessoas, mostrando que os invasores ficaram sem seus barracos, deixando de dizer, por exemplo, que todos ali tinham recusado a oferta de abrigo, mesmo sabendo que a desocupação tinha sido autorizada.
… com vestido de grife
Mas o que mais chamou a atenção de quem viu a gravação que a deputada Erika postou em suas redes sociais foi o vestido de linho branco 120, caríssimo, que ela usava no meio daquelas pessoas que andavam em farrapos. É um novo jeito de fazer política: abraçar os miseráveis vestindo grifes.
Invasores por toda parte
A deputada certamente não tem andado pela cidade, invadida por barracos de lona em todas as áreas, porque algumas pessoas se aproveitaram de decisão do Supremo Tribunal Federal que proíbe a retirada e o confisco das posses (barracos, cobertores, panelas) dos invasores em terra pública. O resultado é que Brasília, que tem muitos lotes públicos, virou um imenso território para invasores.
Força tarefa do governo
A Secretaria de Desenvolvimento Social tem oferecido abrigo e condições de subsistência, mas os invasores se recusam a sair dos locais que ocupam. O problema fez com que o GDF criasse uma força tarefa para tentar uma solução consensual. As propostas serão acordadas com os ministros do STF.
Um pouco de História
Quem está há mais tempo no Distrito Federal certamente se lembra das imensas favelas do Plano Piloto, nos anos 1980, especialmente na Asa Norte, quando quadras inteiras foram invadidas por pessoas que buscavam trabalho. O governo José Aparecido foi marcado pelo descaso com essas famílias e com a própria cidade, até que Joaquim Roriz criou Samambaia e outras regiões, que abrigaram os invasores em lotes definitivos, ainda que não urbanizados.
Memória curta
Mas a deputada Erika Kokay parece ter memória curta. Se esquece da inação dos dois governos petistas que Brasília teve que suportar. Cristovam Buarque e Agnelo Queiróz se notabilizaram pelo que deixaram de fazer pela cidade no período em que estiveram à frente da administração. Deixaram crescer invasões, não ofereceram moradia e dignidade para famílias mais humildes e a situação chega aos dias de hoje como se fosse responsabilidade de um só governo.
Tragédia da Estrutural
No governo Cristovam um episódio marcou a história da cidade, quando houve a tentativa de desocupação da Estrutural. A violência da ação petista foi tamanha que cinco pessoas morreram no triste episódio que a deputada petista prefere tentar enterrar.
Política velha
A deputada tenta ressuscitar um jeito de fazer política que não cabe mais no Distrito Federal, já que todos os grupos políticos tiveram oportunidade de mostrar sua competência. Ou não. Ninguém tem saudade dos governos petistas, sensação semelhante ao período arrudista e seus escândalos e do PSB de Rollemberg, que não deixou nenhuma lembrança além do viaduto caído no meio da capital do país.