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23 de fevereiro, 2024 / Por: Armando Guerra

Gratidão na política não chega ao Distrito Federal

O governador Ibaneis Rocha costuma elogiar a ação dos deputados, mas talvez seja só para ver se consegue despertar os “aliados”.

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Foto: Renato Alves/Agência Brasília

Gratidão na política não chega ao DF

O vetusto senador Antônio Carlos Magalhães costumava dizer que sem gratidão ninguém faz política. Ele acumulou poder durante sua longa carreira pública, fez muitos inimigos mas angariou uma legião de aliados. Se estivesse vivo e acompanhasse a política do Distrito Federal teria sustos e sobressaltos com a atuação de grande parte da bancada governista da Câmara Legislativa. O governador Ibaneis Rocha costuma elogiar a ação dos deputados, mas talvez seja só para ver se consegue despertar os “aliados”.

Governistas apáticos

É muito estranho que diante de discursos duros feitos pela oposição, como nessa semana em que a volta às aulas foram tema de críticas. Não houve uma voz favorável ao governo. E olha que havia o que mostrar: o cartão material escolar que dá a oportunidade para que 159 mil alunos possam comprar tudo o que precisam para estudar (iniciativa que só existe no GDF), todas as faixas de pedestres em frente as escolas foram recuperadas e pintadas, novas escolas e creches, entre muitas outras ações. Mas os deputados governistas se calaram.

Fazendo gol contra

É mais estranho ainda que um deputado como o pastor Daniel de Castro (Progressistas, mesmo partido da vice-governadora Celina Leão e que só se elegeu por causa das obras que Ibaneis Rocha fez em Vicente Pires, cidade que ele administrou na gestão passada) comemore a derrubada de um veto dos deputados, desrespeitando uma decisão do governador. Há muitos versículos sobre gratidão na Bíblia, mas o pastor parece desconhecê-los. No futebol, seria um gol contra.

Projeto inconstitucional

O parlamentar ocupou a tribuna para, inclusive, pressionar o governador para sancionar um projeto frágil e inócuo que havia sido vetado. O que o deputado pastor não diz é que o projeto – pretensamente para defender a mulher – é flagrantemente inconstitucional (e por isso foi vetado), já que tenta ir além do código penal para punir infratores. Aliás, estranho, porque Daniel de Castro também é advogado.


Bolsa menstruação

Os deputados da situação também derrubaram o veto de um projeto que obriga o governo a dar absorventes higiênicos para a população de rua e outro, estranho por não servir para nada, que cria o relatório anual de vitimização dos profissionais de saúde. Mas o ponto alto do descompromisso dos parlamentares com o governo é representado pela derrubada do veto ao projeto que permite à Codhab contrate aprovados em concursos.


Interesse do presidente

O detalhe é que o presidente da casa, deputado Welington Luiz, do mesmo partido do governador, foi presidente da companhia durante todo o mandato passado e se elegeu graças ao poder que Ibaneis cedeu a ele. O parlamentar ainda tem grande influência na Codhab e tem todo interesse no projeto que não interessa em nada ao governo do qual deveria ser aliado.


Falta do que fazer

Um grupo de radialistas da cidade – alguns deles apreciadores de verbas públicas – se reuniu num restaurante para discutir de que lado cada um vai ficar nas próximas eleições do Distrito Federal. Havia até algumas garrafas de bebida alcoólica na mesa, mas ninguém parecia alterado o suficiente para antecipar tanto o calendário, já que o pleito só vai acontecer daqui a três anos. Houve quem defendesse uma aliança com o candidato da esquerda – seja ele quem for – acreditando que o Palácio do Planalto possa abastecê-los de… notícias?


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