AGORA-DF
4 de fevereiro, 2025 | Por: Armando GuerraO preço de uma campanha imunda
Grass ocupa a presidência do Iphan, um presente que ganhou, mesmo sem ter qualificações para o cargo
O preço de uma campanha imunda
Leandro Grass, candidato a governador derrotado do PV (coligado com o PT), está pagando o preço pela campanha imunda que fez. Diante de diversas postagens e propaganda eleitoral mentirosas, o Tribunal Regional Eleitoral do DF o condenou a oito anos de ostracismo na política: está cassado nas próximas eleições e, pior, pode perder a sinecura que ganhou do governo federal.
Grass sem emprego
Grass ocupa a presidência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), um presente que ganhou, mesmo sem ter qualificações para o cargo. A Justiça pode repor a responsabilidade, já que segundo o artigo 15, III, do decreto federal 10.892/21, quem está inelegível não pode ocupar cargos comissionados executivos. Vale dizer que a Lei está em vigor desde 1921!
Contra reforma da praça
Como presidente do Iphan, Grass ficou conhecido principalmente por duas ações: uma delas coloca o chorinho como patrimônio imaterial; a outra impede uma reforma da praça dos Três Poderes que o GDF está tentando fazer há tempos, o que certamente tem irritado os ocupantes do local, incluindo os ministros do STF, apenas porque acha que prejudicando a capital faz oposição a Ibaneis Rocha.
Professor de quem?
Grass gosta de se apresentar como professor. Mas há pelo menos uma década não entra em sala de aula e talvez tenha vergonha de se apresentar como político, embora não faça outra coisa há 10 anos, inicialmente como o 24º deputado distrital – foi o último colocado – e depois como bucha na eleição de governador (ninguém do PT acreditava que pudesse vencer Ibaneis). No máximo, Grass é um ex-professor.
A grande obra do deputado
Grass vai ser eternamente lembrado pelo brasiliense por ter sido o autor da lei que impede os mercados e supermercados de fornecer sacos de plástico aos clientes, que agora têm que pagar pelo recipiente para não sair equilibrando as compras. Na lei ele poderia ter substituído os sacos por material biodegradável ou mesmo papelão, mas preferiu punir o consumidor e aumentar o lucro dos empresários.
Torcida com meia verdade
Mas Grass tem torcedores. Um prestigioso jornal da cidade chegou a publicar em sua coluna política que Leandro Grass por pouco não disputa o segundo turno, o que não chega nem perto de ser uma meia verdade. Grass teve 26% dos votos no primeiro turno – não mais que isso.
Os crimes de Grass
O TRE considerou que Grass cometeu crime ao usar de fake news na campanha para tentar difamar o governador Ibaneis Rocha. Foi condenado por disseminação de notícias falsas, grave desinformação, calúnias e difamação. O resultado foi o placar de 4 a 2 pela inelegibilidade de Grass.
Voto didático
O desembargador Renato Guanabara foi didático em seu voto: “Todos acompanhamos a evolução do TSE, que busca coibir fortemente o uso das fake news (notícias falsas). Principalmente aquelas que se utilizam de conteúdos fabricados ou manipulados para difundir fatos notoriamente inverídicos ou descontextualizados”.
Educado quando quer
Grass vai recorrer ao TSE que, como lembrou o desembargador, tem sido duro com o uso de notícias mentirosas e calúnias proferidas por candidatos. Dificilmente os ministros vão reformar a decisão do tribunal do DF. Afinal, as provas dos descalabros verbais de Grass são robustas e incontestáveis. Grass fez uma postagem nas redes sociais reclamando da decisão; desta vez foi educado. Bem diferente da campanha.