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18 de março, 2024 / Por: Armando Guerra

DETRITO FEDERAL

Nos últimos 2 meses: 18 mil toneladas. Lixo despejado por cidadãos que têm a maior renda per capita do país e o maior índice de escolaridade do Brasil. Gente rica e escolarizada, porém, sem educação

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Contratação de 12 caminhões e uso de um robô torna limpeza das redes de drenagem mais eficiente | Fotos: Joel Rodrigues/ Agência Brasília

DETRITO FEDERAL

Renda e educação andam juntas no Distrito Federal, mesmo quando ter renda alta não significa necessariamente ter boa educação. É o que se constata diante do volume de lixo retirado dos bueiros do DF nos últimos dois meses: 18 mil toneladas. Ou seja, foram por dia 300 toneladas de latas, garrafas, pneus, fraldas, sofás e até geladeiras. Foi preciso um batalhão de 100 homens e uma frota de 12 caminhões, trabalhando todos os dias, para retirar essa montanha de detritos. Lixo despejado por cidadãos que têm a maior renda per capita do país e o maior índice de escolaridade do Brasil. Gente rica e escolarizada, porém, sem educação.

Ricos poluem mais

A classe A/B, por ter mais dinheiro, é a que mais consome e a que mais produz lixo doméstico. Em Brasília tem um agravante. Aqui, a renda média mensal per capita é quase o dobro do rendimento dos brasileiros que vivem fora do quadradinho. Em 2023, a renda média brasileira por mês foi de R$ 1.893; em Brasília, chegou a R$ 3.357. O serviço público federal e distrital responde por 40% da massa salarial no DF. No setor, 75% dos trabalhadores ganham mais de R$ 5 mil e 25% recebem acima de R$ 13 mil.

Escolaridade superior

A grande maioria desses trabalhadores completou o ensino médio e pelo menos 37% deles têm curso superior, o que torna Brasília a capital que concentra, proporcionalmente, a maior população com formação universitária. Todos são contribuintes. Pagam impostos. Mas não sabem calcular o tamanho da conta que pagam para que o lixo que despejam nas ruas seja retirado.

Operação limpeza

São mais de 100 mil bueiros em todo o DF. Para remover o lixo dessa enorme rede, o Governo Ibaneis tem investido em homens, máquinas e tecnologia. As operações diárias envolvem serviços de limpeza, desobstrução e inspeções dos bueiros, feitas por robôs que filmam a sujeira acumulada nas galerias.

Dinheiro no lixo

Todo esse serviço custa ao contribuinte R$ 45 milhões, o equivalente a R$ 123,2 mil gastos por dia para que a Novacap possa desobstruir as galerias pluviais. Dinheiro que está indo para o ralo. Grana literalmente jogada no lixo – ou melhor, na retirada do lixo despejado pelo próprio contribuinte. Gente endinheirada, escolarizada e, infelizmente, porca. Com todo respeito aos suínos.

SETE DIAS SEM PAULINHO

A Igreja de Nossa Senhora do Lago, na Península Norte, ficou pequena diante da multidão que compareceu à missa de sétimo dia do jornalista Paulo Pestana, realizada domingo (17). A viúva Zelinda Lucca e os filhos Rafael e Pedro agradeceram os abraços e lágrimas de solidariedade. A legião de amigos reuniu cidadãos comuns – muitos dos quais, personagens das crônicas de Paulinho – e autoridades do alto escalão do Palácio do Buriti. Entre elas, o governador Ibaneis Rocha, o secretário de Comunicação do GDF, Weligton Moraes, e o secretário de Governo, José Humberto.

O grão do trigo

Em sua homilia, o padre Olmer Garcia, em referência ao que Paulinho plantou e colheu como cidadão e como profissional, citou passagem do Evangelho que diz: o grão do trigo precisa morrer para germinar, para produzir frutos.

Menino Passarinho

Ao final da cerimônia, o cantor Fernando Lopes (93 anos), amigo de JK, emocionou a todos ao cantar “Menino Passarinho”, de Luiz Vieira. Fernando e Paulinho se conheceram na Rádio Nacional e mantinham uma longa e forte amizade. Encerrando a missa, o público, de pé, homenageou o jornalista com uma longa e sonora salva de palmas.

DECRETO

Espera-se para os próximos dias decreto do governador Ibaneis Rocha dando à Sala Funarte novo nome: Centro Cultural Paulo/ Pestana.

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