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Presidente do Senado disputa espaço com ministro de Minas e Energia e mira autarquias que lidarão com Margem Equatorial
Convidado da comitiva do governo ao Japão e ao Vietnã, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), recebeu um tratamento especial no avião presidencial, sendo alocado na área reservada para as figuras mais importantes da missão, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se acomodou em uma poltrona nos fundos.
A distância entre o chefe do Congresso e o integrante do primeiro escalão foi mantida nos compromissos da semana passada. Silveira, segundo aliados, até mesmo titubeou em aceitar ser incluído no grupo de autoridades do périplo internacional. O ambiente entre os dois não era bom.
O mal-estar tem como pano de fundo o fato de Alcolumbre fazer pressão sobre o governo por indicações para agências de setores de infraestrutura, como as de Petróleo e Gás (ANP), Aviação Civil (Anac) e Energia Elétrica (Aneel), que hoje têm diretorias interinas. E é justamente nessa área, também sob influência de Silveira, o ponto delicado da relação. Ambos disputam espaço para ter a palavra final. Procurados, tanto Alcolumbre quanto Silveira não quiseram se manifestar sobre o tema.
No papel, a prerrogativa de escolher quem assume as vagas é de Lula, e cabe ao Senado sabatinar os candidatos, aprovando-os ou não. Mas um acordo firmado no governo Bolsonaro com a cúpula do Congresso delegou essa função aos parlamentares. Alcolumbre já fez outras indicações ao governo, inclusive de membros da sua família.
No caso da ANP e da Agência Nacional de Mineração (ANM), que também conta com interino em sua diretoria, há um interesse específico de Alcolumbre para que contem com quadros que tenham a anuência do Senado: os dois órgãos terão um papel relevante nas pesquisas da Margem Equatorial, ao definir um modelo de exploração e acompanhar e fiscalizar os trabalhos na faixa de terra que pode ter até 30 bilhões de barris de petróleo.
O tema é prioritário para Alcolumbre, já que contemplaria o seu estado, o Amapá. Diante do descontentamento, o presidente do Senado levou a questão à ministra da Secretaria das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
Lula viu na viagem à Ásia uma oportunidade de reaproximação e insistiu na ida de Silveira, que havia alegado outros compromissos para não embarcar. Segundo os presentes, porém, ficou claro o distanciamento com Alcolumbre.
Na negociação para as agências, alguns nomes já estão na mesa do presidente do Senado, como Arthur Watt Netto, que foi indicado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA) para assumir a ANP, e Guilherme Sampaio, que já é diretor, mas deve assumir a direção-geral da ANTT. Há indefinição acerca de outros nomes, sobre os quais é necessário chegar a acordos com o governo. Por isso, Alcolumbre espera ter todos os indicados alinhados antes de enviá-los à Comissão de Infraestrutura.
O acordo pelos cargos é considerado fundamental para Lula se acertar com Alcolumbre, já que o senador pode ser um aliado estratégico para levar adiante pautas do governo e, com sua influência sobre a política interna na Casa, baixar a fervura da oposição.
Presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, Marcos Rogério (PL-RO) diz que a demora do governo em um acordo deixa agências “enfraquecidas”:
— Não é só o Alcolumbre insatisfeito. O parlamento está incomodado. Existem agências comandadas por interinos, que não foram sabatinados. Alguns nem sequer são do quadro permanente das agências em questão. A agência, com isso, perde a altivez, a independência.
Familiares de Alcolumbre têm cargos distribuídos em diferentes áreas do governo. Seu irmão, Josiel, é presidente do Sebrae no Amapá desde 2022, cargo definido por eleição, mas no qual a influência do governo pesa na escolha.
Na esfera federal, Aharon Alcolumbre, primo do senador, foi nomeado diretor na Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) em agosto. A autarquia é vinculada à pasta da Integração e Desenvolvimento Regional, do ministro Waldez Goés, ligado ao presidente do Senado. Outro primo, Max, chefia a divisão amapaense da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Esbserh).
Em nota, Alcolumbre afirma que não teve ingerência no cargo ocupado por Max. O presidente do Congresso cita o fato de o primo ser médico e concursado. Josiel, por sua vez, diz que sua escolha para presidir o Sebrae no estado foi resultado de uma eleição interna “disputadíssima”. Os demais citados não responderam aos contatos da reportagem.
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