POLÍTICA

Após queda de popularidade, Lula diz que pesquisas fazem efeito depois que ‘a campanha começa’

6 de fevereiro, 2025 | Por: Agência O Globo

Lula concede entrevista a rádios baianas nesta quinta-feira, um dia após falar com veículos mineiros

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Após uma pesquisa Quaest indicar queda em sua aprovação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que os levantamentos só fazem efeito depois que as campanhas eleitorais começam.

— É muito distante do processo eleitoral para ficar discutindo pesquisa. Temos que dar tempo ao tempo, a pesquisa de verdade começa a fazer efeito a partir do momento em que a campanha começa. O restante é estatística que temos que respeitar mas que não podemos levar tão a sério — disse o presidente. — Ninguém é candidato com tanto tempo de antecedência. Na hora que o povo tem que votar para governar o país, o povo não é bobo. Estou consciente disso, as eleições estão muito longe e é muito difícil dizer quem vai ganhar ou perder. Se depender de mim, o negacionismo nunca mais governa esse país.

Pesquisa Genial/Quaest divulgada na semana passada mostrou que o índice de aprovação ao governo Lula (PT) recuou cinco pontos, de 52% para 47%, e ficou pela primeira vez atrás do percentual dos que reprovam a atual gestão. Segundo o levantamento, 49% agora dizem desaprovar a atuação do presidente, dois pontos a mais do que o índice dos que aprovam.

Lula concede entrevista a rádios baianas nesta quinta-feira, um dia após falar com veículos mineiros. As conversas com jornais regionais fazem parte da estratégia de comunicação do governo e foram retomadas após a cirurgia na cabeça feita pelo petista em dezembro.

O presidente também retoma, hoje, a agenda de viagens nacionais. Nos últimos meses, o petista ficou em Brasília se recuperando do procedimento. Ele foi liberado pela equipe médica para retomar as viagens e os exercícios na última semana.

Hoje Lula vai ao Rio de Janeiro, onde participará da cerimônia de reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB).

Reforma ministerial

O nome da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) passou a ser citado entre ministros do governo como opção para o ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI), hoje comando por Luciana Santos, do PCdoB.

Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizem que ela seria um bom quadro para o governo, por ser jovem e de “perfil de centro”.

A sugestão foi levada a Lula, que ainda não tomou decisão sobre a pasta. Uma mudança no MCTI, no entanto, é dada como certa por integrantes do Palácio do Planalto.

Aliados destacam que a vontade de Lula é usar a reforma ministerial para oxigenar a relação com partidos de centro, mas também trazer nomes que possam ajudá-lo a se conectar com parcelas do eleitorado atualmente descontentes com o governo.

Tabata tem como ativo os mais de 600 mil votos que recebeu na corrida pela prefeitura de São Paulo, o fato de ter trajetória ligada à defesa de temas da Educação e de dialogar com um público de centro-esquerda, diz um ministro.

Além disso, seria um gesto ao prefeito do Recife, João Campos, de quem Tabata é namorada. Bem posicionado em pesquisas de intenção de voto para o governo de Pernambuco, ele assumirá o comando do PSB.

A possibilidade da legenda ficar com o MCTI começou a ser aventada diante da possibilidade de a mexida na Esplanada tirar o vice-presidente Geraldo Alckmin do comando do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

Apesar de ter bom desempenho à frente da pasta, o espaço pode ser necessário para acomodar aliados, caso do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que Lula deseja trazer para o governo.

A ideia é deixar Alckmin com mais tempo livre para dividir com o presidente as agendas que ele espera colocar de pé ao redor do país ao longo deste ano. O vice ficaria encarregado de focar em estados com mais resistência ao petista, caso das regiões Sudeste e do Sul, diz um auxiliar de Lula.

Apesar de as duas legendas fazerem parte do arco de alianças que elegeu Lula em 2022, o PCdoB tem somente seis deputados na Câmara. Já a bancada do PSB é um pouco mais robusta, com 15 parlamentares. Integrantes do governo citam a importância de a reforma ministerial compensar a legenda de Alckmin caso ele deixe o Mdic, ainda que seja necessário mexer com outro partido do campo da esquerda.

O PSB chegou a ter três ministérios no início do governo, mas perdeu a Justiça com a ida de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF) e ficou sem Portos e Aeroportos com a chegada do Republicanos ao governo. Então titular da pasta, o ministro Márcio Franca foi deslocado para o Ministério do Empreendedorismo, ministério de menor estatura.

Com o PcdoB poderia ocorrer movimento semelhante, com Luciana Santos assumindo o Ministério das Mulheres no lugar de Cida Gonçalves, do PT.

Tabata Amaral é uma das apostas do PSB e sua candidatura à Prefeitura de São Paulo teve apoio de Geraldo Alckmin. Na ocasião, com aval da cúpula do partido, ela disputou contra o então candidato de Lula na corrida, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), inclusive com duras críticas a ele durante a campanha.

No segundo turno, porém, Tabata foi célere ao declarar apoio ao psolista contra a candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB).


BS20250206110337.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/02/06/lula-da-entrevista-radios-baianas.ghtml

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