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Com obras inéditas na gaveta, Bruno Luperi crê que mercado audiovisual passa por período ‘arriscado’ em meio ao predomínio de adaptações
Na terra onde pairam as confabulações de Bruno Luperi, há um sem-número de palmeiras onde cantam sabiás. Mas isso não é só. Autor de ” Velho Chico” (2016) e dos remakes de “Pantanal” (2022) e ” Renascer”, este último atualmente no ar na faixa das 21h da TV Globo, o dramaturgo, de 36 anos, não persegue (apenas) a imagem de um Brasil rural — épico, idílico e também das “pauleiras” — nas obras inéditas que mantém na gaveta.
Óbvio que, para quem é neto de Benedito Ruy Barbosa — criador das primeiras versões de “Pantanal” (1990) e “Renascer” (1993) —, a intimidade com o mundo do campo é algo natural, incontornável, como ele reconhece. Mas Bruno não quer se limitar a esse quadro. Em entrevista ao GLOBO, o autor avalia o atual cenário da televisão, pontuado por um número crescente de adaptações (“Estamos vivendo um momento de saturação”, diz), e refuta as constantes e incessantes comparações de “Renascer” com “Pantanal”.
— Minha ideia, com “Renascer”, nunca foi repetir o resultado de “Pantanal”, até porque, se repetisse o resultado, eu não a consideraria um sucesso — reforça. — Nunca prometi para ninguém um resultado igual ao de “Pantanal”. E também não seria feliz se assim fosse.
Nunca tive essa pretensão de repetir o remake de “Pantanal”, porque é impossível. “Pantanal” foi “Pantanal”, assim como “Velho Chico” foi “Velho Chico”, e “Renascer” é “Renascer”. E todas as outras novelas, cada uma dentro de seu contexto, são únicas. Essa é a beleza do trabalho. Nunca será o mesmo, né? Toda novela é produto de uma sucessão de fatores. Nesse conjunto, estão as pessoas envolvidas, o momento histórico em que a trama vai ao ar e é concebida, filmada… E isso tudo é algo muito orgânico para tentar se repetir. É aquela velha máxima de que a gente nunca entra no mesmo rio duas vezes. Na segunda vez, nós somos pessoas diferentes — e, no segundo momento em que nós entramos, o rio também é outro. São outras águas que estão ali passando. Acredito que isso vale para novelas. Não tem muito como se comparar duas histórias diferentes, porque elas foram ao ar em dois momentos distintos e foram recebidas política e socialmente em cenários completamente diversos.
Acho que “Pantanal” foi absorvida e recebida de uma forma muito carinhosa pelo público. Veio num momento muito particular, saindo de uma pandemia… E era uma novela que carregava o compromisso de ser realizada na TV Globo. Afinal, era uma obra que meu avô havia concebido para ser feita lá dentro, e que ele não conseguiu e lançou na Manchete (em 1990). Tinha um pouco dessa dívida histórica da empresa. Com “Renascer”, também existe um legado que me toca. Mas, por mais que alguns fatores sejam parecidos, são dois produtos distintos, duas histórias distintas, dois momentos distintos. Minha ideia, com “Renascer”, nunca foi repetir o resultado de “Pantanal”, até porque, se repetisse o resultado, eu não a consideraria um sucesso. A ideia de uma novela ser “nova” é trazer novas discussões, abordar novos temas e tocar a vida das pessoas de uma nova maneira. Nunca prometi para ninguém um resultado igual ao de “Pantanal”. E também não seria feliz se assim fosse. Considero que “Pantanal” já tem o seu ciclo encerrado. Com “Renascer”, a gente ainda está no meio do caminho. Portanto, não há a mesma dimensão de uma novela que já terminou.
Acredito que toda história contém um universo dentro de si. E, como contém um universo dentro de si, contém também a possibilidade de contar diversas histórias dentro daquele universo, não apenas uma. Mas acho que estamos vivendo, em termos de mercado audiovisual, um momento de saturação um pouco disto: estão investindo mais em reciclagem de ideias ou em aproveitamento de universos que deram certo do que arriscando criar novos universos, novos personagens, novas histórias, o que é uma medida, até certo ponto, arriscada para o futuro do gênero.
Talvez a gente perca um pouco daquilo que alimenta o gênero, que são os novos autores, as novas perspectivas, as novas ideias a serem contadas, e a gente acabe virando adaptadores de histórias ou “estendedores” de universos que já foram preconcebidos. Mas cada caso é um caso! Acho que vai depender muito do universo que está sendo analisado, da relação que a pessoa tem com aquele universo e de como se desdobrará aquela história. Tudo é possível (com relação à criação de histórias baseadas em outras), desde que seja feito com muito respeito à obra original, com muito respeito às premissas que foram ali estabelecidas… E que aquilo que seja apresentado tenha um valor por si só e não simplesmente o ímpeto de repetir um resultado já conhecido. Toda novela passa pelo risco de dar errado. Isso é importante. Por mais dinheiro e interesse comercial que haja hoje ao redor do audiovisual, acredito que isso a gente não vai poder perder, senão a gente perde o que nos move. Há obras que permitem mil reflexões e sequências. Outras não têm essa riqueza e não posibilitam isso. Tudo feito com bom senso é bem-vindo. É por aí.
Estava na altura do capítulo 40 de uma novela baseada no romance do Francisco de Azevedo, “O arroz de Palma”, quando veio a pandemia e os Estúdios Globo fecharam. Aí a gente tomou a decisão, naquele momento, de pausar o projeto e começar “Pantanal”. E, na esteira de “Pantanal”, já entrou “Renascer”. Mas, fora essa adaptação, também há novelas originais e projetos de série na minha gaveta… Tenho esse desejo de viver de histórias, que é o que amo e o que me move.
Como contador de histórias, não acho que tenha um universo a ser perseguido. Cada história tem a sua forma de ser contada, e o autor deve saber navegar por isso. Claro que, por conta de “Velho Chico”, “Pantanal”, “Renascer” e das histórias de meu avô, existe uma intimidade com esse universo rural e com os épicos e as tramas de fase e familiares, né? São um pouco das características que já vêm me talhando enquanto autor. Mas tem muitas outras também, e eu não me limitaria a isso — e não diria que persigo nenhum gênero. Acho que estou atrás do meu caminho, das histórias que gosto de contar, que me movem, que acredito que possuem valor.
Enquanto autor e dramaturgo, acredito que todo capítulo e toda cena tem que trazer um passo adiante na discussão dessa temática que a gente está abordando. A novela carrega uma dessas agendas e acho que tem uma função muito importante no que tange o tema de identidade e gênero. Acho que a Buba dá margem para que esse assunto seja discutido com muita profundidade. Mas isso não se limita a Buba. Mais à frente, teremos outras discussões que também considero pertinentes. Todos os personagens carregam dentro de si uma grande transformação, da forma como foram concebidos, para o que são na versão original. Tem o compromisso com uma certa dose de saudosismo, mas também há uma dose grande de ineditismo, com novas reflexões, novas perguntas sendo feitas dentro de um mesmo cenário — e é sobre isso que a gente acaba se debruçando com mais veemência ao longo dos capítulos.
Infelizmente, não tem sobrado tempo para entrar nas redes sociais. Não sou muito afeito a elas, mas sempre tento, quando posso, entrar um pouco ali, para sentir… Até porque, na verdade, a novela é feita pelo público, né!? O público é mais do que um termômetro. Ele é o nosso cliente. É ele que tem que ser atendido em seus anseios. Então, toda forma que tenho para compreender o que as pessoas sentem, sempre acho muito enriquecedor. É uma coisa que só traz coisas positivas. Claro que tem que saber filtrar, porque sempre há críticas construtivas e críticas destrutivas. Mas acredito que tudo é válido.
A novela no Brasil se firmou como um instrumento de transformação e de união nacional. Assim como o futebol e algumas manifestações culturais, a novela une o país de norte a sul. Ela é um elemento muito forte na nossa cultura e tem, por natureza, ocupado esse espaço de desatar tabus. Temas que são ali apresentados acabam sendo digeridos pela sociedade, e eu acredito demais nesse papel educativo da dramaturgia. Isto é o que mais me seduz no gênero: é a possibilidade de olhar para o nosso tempo e traduzi-lo na forma de uma história. Acho que a função do dramaturgo, nesse sentido, é apresentar um retrato de nosso tempo, sem muito juízo de valor, tentando colocar todos os pontos e contrapontos. Enquanto autor de novela, sou só mais um cidadão. Não me cabe querer dar as respostas. O trabalho do bom autor é apresentar as perguntas que estão sendo feitas — e aí a gente responde junto. A novela tem essa característica.
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