Filho de José Dirceu quer presidir PT no Paraná e pode se opor a grupo de Gleisi
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Escolha para novo líder tem racha entre Otoni de Paula e Gilberto Nascimento, ambos ligados à Assembleia de Deus
A 20 dias da escolha de seu próximo líder, a Frente Parlamentar Evangélica continua rachada em duas candidaturas. Os postulantes ao comando do bloco são os deputados Otoni de Paula (MDB-RJ), que tem se aproximado do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e Gilberto Nascimento (PSD-SP), alinhado ao bolsonarismo. Ambos são ligados à Assembleia de Deus.
A disputa, contudo, ganhou um tom de ameaça recentemente: cerca de 30 deputados ligados a Nacimento ameaçam deixar a bancada caso Otoni saia vitorioso.
A manobra visa, inclusive, atrapalhar o funcionamento da frente, hoje com 245 deputados e senadores. O regimento interno do Congresso Nacional prevê que esses blocos precisam ter 198 parlamentares para funcionar, e bolsonaristas articulam uma debandada que possa deixar a bancada abaixo do mínimo exigido.
Parlamentares ouvidos pelo Globo, sob reserva, afirmam que o clima na bancada evangélica é “péssimo”, sem qualquer consenso. A resistência a Otoni reflete o receio de que o grupo comece a se alinhar ao governo federal.
No fim do ano passado, o deputado representou a frente em reunião no Palácio do Planalto, na qual o presidente sancionou o Dia Nacional da Música Gospel. Na ocasião, Otoni se tornou alvo de críticas por fazer um discurso com afagos ao petista. Na eleição municipal do Rio, ele apoiou a reeleição de Eduardo Paes (PSD), aliado de Lula, irritando lideranças religiosas bolsonaristas.
Nascimento, por sua vez, é descrito como um dos precursores do movimento por ter participado da criação do grupo, em 2003. Delegado da Polícia Civil em quarto mandato na Câmara, o deputado é respeitado na bancada e tem a benção do pastor Silas Malafaia, fundador da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
Ao que tudo indica, em 26 de fevereiro, última quarta-feira do mês, a frente evangélica deve mesmo ter uma eleição pela primeira vez. Até hoje, a bancada nunca colocou a decisão em votação e se orgulha de escolher nomes de consenso. Em 2023, sem unanimidade, Otoni se retirou da corrida, e um acordo de presidência alternada foi costurado entre Eli Borges (PL-TO) e Silas Câmara (Republicanos-AM).
Atual presidente, Silas Câmara torce para que haja conciliação e diz desconhecer as ameaças de debandada:
— Não tenho conhecimento sobre isso, mas se estão falando em sair da frente, por que participar da eleição? Se propõem a participar sem querer admitir um cenário? Ameaçar é uma perda de tempo. Este “se perder, eu saio” é covardia” — afirmou ao Globo.
Pessoalmente, Câmara diz já ter definido seu voto, mas se reserva sobre quem será seu candidato. Segundo ele, declarar torcida apequena os deputados. Nos bastidores, seus articuladores afirmam sua preferência por Otoni.
— Silas e eu definimos que será Otoni. Não tem racha algum, somos todos da mesma igreja (Assembleia de Deus de Madureira). Gilberto nunca quis (ser presidente) — garante Cezinha de Madureira (PSD-SP).
Enquanto Otoni tem a os caciques da bancada ao seu redor, Gilberto Nascimento vem sendo defendido por personalidades como o deputado fluminense Sóstenes Cavalcante, mais novo líder do PL na Câmara.
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