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Personagem Marisa Maiô talvez seja o maior exemplo dessa nova relação emocional
Elas têm bordões feitos para viralizar, penteados e visual impecáveis, não envelhecem, dão dicas de bem-estar e ainda vendem produtos com a segurança de quem nunca teve um dia ruim. Marisa Maiô, Drica Divina em versão IA, o avatar milionário criado por Lucas Rangel em 2022, e outras influenciadoras sintéticas — inspiradas em pessoas reais ou criadas do zero por algoritmos — estão conquistando o público com humor, beleza e uma perfeição tão absurda quanto viciante. A era dos personagens de inteligência artificial carismáticos, vendáveis e influentes não é mais um experimento: virou modelo de conexão e consumo, e já domina as redes sociais. Mas, por trás da estética imaculada, emergem dilemas profundos sobre confiança, autoestima e os limites do que ainda pode ser chamado de real.
A personagem Marisa Maiô talvez seja o maior exemplo dessa nova relação emocional. Criada com inteligência artificial e visual de apresentadora de programa matinal, ela ficou famosa por repetir manchetes bizarras e divertidas com uma entonação tão artificial quanto hilária. O que começou como piada virou vínculo.
— Criamos laços com esses personagens porque, no fundo, o vínculo não é sobre eles, é sobre nós — explica o psicólogo Luan de Souza, da Uniabeu, especialista em gestalt-terapia e saúde coletiva. — Projetamos neles nossos desejos de acolhimento, de companhia, de previsibilidade. Eles nunca nos confrontam, nunca nos abandonam. Em um mundo caótico, é tentador se apegar ao que parece sempre estar ali, igual, estável.
Ao contrário da modelo espanhola Aitana López — que sequer existe, mas fatura alto como influenciadora digital —, o avatar Luks, criado por Lucas Rangel, não decolou e acabou ficando à sombra de seu criador. Já outros avatares seguem em ascensão, como o da influenciadora Drica Divina — referência no mercado de beleza para mulheres 50+ —, além da japonesa Imma e da alemã Noonoouri, que conquistam grandes contratos e acumulam legiões de seguidores devotos. Imma estrela campanhas de marcas como IKEA, Porsche e Valentino, enquanto Noonoouri, embora fictícia, vive em Paris e foca sua atuação no universo da moda de luxo.
— Nosso cérebro é programado para buscar padrões de afeto e conexão, e a IA aprendeu a simular isso perfeitamente — afirma o psicólogo. — Mesmo sabendo que é tudo fabricado, seguimos nos envolvendo. Porque o afeto, mesmo diante de algo irreal, é real para quem sente.
Padrões, mais do que nunca, inalcançáveis
Se antes já era difícil competir com a pele perfeita e o feed editado de influenciadoras, agora entramos num novo patamar: o da perfeição programada. Não há bad hair day, nem voz trêmula. Só poses calculadas, piadas no ponto certo e imagens renderizadas.
— Esses personagens foram desenhados para nunca errar. Estão sempre prontos, com humor calibrado e visual idealizado. Como competir com alguém que não sente cansaço, não tem espinhas, TPM ou insegurança? — questiona o especialista.
Mas o impacto vai além da comparação estética. Segundo ele, a convivência digital com esse ideal artificial pode afetar nossa própria relação com a realidade:
— Quando usamos como régua algo que foi literalmente programado para não falhar, começamos a nos sentir inadequados. Rompemos o contato com nosso corpo, com nossos limites, com o que é humano em nós. Passamos a tratar nossa vulnerabilidade como um defeito, quando, na verdade, é o que nos torna autênticos.
A consequência pode ser silenciosa, mas devastadora: ansiedade, baixa autoestima, despersonalização.
— É como se o natural passasse a ser sempre bonito, coerente e leve. E o humano virasse uma falha —observa Luan.
Como confiar num personagem digital programado para te influenciar?
Se os personagens digitais fazem rir, emocionam e são bonitos, qual o problema? A resposta está no que não se vê: a intenção por trás de cada gesto. Avatares estão sendo treinados para vender — e vendem bem. Com carisma otimizado e precisão algorítmica, eles oferecem o que o público quer ouvir, no tom certo, na hora certa.
— Quando seguimos alguém que é uma mistura de algoritmo e avatar, precisamos entender que tudo é calculado —, alerta o psicólogo. — Não há improviso, dúvida ou hesitação. A confiança, que antes vinha da autenticidade, agora é gerada pela performance — diz o psicólogo, acrescentando: — A confiança deixa de ser baseada na vulnerabilidade e passa a ser um produto da imagem. Aos poucos, isso pode nos desconectar das pessoas reais, que erram, mudam de ideia, choram. O mundo vai ficando mais plástico e menos verdadeiro.
Gostando ou não, a automação do carisma está nas nossas telas, nos comerciais, nos memes. E estamos apaixonados por quem não existe. Mas a pergunta que fica não é só sobre tecnologia. É sobre saúde mental, autenticidade e nossas relações com o mundo e com nós mesmos.
— Proteger a saúde mental nesse novo cenário passa por cultivar vínculos reais, questionar o que é vendido como normal. Nada substitui o calor de um olhar verdadeiro, o som de uma risada espontânea, o toque do que é vivo — conclui. — É possível admirar a tecnologia sem tirar os pés da realidade. A chave é o equilíbrio.
BS20250801191944.1 – https://extra.globo.com/entretenimento/noticia/2025/08/bonita-divertida-e-feita-por-robos-por-que-amamos-tanto-quem-nao-existe-saiba-os-riscos-dessa-nova-era-do-carisma-digital.ghtml
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