
Câmara dos Deputados aprova atualização da Política Nacional de Defesa
O texto segue para análise do Plenário do Senado
Leia trechos das mensagens obtidas pela Polícia Federal nos celulares de alvos da operação desta quinta-feira
O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, usava até mesmo figurinhas para atacar comandantes das Forças Armadas que não aderiram aos planos golpistas. Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) nos celulares de alvos da operação desta quinta-feira mostram que ele chegou a compartilhar memes do personagem Seu Batista, da Escolinha do Professor Raimundo.
Um dos militares atacados por Braga Netto foi o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, que ocupou o cargo de comandante da Aeronáutica no governo de Jair Bolsonaro. Em 15 de dezembro do ano passado – quando o ex-mandatário já havia sido derrotado nas ruas e manifestantes golpistas estavam acampados na frente de quartéis pelo país – Braga Netto pediu ao coronel reformado do Exército, Ailton Barros, para endurecer as críticas a Baptista.
“Senta o paulo no Batista Júnior (sic). Povo sofrendo, arbitrariedades sendo feita (sic) e ele fechado nas mordomias. negociando favores. Traidor da pátria. Daí para frente. Inferniza a vida dele e da família”, orientou Braga Netto.
Em seguida, pediu para elogiar o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, que é um dos alvos de busca e apreensão da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira com o objetivo de apurar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Garnier estava alinhado às tramas golpistas. “Elogia o Garnier e fode o BJ (Baptista Júnior)”, acrescentou Braga Netto.
Como resposta, Barros enviou uma figurinha que mostra uma mão segurando um chicote e a legenda: “Desce a chibata”. O coronel reformado do Exército também foi alvo da PF na operação desta quinta-feira.
Braga Netto então publica uma figurinha que compara Baptista Júnior a Seu Batista. De um lado, o personagem da Escolinha do Professor Raimundo com a legenda: “Cala a boca, Batista”. Do outro, a foto do ex-comandante da Aeronáutica com o texto: “Honra a farda, Baptista”.
O ministro da Defesa do governo Bolsonaro também proferiu uma série de xingamentos e ofensas ao general Freire Gomes, então comandante do Exército.
“Se FG tiver (sic) fora mesmo. Será devidamente implodido e conhecerá o inferno astral”, escreveu para Barros.
Em outro trecho, Braga Netto classifica o general Freire Gomes como “cagão”, e pede para que a cabeça dele seja oferecida. Os diálogos estão na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação realizada nesta quinta-feira pela PF. Procurado, o ex-ministro da Defesa não retornou aos contatos.
“O investigado WALTER SOUZA BRAGA NETTO, inclusive, chegou a encaminhar para AILTON GONÇALVES MORAES BARROS mensagem que teria recebido de um ‘FE’ (Forças Especiais), com a seguinte afirmação: ‘Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá e do Gen FREIRE GOMES. Omissão e indecisão não cabem a um combatente’. Em resposta, AILTON BARROS sugere continuar a pressionar o General FREIRE GOMES e caso insistisse em não aderir ao golpe de Estado afirmou ‘vamos oferecer a cabeça dele aos leões'”, diz transcrição incluída na decisão do ministro.”
Ailton Barros, com quem Braga Netto trocou mensagens sobre Freire Gomes, é um ex-militar, que foi candidato a deputado estadual pelo PL, partido de Bolsonaro.
Ao todo, a PF cumpre hoje 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, de se ausentarem do país, e a obrigação de entregar os passaportes no prazo de 24 horas.
Os mandados estão sendo cumpridos nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
As investigações apontaram que o grupo se dividiu em dois núcleos de atuação – um para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições de 2022, com o objetivo de “viabilizar e legitimar” uma intervenção militar, segundo a PF.
E o outro no planejamento para realizar um golpe de Estado, “com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais em ambiente politicamente sensível”, diz nota da PF.
O texto segue para análise do Plenário do Senado
Para virar lei, proposta precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal
Aprovado com mudanças, o texto voltará para a Câmara dos Deputados
Propostas sobre gripe aviária e georreferenciamento da faixa de fronteiras estão na pauta de votações