POLÍTICA

Caiado mantém evento e lança candidatura à Presidência mesmo diante da resistência de parte do União Brasil

1 de abril, 2025 | Por: Agência O Globo

Governador de Goiás marcou solenidade na Bahia na próxima sexta-feira; correligionários afirmam se tratar de uma decisão ‘solo’ e criticam precipitação

Foto: Reprodução

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), deve desembarcar ainda nesta terça-feira em Salvador, na Bahia, onde lançará sua pré-candidatura à Presidência da República na próxima sexta. O evento acontece em meio à resistência dentro de seu próprio partido, que chegou a pressioná-lo para cancelar ou adiar o ato.

Apesar da oposição interna, as principais lideranças da sigla não descartam apoiar Caiado caso ele consiga crescer nas pesquisas. O desconforto dentro do União Brasil se deve, principalmente, ao momento escolhido para o lançamento, considerado precipitado por parte dos filiados, que afirmam se tratar de um movimento “solo”.

Segundo articuladores da direção nacional do partido ouvidos pelo GLOBO, os pedidos para que o evento fosse cancelado ou adiado irritaram Caiado, que teria insistido na realização. A cerimônia contará com a presença de lideranças políticas de Goiás, como a deputada federal Sylvie, e da Bahia, incluindo o prefeito de Salvador, Bruno Reis. No entanto, parte da bancada do partido optou por não comparecer.

Dentro do União Brasil, integrantes das três correntes principais fazem objeções. Um grupo defende uma candidatura própria, mas acreditava que era necessário que Caiado estivesse melhor posicionado nas pesquisas antes de oficializar o movimento. Outra ala do partido prega o alinhamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto um terceiro grupo vê com bons olhos uma aproximação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Aqueles que apostam numa candidatura própria dentro do União Brasil defendem que a viabilidade do projeto deve ser avaliada e lembram o fracasso de postulantes anteriores. Em 2022, por exemplo, a senadora Soraya Thronicke, que também concorreu à Presidência, teve apenas 0,45% dos votos válidos.

Atualmente, o União Brasil ocupa três ministérios no governo Lula, o que reforça a posição da ala governista da sigla, que projeta o apoio à reeleição do petista. Já os bolsonaristas avaliam que Caiado só teria chances reais de viabilizar sua candidatura caso conquistasse o apoio do ex-presidente.

Como mostrou o Globo, a escolha da data para o lançamento de sua pré-candidatura gerou desconforto entre bolsonaristas, pois coincidiu com a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente.

Na semana passada, Caiado afirmou que Bolsonaro tem direito ao devido processo legal no inquérito sobre a suposta tentativa de golpe, recentemente aceito pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme noticiado pela colunista Bela Megale, os dois conversaram por telefone e ensaiam uma reaproximação.

No entanto, no cenário da direita, Caiado enfrenta forte concorrência. Hoje, dois nomes estão à frente dele na preferência do ex-presidente: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Bolsonaro e principal aposta desse campo político, e o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), que receberá Bolsonaro na sede de seu governo na mesma sexta-feira.

Na segunda-feira, o governador viajou para Uberlândia, no Triângulo Mineiro, para participar de uma feira do agronegócio. Ele dividiu palanque com o gestor de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), com quem trocou elogios.

Apesar das incertezas, Caiado mantém firme sua intenção de disputar o Palácio do Planalto. Há uma semana, ele divulgou uma nota oficial negando qualquer possibilidade de desistência. “Sei que minha postura de oposição ao governo do PT incomoda aqueles que estão no poder, mas estou determinado a apresentar uma plataforma de mudança”, declarou.

O evento de lançamento de sua pré-candidatura será realizado no Centro de Convenções de Salvador e contará com a presença do ex-prefeito ACM Neto e do cantor sertanejo Gusttavo Lima, que chegou a cogitar uma candidatura, mas desistiu de disputar eleições, pelo menos em 2026.

Caso sua candidatura se confirme, esta será a segunda vez que Caiado tentará a Presidência da República. Em 1989, ele concorreu ao cargo, mas não obteve sucesso. Naquele pleito, Fernando Collor acabou eleito.


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