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‘Ator conta como tem se realizado trabalhando também nos bastidores, seja no teatro, seja no cinema e na TV, adianta projetos
Descalço, vestido numa camisa de corte leve, a expressão serena e o tom de voz invariavelmente manso, Caio Blat se esparrama, por vezes, num largo sofá de couro caramelo onde dá esta entrevista. Olha para o teto enquanto divaga sobre momentos de uma carreira marcada por trabalhos de sucesso na televisão, no cinema e no teatro. Mas logo se levanta, inquieto, para desenvolver algum argumento, e, quando se empolga, bate com os pés no chão como se desse ritmo a uma colocação que merece mais ênfase. Tem o hábito de chamar o repórter pelo nome enquanto batuca nas próprias pernas buscando memórias para elaborar suas respostas, e ri quando é lembrado de que é filho de um médico e de uma dentista.
Caio está com mais tempo para olhar pra si e para seus anseios profissionais. Depois do fim de um longevo contrato com a TV Globo — foram mais de 24 anos na emissora carioca —, o ator e diretor de 44 anos tem se dedicado a projetos pessoais, alguns engavetados há anos, como a montagem da peça “Os irmãos Karamazov”, uma adaptação do último romance escrito pelo russo Fiódor Dostoiévski em que ele não só atua, mas também dirige (com Marina Vianna) e assina a dramaturgia com Manoel Candeias. Na trama, ele é Ivan, o filho cético e centrado de Fiódor, pai austero e egoísta que se vê atormentado pelos impulsos parricidas de Dmitri, o mais impulsivo dos irmãos, num novelão que envolve psicanálise, fé e ceticismo, autoritarismo, culpa e redenção.
Depois de uma temporada badalada no Sesc Copacabana, no Rio, a peça está de malas prontas para São Paulo, onde vai entrar em cartaz em outra unidade Sesc, ainda a ser confirmada, no final de fevereiro.
— Eu realmente me fascinei pelos personagens do Dostoiévski. Ele causou uma revolução na literatura construindo personagens contraditórios e que são maiores do que o autor — diz Caio Blat, pisando forte no chão. — Isso que o Bakhtin e os críticos russos chamaram de polifonia. É como se o romance fosse escrito pelo próprio personagem, que toma a pena do autor e começa a se revelar. São os personagens febris, alucinados. Freud dizia que Dostoiévski previu a psicanálise, previu o inconsciente. Seus personagens são movidos por forças obscuras. É um romance precursor, meio seminal, que previu os grandes temas do século XX, inclusive a grande crise da fé no século da razão e da ciência. Quando Ivan diz que Deus não existe e que tudo é permitido, ele está antecipando em 20 anos a frase do Nietzsche de que “Deus está morto”.
Caio conta que estava há 19 anos sem dirigir para o teatro. E dirigir tem sido sua onda da vez, não só nos palcos, mas também para a TV e para o cinema. Ele chegou a dirigir alguns episódios da novela “Beleza fatal”, da Max, que estreou na segunda-feira (27), e da qual também integra o elenco na pele do personagem Benjamim, “um playboy, garoto-problema que faz milhões de cagadas”, como define o ator, que faz par com Camila Pitanga no novo folhetim de 40 capítulos.
— Nós fizemos os 40 episódios de “Beleza fatal” em sete meses. Estou acreditando muito nesse formato, acho que é o modelo ideal, porque não tem aquelas barrigas das novelas. Em todos os episódios acontece muita coisa, muitas reviravoltas. Foi uma aventura muito grande. A Warner quis aprender a fazer novelas no Brasil, a verdade é essa. Por isso chamaram uma equipe experiente, com um elenco de muita bagagem. Quando me convidaram, disse que não queria só atuar, mas também dirigir, e fui muito bem recebido. Entrei como diretor assistente e ficava o dia inteiro no set, fazia os meus papéis, as minhas cenas, e no fim do dia eu dirigia duas ou três cenas, até que comecei a pegar algumas externas para dirigir sozinho.
Depois de estrear na direção para o cinema com o longa “O debate”, de 2022, ele vai repetir a experiência atrás das câmeras com “Cacilda”, sobre a lendária atriz Cacilda Becker (1921-1969). O projeto está em fase de apuração do roteiro, pesquisa e montagem de elenco. Caio diz que “Cacilda” é mais que um olhar sobre a vida da atriz, mas também uma celebração da história do teatro brasileiro.
— Eu fui formado por essa turma em torno da Cacilda, cresci com Etty Fraser, Fauzi Arap, Walderez de Barros, Elias Andreato. Tenho que fazer um filme muito contemporâneo, muito moderno, mas celebrando a história do teatro que está apagada. A gente tem pouquíssimas memórias de peças da Cacilda, poucas pessoas vivas hoje em dia que a viram no palco, então, ao mesmo tempo, é um resgate do nosso teatro. Cacilda foi a primeira atriz a exigir ser contratada. Ela que inventou o registro profissional de ator no Brasil. Foi a primeira produtora e atriz a trazer todos os grandes autores modernos de teatro para o Brasil, Becket, Dürrenmatt, Sartre. E foi uma das primeiras a montar Nelson Rodrigues, que era um dos maiores fãs do mundo de Dostoiévski. Tudo vai se conectando — analisa Caio.
Nascido numa família de classe média, Caio Blat já tinha referências artísticas próximas — o ator Ricardo Blat, de 74 anos, é seu primo de segundo grau. Mas foi um rompante da mãe que o colocou nos trilhos das artes cênicas.
— Eu morava no Ipiranga. Não sei de onde que ela tirou de me levar para fazer gravações, testes, comerciais. E salvou minha vida — afirma Caio, que se gaba de ter pertencido ao que ele define como “a última geração analógica, que brincava na rua”.
Sua estreia na televisão foi cedo, aos 9 anos, numa participação no programa “Mundo da Lua”, da TV Cultura. Fez inúmeros comerciais para TV. Depois de uma passagem pelo SBT, chegou aos 18 anos na TV Globo, onde começou a fazer novelas que lhe deram fama de vez. Ficou marcado pela cara de bom moço, reforçada por papéis como o do doce Rafael, de “Um anjo caiu do céu”. Foi campeão de cartas recebidas na emissora e estampou muitas capas de revistas de adolescente. Em 2002, Caio deu uma guinada na carreira:
— Foi um momento em que eu achei que precisava quebrar essa imagem e mostrar um trabalho diferente, radical, ousado. Foi quando fiz o “Cama de gato”, do Alexandre Stockler. Foi um filme que assustou bastante as pessoas, muito radical. Ganhei muitos prêmios, foi um filme muito chocante.
Dali em diante, o ator paulistano se envolveu em outras produções alternativas, de temas muitas vezes obscuros, que lhe conferiram um certo status “marginal”. Deste período, vale destacar “Baixio das bestas” (2006), de Cláudio Assis, “Batismo de sangue”, de Helvécio Ratton, e “Proibido proibir” (2007), de Jorge Durán:
— Comecei a filmar bastante, comecei a querer filmar, comecei a descobrir isso. E sempre conciliando com a TV. Eu tive uma carreira muito equilibrada nesse sentido. Sempre tive um trabalho popular, uma novela das 18h ou das 19h, e ao mesmo tempo fazendo filmes malditos como “Cama de gato”, “Carandiru”, “Proibido proibir”. E a TV Globo sempre me deu muita liberdade, sempre respeitou muito essa minha vontade, então eu consegui conciliar.
Terminada a entrevista, com o gravador já desligado, Caio pede para acrescentar algo. Quer falar sobre um assunto que ainda não havia sido mencionado em quase uma hora de conversa: Luisa Arraes, sua ex. Eles ficaram juntos durante sete anos. Atuaram na peça “Grande sertão: veredas”, de Bia Lessa, que passou por várias capitais brasileiras ao longo de três anos em cartaz, e também nos filmes que vieram na esteira do espetáculo, como “O diabo na rua no meio do redemunho”, também de Bia Lessa, e “Grande sertão”, de Guel Arraes, pai da atriz. Luisa, aliás, está escalada no elenco de “Cacilda”.
— Foi uma parceria amorosa e profissional, que deu muitos frutos — diz. — Foram anos do “Grande sertão”, que virou filme, que virou outro filme. A gente fez o “Amor e sorte”, que filmamos e dirigimos em casa. Fizemos “O debate” juntos. E agora estamos com “Os irmãos Karamazov”, além de “Cacilda”. Muito bonito isso que a gente tem, uma parceria de muitos anos, de muita afinidade. A parceria e o amor continuam. No teatro, no cinema, nas relações, casamento, a gente revolucionou tudo.
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