POLÍTICA

Câmara Legislativa do DF acolhe desalojados do Setor de Inflamáveis

8 de maio, 2025 | Por: Daniela Reis - Agência CLDF

GDF alega questão de segurança como motivadora da remoção

Fotos: Carolina Curi/ Agência CLDF

Cerca de 60 pessoas — entre crianças, adolescentes, uma mulher grávida e idosos — estão abrigadas na Câmara Legislativa desde a última terça (6), após perderem as casas em decorrência da demolição realizada pelo Executivo no Setor de Chácaras Lúcio Costa, na área conhecida como Setor de Inflamáveis. A derrubada ocorreu na segunda-feira (5). Após dormirem um dia ao relento, parte das famílias recorreu ontem à CLDF, onde recebem alimentação e têm suporte de saúde. 

“A CLDF acolheu essas pessoas, entre elas muitas mulheres e crianças, por conta da vulnerabilidade a que elas estavam expostas na rua, enquanto faz a intermediação dessa situação com os órgãos competentes”, explicou o presidente da Casa, Wellington Luiz (MDB), que assegurou que a Câmara “não vai virar as costas para a população”. 

Samuel Ferreira de Brito, que está sem moradia após viver 6 anos no Setor de Inflamáveis, relembra o momento da demolição com os olhos marejados. “No dia vimos máquinas, polícias, bombeiros e todo mundo ficou com medo. Foi a coisa mais triste do mundo ver as casas sendo derrubadas sem a gente poder fazer nada”, relatou. Ele disse que algumas pessoas foram notificadas antes, mas não todas.

O GDF argumenta que a remoção foi motivada por questões de segurança, já que na área há armazenamento e manuseio de produtos que podem colocar as pessoas em risco, além de proximidade com linha férrea. “Você acha que a gente quer morar em um lugar com o risco de inflamar e explodir? Nunca. A gente quer ser realocado para um lugar melhor, digno”, esclarece Brito. 

O tema atravessou a fala dos deputados que se pronunciaram na sessão ordinária de hoje. “As pessoas estão lá há 30, 40 anos e só estão vendo risco agora? Em vez de passar o trator e desalojar crianças, pessoas idosas e mulheres, por que primeiro não construiu casas e destinou para eles uma moradia própria?”, perguntou o distrital Chico Vigilante (PT). 

Por sua vez, João Cardoso (Avante) garantiu que todos os parlamentares da Câmara apoiam a causa. Na sequência, Max Maciel (Psol) reivindicou habitação com qualidade para a população: “A gente quer moradia popular no Centro, para ficar perto do lugar de trabalho, para ter acesso aos serviços, às escolas. É uma disputa de cidade que a gente tem que fazer”.

Engrossando as críticas, Gabriel Magno definiu a medida do Buriti como um ato de “desumanização”, que nega os direitos mais fundamentais das famílias “sem propor alternativas”. Fábio Felix (Psol) também contestou, dirigindo comentários ao governador Ibaneis Rocha. “Na eleição de 2018 o governador ganhou o apoio dos mais pobres porque disse que ia tirar do bolso dele para reconstruir a casa das pessoas, mas o que ele está fazendo é derrubar a casa dos que mais precisam”, finalizou.

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