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Debate que escutou a população foi promovido pelos distritais Jaqueline Silva e Rogério Morro da Cruz
Fotos: Rogério Lopes/Gab. Jaqueline Silva
A Câmara Legislativa reuniu cidadãos de diversas regiões administrativa do DF na última quarta-feira (14) para reivindicar o planejamento urbano que almejam para Brasília. A audiência pública realizada por iniciativa dos deputados Rogério Morro da Cruz (PRD) e Jaqueline Silva (MDB) destrinchou a regularização fundiária no contexto da revisão do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot). Além da participação popular, o evento contou com a presença do secretário Marcelo Vaz, que comanda a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) e da subsecretária de Planejamento, Juliana Coelho.
A expectativa é que o Pdot seja encaminhado este ano pelo Executivo para apreciação da CLDF. A minuta preliminar do plano está disponível para consulta, bem como acata sugestões da população. O deputado Morro da Cruz — que preside a Comissão de Assuntos Sociais e a Frente Parlamentar em Defesa da Regularização Fundiária Urbana e Rual da Casa — sinalizou que o texto atual ainda precisa de ajustes.
Em sua fala inicial, o secretário Marcelo Vaz explicou que a pandemia atrasou os trabalhos, mas enfatizou que o processo contou com ampla participação da sociedade. “Nós fizemos mais de 60 reuniões públicas para ouvir e discutir com a população. A partir dessa oitiva, a Secretaria passa a trabalhar com critérios técnicos a construção desse projeto de lei”.
Na sequência, a deputada Jaqueline Silva — que lidera a Comissão de Assuntos Fundiários da CLDF — destacou que também esta audiência foi proposta para acolher opiniões da população. Concretizando a fala da parlamentar, ao longo de todo o evento os cidadãos se sucederam na tribuna com pleitos que versaram sobre regularização; impactos da atividade humana para o meio ambiente; e políticas para populações em situação de vulnerabilidade.
Da tribuna, o morador de São Sebastião, Neto Rocha, declarou que acredita que o Plano pode trazer dignidade para as pessoas, mas também compartilhou inquietações. “Estão abrindo muitas áreas, que dizem que é para moradia popular, só que o problema é o seguinte: pegam pessoas de outras áreas e trazem para São Sebastião e a gente que é de São Sebastião nunca é contemplado na nossa cidade”, reclamou.
Vice-presidente da Associação de Moradores do Setor de Chácaras Morro Azul, de São Sebastião, Wanderson Silva endossou: “Nós não podemos aceitar que sejamos expulsos, que pessoas com 10, 20, 30, 40 anos na cidade sejam mandadas para outros locais que sequer a gente conhece e não sabemos como foram construídos, quando nós poderíamos ser bem acolhidos dentro da nossa cidade”, comentou.
Além da distribuição, muitos moradores foram ao microfone para pedir que regularizem ou alterem a classificação no planejamento urbano de áreas das mais diversas regiões administrativas do DF: Morada do Sol, Setor de Chácaras do Morro Azul, Pinheiral, Núcleo Rural Monjolo, Cabeceira do Valo, Casa Grande e Ponte Alta foram alguns dos locais lembrados pela população.
Outro ponto que atravessou os discursos foram as implicações de mudanças para pessoas com situação econômica vulnerável. “O tratamento para beneficiar a classe média é um, quando vai beneficiar pobre, trabalhador, o problema é outro. E eu posso dar um exemplo: toda uma região chamada Tororó virou Jardim Botânico e área urbana. Sabe qual o problema? É que lá só tem mato, vegetação. Mas como vai ser casa para classe média e rico é tratada com muita agilidade e disposição. Quando é para tratar para pobre tem problema”, declarou Saulo Dias.
Já a moradora do Riacho Fundo I, Verônica Figueiredo, trouxe vivências da família dela para definir o sentimento de pessoas removidas dos locais sem regularização onde moravam. “Meu filho tem dez anos e constantemente ele falava pra mim: ‘mamãe o trator vai vir hoje? Ele vai derrubar nossa casa hoje?’ Nossa casa não é mansão, não, é um barraquinho com dois cômodos, que abriga 4 pessoas. Esta é a característica da comunidade”, contou.
Diante de falas que acusaram o plano de favorecer o mercado imobiliário, o secretário Marcelo Vaz rebateu. “Quando se diz que o Plano Diretor está sendo construído para atender interesses de empresários, isso é um absurdo a que não consigo dar nome, porque tudo está sendo feito ouvindo demandas da população. A gente prevê, por exemplo, área de oferta habitacional de interesse social em cada região administrativa”, informou. A distrital Jaqueline Silva também se manifestou:
Além de demandas relativas à moradia e à infraestrutura urbana, o meio ambiente também deu o tom das discussões. “Vocês têm todo o direito de regularizar as casas e os terrenos de vocês, mas o governo precisa garantir que essas casas terão água, árvores, cerrado em volta, sombra, porque o povo precisa sobreviver. Nós estamos numa questão climática muito séria e isso pode ocasionar problemas para a vida de todos nós, ricos, pobres, médios, tanto faz. A falta de água não escolhe pessoas”, situou Guilherme Jaganu do Fórum de Defesa das Águas do DF.
Na mesma toada, os moradores do Park Way Walter Alckimin e Antônio Edson disseram estar preocupados com os mananciais da região administrativa. Por sua vez, Osmar Abadia Oliveira, do Núcleo Rural Nova Betânia, em São Sebastião, pontuou: “A gente não é contra condomínio, mas é contra quando aprovam condomínio e esquecem nossos bens naturais.
A subsecretária Juliana Coelho esclareceu que o Pdot compatibiliza os interesses da população com as questões ambientais, por isso analisa todas as possibilidades. Quando a compatibilização não é possível, o secretário assegurou que o aspecto ambiental será priorizado e explicou que isso ocorre, também, porque órgãos ambientais participam da construção do plano junto com a Secretaria.
Entre questões ambientais, urbanísticas e habitacionais, um consenso transpareceu da mesa do Plenário e da tribuna às galerias, da fala de parlamentares e representantes do governo ao depoimento da população: a centralidade do Pdot não só para o planejamento e gestão do território do Distrito Federal, mas para a implementação de políticas públicas que podem impulsionar os mais diversos âmbitos da vida do cidadão do Distrito Federal.
A minuta do texto segue para colaboração antes da versão final e posterior encaminhamento para a votação pelo Poder Legislativo.
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