
Mercado financeiro reduz estimativa de inflação para 2025
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Chefe da rede francesa de supermercados suspendeu compra de carne brasileira pela empresa na França em repúdio ao acordo UE-Mercosul
Emissários da Embaixada da França em Brasília e do Carrefour informaram ao Ministério da Agricultura que o presidente global do grupo, Alexandre Bompard, prepara uma carta pedindo desculpas ao Brasil e aos frigoríficos do país após colocar em dúvida a qualidade da carne oriunda do Mercosul e anunciar a interrupção da compra desse produto na rede na França.
Esse movimento desencadeou uma crise diplomática entre Brasil e França e ainda desencadeou uma crise no Brasil, onde a rede francesa de supermercados passou a ser alvo de um boicote de empresas.
A empresa também informou ao governo que quer entregar a carta nas mãos do ministro Carlos Fávaro, que elogiou a atitude de frigoríficos de parar de entregar carne para a operação nacional da rede. Esse boicote inclui frangos e suínos.
O embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, se reuniu com autoridades do Ministério da Agricultura, e demostrou que a carta estava sendo feita. Um dos detalhes do texto é que deve ser ressaltada a longa história do grupo no Brasil, que passa de 50 anos.
Para o governo, porém, o entendimento é de que a crise não será resolvida apenas com a carta. É preciso que ela, por exemplo, deixe claro que o produto brasileiro tem qualidade. O embaixador vai tentar entregar a carta nesta seman.
O movimento de boicote ao Carrefour no Brasil continou ganhando força nesta segunda. Empresários brasileiros apoiam o movimento de frigoríficos, que deixaram de vender carne para a rede francesa de supermercados no país.
Isso aconteceu depois de o CEO global da companhia suspender as compras do produto brasileiro na França como forma de protesto contra o avanço do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul. Agora, empresários de outros segmentos pregam a suspensão de compras em lojas brasileiras do Carrefour, uma forma de retaliar a atitude do executivo.
Empresários, Congresso e governo brasileiros pedem uma retratação. Edson Pinto, diretor-executivo da Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (Fhoresp), afirmou que seus associados começaram a aderir ao movimento que suspende compras na rede em nome da “defesa da economia nacional” e dos produtos brasileiros no exterior.
— Estão começando a aderir. Somos 500 mil empresas apenas no estado de São Paulo. Outras entidades, como no Paraná, aderiram. Monitoramos todos os comentários nas redes sociais e nas mídias, e 98% dos comentários são favoráveis à nossa ação e afirmam que vão aderir também — disse Pinto.
Na sexta-feira, a associação convocou todos a deixarem de comprar nas redes Carrefour, Atacadão e Sam’s Club, do Grupo Carrefour. “Solicitamos o engajamento e a adesão a esta campanha de boicote, mostrando a força e a união do nosso setor em defesa da economia nacional e do respeito aos nossos produtos”, diz a nota da Fhoresp.
A Abrasel, que reúne bares e restaurantes de todo país, também está organizando uma articulação de grande abrangência, com impacto direto no setor, segundo fontes.
Enquanto isso, frigoríficos como JBS, Marfrig e Masterboi também interromperam a venda de carne para o Carrefour na última quinta-feira. Oficialmente, as empresas não comentaram o caso.
Em nota, o Grupo Carrefour Brasil afirmou lamentar “profundamente a atual situação” e reafirmou a estima e confiança no setor agropecuário brasileiro. “Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade”, declarou a rede.
O Carrefour informou estar em “diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne em nossas lojas o mais rápido possível, respeitando os compromissos que temos com nossos mais de 130 mil colaboradores e com milhões de clientes em todo o Brasil”. Afirmou ainda que seguirá “trabalhando para resolver essa situação da melhor forma possível, sempre com o objetivo de atender com qualidade e excelência aos nossos clientes”.
Nesta terça-feira, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) vai se reunir com associações e empresas que fazem parte de seu conselho administrativo — e que terá entre os temas em pauta a questão envolvendo Carrefour.
No último sábado, as entidades publicaram uma carta aberta em protesto. “Se uma carne brasileira não serve para abastecer o Carrefour na França, é difícil entender como ela poderia ser considerada adequada para abastecer qualquer outro mercado. Afinal, se o Brasil, com suas práticas sustentáveis, sua legislação ambiental rigorosa e sua vasta área de preservação, não atenderia aos critérios do Carrefour para o mercado francês, então, provavelmente, não atenderia aos critérios de nenhum outro país”, afirmaram.
Na cidade do Rio de Janeiro, as lojas do Carrefour não demonstraram nesta segunda-feira impacto do corte de fornecimento de carne bovina dos frigoríficos JBS, Marfrig e Masterboi. Mas já há relatos de consumidores no país de desabastecimento de proteína animal em algumas lojas da rede.
Segundo levantamento do Globo, as lojas nos bairros Campo Grande, Tijuca e Cachambi, na capital fluminense, e de Duque de Caxias, na Baixada, ainda tinham prateleiras cheias de carnes das marcas nesta segunda-feira.
O abastecimento das carnes da JBS, por exemplo, que conta com as linhas Friboi, Maturatta e Bordon, eram 100% das carnes que estavam nos freezers do Atacadão. Nessa rede, as carnes Marfrig e Masterboi quase não foram encontradas.
Em um Atacadão que fica no bairro de Guadalupe, Zona Norte do Rio, um funcionário da Friboi, que colocava as carnes em uma prateleira chegou a dizer que o abastecimento das carnes tanto no Carrefour como no Atacadão não sofreu alterações e nem foi reduzido.
— Eu acho que é apenas uma pressão que estão querendo colocar. Porque se eles pararem de vender para o Atacadão, por exemplo, não sobra nada. Aqui 100% das carnes são da JBS e o abastecimento continua igual ao do mês passado — disse o funcionário.
O impasse é motivado por conta de um possível acordo entre União Europeia e Mercosul, previsto para acontecer até o fim deste ano, o que vem gerando manifestações na França por agricultores.
Durante a cúpula do G20 no Brasil, na semana passada, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que o país “não está isolado” em sua oposição ao estado atual do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, cuja negociação começou em 1999. Empresários e agricultores europeus temem a concorrência com produtos agrícolas do Brasil e da Argentina, principalmente.
Na última quarta-feira o CEO do Carrefour, o francês Alexandre Bompard, decidiu compartilhar em suas redes sociais que a rede varejista não compraria mais carnes vendidas pelo Mercosul, bloco formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O posicionamento, argumentou em nota feita para ao sindicato agrícola francês, era em solidariedade aos protestos dos agricultores locais contra o acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia.
Pressionado por protestos de agricultores na França, Macron é apontado como o principal obstáculo para o avanço do acordo. Durante o encontro no Rio, a Itália manifestou apoio à posição do presidente francês.
No entanto, a Comissão Europeia, com o apoio de vários países importantes do bloco, como Alemanha e Espanha, é favorável ao fechamento do acordo de livre-comércio com o Mercosul antes do fim deste ano.
Se a Comissão Europeia levar o tratado adiante sem o consenso francês, Macron precisará do apoio de outros países para bloquear a aprovação, formando a chamada “minoria de bloqueio”, que exige ao menos quatro dos 27 países da UE, desde que a aprovação fique abaixo de 65% dos integrantes.
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