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VARIEDADES

Caso Diddy: celebrides cúmplices do rapper pagaram vítimas para evitar nomeação pública, diz advogado

8 de outubro, 2024 / Por: Agência O Globo

Cantor está detido preventivamente desde 16 de setembro, sob acusação de conspiração para extorsão e tráfico sexual

Caso Diddy: celebrides cúmplices do rapper pagaram vítimas para evitar nomeação pública, diz advogado
Sean Combs, conhecido pelo seu nome artístico Diddy. Foto: Reprodução / Instagram

Algumas celebridades que correram o risco de serem envolvidas nas acusações contra Sean ‘ Diddy’ Combs, rapper conhecido como P. Diddy, fizeram acordos com as vítimas em um esforço para manter seus nomes fora dos holofotes, de acordo com um advogado do caso.

Tony Buzbee disse ao TMZ que grandes celebridades estão se esforçando em meio a preocupações de que elas mesmas possam enfrentar sérias acusações em breve. Diddy foi acusado de uma série de crimes de tráfico sexual e extorsão, com mais de 120 vítimas já se apresentando. Mas, de acordo com Buzbee, algumas celebridades conseguiram evitar a retaliação pública porque tomaram iniciativa.

“Todo mundo está focado em quais outras celebridades estavam envolvidas, quem vai ser nomeado, quem vai ser exposto. Não espero que isso aconteça esta semana”, disse ele. “Queremos ter certeza de que, se nomearmos pessoas além de Combs, faremos nossa lição de casa, porque isso criará uma tempestade de fogo, e entendemos isso. Se você estava lá na sala, participou, viu acontecer e não disse nada ou ajudou a encobrir, na minha opinião, você tem um problema.”

Buzbee prometeu processar os casos contra qualquer infrator de forma “agressiva” e disse que o escopo era amplo.

“Muitas pessoas viram essa atividade acontecendo, muitas pessoas permitiram que ela acontecesse, não disseram nada, não intervieram… todos esses indivíduos e entidades foram expostos.”

Buzbee disse que enviou cartas de cobrança a outras celebridades e pessoas importantes, em um esforço para dar a elas uma oportunidade de se estabelecerem discretamente.

“Em todos os casos, especialmente em casos como esse… porque é do melhor interesse da vítima, tentamos resolver essas questões sem abrir um processo público e já fizemos isso com alguns indivíduos, muitos dos quais você já ouviu falar.”

Buzbee já havia discutido o grande volume de ligações que ele e sua equipe receberam com reclamações contra Diddy. Das 120 pessoas que ele representa atualmente, 25 alegam que eram menores de idade na época em que foram supostamente abusadas.

Após sua prisão, todas as amizades de celebridades de Diddy foram alvo de escrutínio. Fotografias de suas festas ressurgiram, com convidados e testemunhas falando sobre a devassidão que frequentemente ocorria. Buzbee disse anteriormente que as pessoas ficariam “chocadas” com os nomes que ele ouviu durante o curso de sua investigação.

“Já é uma lista longa, mas, devido à natureza deste caso, vamos ter certeza, certeza absoluta, de que estamos certos antes de fazer isso.”

Caso Diddy

Dono de um império na música e no entretenimento, o rapper teve a liberdade sob fiança recusada e aguarda julgamento no Centro de Detenção Metropolitano, no Brooklyn, em Nova York. Ele afirma que é inocente.

“Este é um assunto importante que pretendemos perseguir agressivamente”, disse Tony Buzbee, advogado com sede no Texas. “Não deixaremos pedra sobre pedra para encontrar todas as partes potencialmente responsáveis, incluindo qualquer indivíduo ou entidade que tenha participado ou se beneficiado desse comportamento ultrajante.”

À imprensa americana, o advogado de Diddy afirmou que o rapper “está muito ansioso para contar sua história.” Marc Agnifilo afirmou que o “apenas” o rapper pode contar a própria história em tempo real. “Não sei se eu conseguiria mantê-lo fora do tribunal”, afirmou.

O advogado ainda destacou que ele “provavelmente” não aceitará um acordo com a promotoria. “Não depende de mim. Depende do Sr. Combs, e eu não vejo isso acontecendo porque ele acredita que é inocente”, disse Agnifilo.

“Ele acredita que precisa se defender, não apenas por si mesmo, mas pela sua família e por todos que foram alvo do governo federal. Ele sente uma obrigação para com essas pessoas de dizer: ‘Sabe de uma coisa? Talvez eu possa quebrar o modelo. Talvez eu possa mostrar ao mundo que um homem negro pode vencer na corte federal'”, afirmou o advogado.

Agnifilo também se manifestou sobre os suprimentos que seriam usados para cometer crimes nas festas do rapper: foram mais de mil garrafas de óleo de bebê e de lubrificante encontradas em uma busca da polícia. “Eu não acho que eram mil. Vamos apenas dizer que era muito”, disse o advogado. ” “[Diddy] tem uma casa grande; ele compra em grande quantidade”.

Quais as acusações contra Sean Diddy Combs?

O procurador dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York acusa Diddy de abusar, ameaçar e forçar mulheres e outras pessoas para satisfazer seu desejo sexual, proteger sua reputação e esconder sua conduta. Para isso, Diddy teria usado os funcionários, recursos e influência de seu império de negócios para criar uma organização criminosa cujos membros estão envolvidos com, entre outros crimes, tráfico sexual, trabalho forçado, sequestro, incêndio, extorsão, suborno e obstrução de justiça.

Quem acusa Diddy?

O texto da acusação é assinado pelo Procurador dos Estados Unidos no Distrito Sul de Nova York, Damian Williams. Primeiro homem negro no cargo, Williams foi nomeado pelo presidente americano Joe Biden em 2021. Foi ele o responsável pela acusação contra a socialite Ghislaine Maxwell, condenada em 2022 a 20 anos de prisão por recrutar e assediar meninas e mulheres para que fossem abusadas sexualmente pelo empresário Jeffrey Epstein, morto em 2019.

Há denúncias feitas por mulheres?

Os acontecimentos descritos pela acusação refletem a ação judicial iniciada no ano passado por Casandra Ventura, conhecida pelo nome artístico de Cassie, ex-namorada de Combs e artista que assinou contrato com sua gravadora, a Bad Boy. Cassie acusou Diddy de estupro, abuso físico e sexo forçado. Um dia após a ação, as duas partes afirmaram que a disputa tinha sido resolvida de forma amigável.

Nos meses seguintes à ação de Cassie, no entanto, seis mulheres entraram com ações judiciais alegando agressão sexual, e outras três entraram com acusações de má conduta sexual. Na terça (24), nova ação judicial contra Diddy: uma mulher afirma que ele e um de seus guarda-costas a drogaram e estupraram em um estúdio de gravação em 2001.

Por que ele vai aguardar o julgamento preso?

De acordo com a imprensa americana, a defesa de Diddy ofereceu US$ 50 milhões em fiança para que ele esperasse o julgamento em liberdade. Mas a Justiça decidiu que Diddy ficará preso até o julgamento por considerar seu histórico de comportamento e uso de drogas e o risco de que o rapper e empresário adulterasse os relatos de testemunhas. A decisão da Justiça por manter a prisão preventiva também diz que Diddy é um perigo para a segurança da comunidade.

As empresas de Diddy estão envolvidas no caso?

A acusação afirma que Diddy usou as sedes de seus negócios, em Nova York e Los Angeles, para realizar atos criminosos. Entre as empresas citadas pela procuradoria estão a Bad Boy Entertainment, a Combs Enterprises e a Combs Global. Essas empresas, chamadas no processo de “Combs Business”, incluem gravadoras, estúdios, marcas de roupas, negócios de bebidas, uma agência de marketing, uma rede de TV e uma empresa de mídia.

Diddy é acusado d organização criminosa?

A Procuradoria acusa Diddy de criar uma organização criminosa, na qual ele e outras pessoas (que não são mencionadas nominalmente no texto) estariam envolvidas em tráfico sexual, trabalho forçado, transporte entre estados americanos para fins de prostituição, coerção para a prostituição, crimes relacionados às drogas, sequestro, incêndio, suborno e obstrução da Justiça. Diddy seria o líder dessa organização que atua desde 2008.

Quem estava envolvido?

A acusação não menciona nomes de outros envolvidos, mas afirma que entre eles estavam integrantes da equipe de segurança de Diddy, a equipe de sua casa, seus assistentes, supervisores e outros sócios próximos ao rapper e empresário.

Qual o método da organização?

Segundo a acusação, a organização criminosa usava do prestígio de Diddy no meio musical e nos negócios para intimidar, ameaçar e atrair mulheres, muitas vezes usando um relacionamento como pretexto. Diddy então usaria a força, ameaças e coerção para fazer com que essas mulheres participassem de atos sexuais com trabalhadores do sexo. A isso Diddy teria dado o nome de “freak offs” (surto, em tradução livre).

O que eram os freak offs organizados por Diddy?

Segundo a acusação, os freak offs eram performances sexuais elaboradas e produzidas que o próprio Diddy organizava e dirigia. Ainda segundo a acusação, Diddy se masturbava durante esse atos e gravava tudo em vídeo. Os freak offs duravam dias e, para eles, Diddy e seus associados transportavam trabalhadores do sexo de outros estados americanos e até do exterior.

Drogas e substâncias controladas eram distribuídas nos freak offs para disciplinar as vítimas que, ao final, recebiam líquidos intravenosos para se recuperarem do uso de drogas e da exaustão física. Cocaína e ketamina estão entre as drogas citadas pela procuradoria.

Foram encontradas evidências dos freak offs?

Em março de 2024, uma busca realizada nas casas de Diddy em Miami e Los Angeles achou suprimentos que seriam usados nos freak offs, incluindo drogas e mais de mil garrafas de óleo de bebê e de lubrificante. Nas mesmas buscas foram encontradas armas e munição, incluindo três fuzis AR-15 com os números de série apagados. Também em março, a polícia apreendeu equipamentos eletrônicos que estavam com Diddy quando ele se preparava para embarcar no aeroporto de Miami para as Bahamas. O conteúdo desses equipamentos ainda não foi revelado.

E de outras formas de violência contra mulheres?

Em maio, a rede americana CNN publicou imagens de câmeras de vigilância em que Diddy agredie Cassie ventura fisicamente. O vídeo mostra Diddy agarrando Cassie, jogando-a no chão, chutando-a duas vezes e arrastando-a pelo corredor. Dois dias após a reportagem, Diddy postou um vídeo em suas redes sociais pedindo desculpas: “É tão difícil refletir sobre os momentos mais sombrios da sua vida, mas às vezes você tem que fazer isso”, disse Combs em seu vídeo de desculpas, que postou no Instagram. “Cheguei ao fundo do poço – mas não dou desculpas. Meu comportamento naquele vídeo é indesculpável. Assumo total responsabilidade por minhas ações naquele vídeo. Estou enojado. Fiquei enojado quando fiz isso. Estou enojado agora.”

Como tudo isso foi silenciado?

O Procurador afirma que Diddy controlava suas vítimas usando violência física, prometendo oportunidades de carreira, dando e ameaçando retirar apoio financeiro, além de rastrear seus paradeiros, controlar sua aparência e sua casa, monitorar seus registros médicos e oferecer substâncias de uso controlado. Registros em vídeo também teriam sido usados para conseguir a obediência e o silêncio das vítimas, e armas de foto eram usadas para ameaçá-las.

Qual a participação dos associados de Diddy?

A acusação afirma que os associados de Diddy na organização criminosa não apenas organizavam os freak offs – alugando quartos de hotéis, organizando suprimentos, limpando os quartos ao final, organizando viagens e contratando trabalhadores do sexo -, como também ajudavam a esconder provas da violência e dos abusos de Diddy. Também monitoravam as vítimas e as impediam de deixar o local caso precisassem se recuperar de ferimentos causados pelo rapper e empresário.

Por que ele não foi denunso ele seja julgado e condenado?

Diddy vai responder a diversas acusações. De acordo com o New York Times, a pena máxima para o crime de conspiração para extorsão é a prisão perpétua; a acusação de tráfico sexual por força, fraude ou coerção tem pena mínima obrigatória de 15 anos de prisão; e a acusação de transporte para fins de prostituição tem pena máxima de 10 anos de prisão.


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