“As nossas forças entraram hoje de madrugada em confronto com os rebeldes que tentaram atacar o comando da Região Militar do Norte de Cartum”, afirmaram as Forças Armadas em comunicado, acrescentando que houve mortos e feridos nas fileiras das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
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Em resposta aos ataques, o exército avisou os cidadãos da capital para “se afastarem dos locais dos confrontos”.
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Segundo relatos de residentes da capital do Sudão à agência de notícias EFE, este foi o “combate mais pesado” desde o início das hostilidades. As testemunhas revelaram que ouviram fortes explosões no Palácio da República e no comando geral do exército no centro de Cartum, além de combates nas ruas da área militar de Cartum Norte.
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Já os paramilitares das RSF referiram, em comunicado, que o exército sudanês violou a trégua humanitária ao atacar as suas “unidades e bairros residenciais com artilharia indiscriminada e bombardeamentos aéreos”.
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“As Forças de Apoio Rápido condenam as ações irresponsáveis dos líderes das forças golpistas e dos extremistas remanescentes do regime defunto ao violarem as tréguas humanitárias declaradas e ao atacarem as nossas forças”, afirmaram os paramilitares numa nota publicada na sua conta oficial da rede social Twitter.
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Também foram palco de confrontos as cidades de Omdurman e Bahri, apesar de estar em vigor o cessar-fogo de 4 a 11 de maio.
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“Estamos em estado de terror permanente porque os combates acontecem nos centros dos bairros residenciais. Não sabemos quando este pesadelo e o medo vão acabar”.
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Esta trégua tinha como objetivo permitir a entrada de ajuda no Sudão, que vive uma catástrofe humanitária segundo a ONU, e a fuga de estrangeiros e cidadãos que ainda se encontram no meio do fogo cruzado.
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O Governo sul-sudanês indicou igualmente que os dois líderes beligerantes, o chefe do exército, Abdelfatah al Burhan, e o comandante das RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido por “Hemedti”, deveriam aproveitar esta semana para nomear os porta-vozes das delegações para as conversações de paz acordadas.
Crise humanitária
Segundo a ONU, cerca de 100 mil pessoas já se deslocaram para os países vizinhos devido ao conflito, que causou pelo menos 550 mortos, sendo o Chade e o Egito os países que acolheram mais sudaneses.
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Na última quarta-feira (3), as Nações Unidas pressionaram as forças militares e paramilitares em confronto para que garantissem a passagem de ajuda humanitária no Sudão, depois de seis camiões terem sido assaltados e vandalizados.
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O secretário-geral da ONU apelou também à comunidade internacional para que pressione os generais em guerra, no Sudão, a pararem o conflito. De visita a Nairobi, no Quénia, António Guterres repetiu que o país enfrenta uma catástrofe humanitária.
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O responsável pela ajuda humanitária da ONU, Martin Griffiths, admitiu à Reuters que prevê ter reuniões cara a cara com asmbos os lados em conflito dentro de dois a três dias para ter garantia de que permitem a entrada de camiões de apoio humanitário.
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“É importante para mim que nos encontremos fisicamente, cara a cara, para discutir isso, porque precisamos que seja um momento público e responsável”, frisou.
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Fonte: Agência Brasil