A indefinição no PT da Bahia sobre a chapa que disputará o Senado em 2026 abriu uma brecha para a aproximação do PSD com a oposição ao governador Jerônimo Rodrigues (PT). Diante da chance de uma composição “puro-sangue” petista, o partido aliado passou a receber acenos do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União), que pretende enfrentar o petista na disputa pelo governo do estado no ano que vem.

‘O Nikolas Ferreira ajudou o PCC?’: Em post, petista tenta vincular facção a vídeo de deputado de Minas sobre o Pix

‘Jogo Político’: O jogo mental de Valdemar e Ciro Nogueira para convencer Bolsonaro a ir de Tarcísio em 2026

Até o momento, foram colocados à mesa dois candidatos petistas para compor a chapa que acompanhará novamente Jerônimo nas urnas. O primeiro deles foi Jaques Wagner, cuja candidatura à reeleição é dada como certa por parte de seus aliados. Já a segunda vaga iria para o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que abriu mão de disputar o Senado em 2022 em nome da aliança com o PSD, mas tem indicado que retomará o plano no ano que vem.

— O PT está colocando os nomes à disposição e vamos fazer um debate com todos os partidos, inclusive com o PSD, para, no final, a gente entender qual é a melhor opção — disse Tássio Brito, recém-eleito presidente do diretório estadual do partido.

O arranjo, ainda em fase de discussão, pode deixar de fora o senador Angelo Coronel (PSD), aliado do governador e do presidente Lula. O parlamentar tem expressado sua intenção de continuar no Senado.

— Não serei candidato a outro cargo. Não é nenhuma imposição, mas só ficaria na política se for para disputar a reeleição— disse o senador há duas semanas, em entrevista para a Rádio Sociedade, de Salvador. — Eu me dou muito bem com os membros do PT, são todos nossos amigos. Agora, depende também do outro lado. Não existe amizade só unilateral, tem que ser bilateral.

Sondagem

Em meio ao impasse, o senador passou a receber, desde o início deste ano, acenos de ACM Neto, que tem indicado que estaria a aberto a ter o parlamentar em seu grupo político, de olho na disputa eleitoral do ano que vem.

— A gente tem muita simpatia por Coronel. Ele é um amigo, temos conversado bastante. O desejo de estarmos juntos existe, mas não há neste momento nenhuma construção política posta na mesa — disse ACM Neto em um evento em Salvador.

Nos planos do ex-prefeito está voltar a concorrer ao governo do estado no ano que vem, repetindo o enfrentamento nas urnas com Jerônimo feito em 2022. À época, ele chegou a liderar as pesquisas, mas saiu derrotado no segundo turno. Na semana passada, ACM Neto voltou a aparecer na frente do petista no levantamento feito pela Quaest, registrando 41% ante os 34% contabilizados pelo atual governador.

— Dois princípios vão nortear a gente: primeiro, é preciso ter uma chapa competitiva para o Senado, o presidente Lula tem pedido isso da gente. Segundo, é preciso manter a unidade do grupo político, não podemos fraquejar e fragilizar o nosso projeto político na Bahia — disse o governador ao GLOBO.

Já do lado do PSD, a escolha em permanecer com o PT dependeria da estratégia nacional do partido, que tem sinalizado o afastamento do governo federal nas eleições para presidente. O presidente do partido, Gilberto Kassab, já declarou que apoiará o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se ele disputar o Planalto. Se ele optar por disputar a reeleição, o PSD ensaia lançar candidato próprio contra a reeleição de Lula.

Presidente do PSD na Bahia, o senador Otto Alencar deve bater o martelo só em março do ano que vem, segundo interlocutores. O mesmo é repetido por Jaques Wagner que, diante de especulações de que desistiria de disputar o Senado, já declarou em suas redes sociais que se mantém na disputa.

“Para bom entendedor, meia palavra basta, mas vou dizer aqui por completo: eu sou candidato à reeleição ao Senado em 2026, assim como Lula é candidato à reeleição para a presidência e Jerônimo é o governador da Bahia”, escreveu ele. “Não é hora de falar em eleição, e sim em gestão”, disse em um post de maio.

No plano federal, ACM Neto pressiona o União Brasil a desembarcar do governo Lula. O partido indicou três ministros: Celso Sabino (Turismo), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Frederico Siqueira Filho (Comunicações).

BS20250829063017.1 – https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/08/29/chapa-puro-sangue-do-pt-na-bahia-leva-a-aproximacao-entre-psd-e-partido-de-acm-neto.ghtml